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Gravidez de risco: saiba o que fazer

Colaboração
O diagnóstico da gravidez de risco traz consigo muitas dúvidas. Que tipo de cuidados deve a mãe ter? E como pode ter a certeza de que o bebé ficará bem? O Dr. António Braga, especialista em Ginecologia e Obstetrícia e subespecialista em Medicina Materno-fetal, do Hospital Lusíadas Porto, explica-lhe o que fazer no caso de se encontrar nesta situação.

Como se caracteriza a gravidez de alto risco?  

Numa gravidez de risco, a probabilidade de a mãe ou o bebé terem algum problema de saúde antes, durante e depois do parto, é significativamente maior do que na população geral.

A gravidez de risco clínico pode desenvolver-se devido à existência de alguma patologia médica prévia, ou pode aparecer com o desenvolvimento de algum problema de saúde com a mãe ou com o feto durante a gravidez.

Que fatores influenciam o desenvolvimento da gravidez de risco?

•    Idade
Grávidas com mais de 35 anos têm maior probabilidade de desenvolver uma gravidez de risco. 
•    Estilo de vida
Existência de hábitos nocivos como tabagismo, alcoolismo, ou consumo de drogas. 
•    Alterações de peso: Obesidade e magreza extrema
O excesso de peso ou a sua antítese podem causar problemas ao desenvolvimento saudável da gravidez. 
•    Doenças crónicas
Hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, epilepsia, asma, doença da tiroide, patologias autoimunes, entre outras. 
•    Complicações durante a gravidez
Alguns problemas de saúde que se desenvolvem durante a gravidez podem estar na origem do diagnóstico de gravidez de risco. São exemplo a localização anormal da placenta, o crescimento insuficiente do feto/percentil de crescimento baixo, elevação das tensões arteriais da mãe de novo na gravidez, contractilidade uterina precoce com risco de parto prematuro, entre outras;
•    Gravidez com mais do que um feto (Gémeos, etc.) 
A gravidez múltipla aumenta de uma forma global praticamente todos os riscos associados à gravidez, tanto para a grávida como para os fetos. 
•    Gravidez(es) anterior(es) ou tentativa(s) de gravidez(es) anterior(es)
O histórico obstétrico da grávida é também um fator determinante. Antecedentes de parto prematuro, filhos prévios com restrição de crescimento ou patologia genética, antecedentes de vários abortos espontâneos, entre outros, são exemplos de antecedentes que aumentam o risco de complicações numa gestação subsequente. É essencial estabelecer uma relação de confiança com a doente, para que esta se sinta à vontade para contar todo o seu historial anterior – algo que muitas vezes pode ser difícil a nível emocional e psicológico.

O que pode fazer a mulher durante uma gravidez de risco?

O diagnóstico de uma gestação de risco associa-se à necessidade de uma vigilância mais apertada da gravidez, com a necessidade do seguimento de protocolos específicos dirigidos às patologias subjacentes. Assim, quando a causa para uma eventual gravidez de risco existe previamente à gestação, é essencial a realização de uma consulta pré-concecional para que o plano terapêutico e de vigilância adequado a cada situação clínica específica seja efetuado antes da conceção. Este é o momento ideal para minimizar riscos e permitir o melhor desenvolvimento possível do futuro feto. Quando a patologia é especifica da gravidez e aparece no decurso da mesma, o seguimento dos respetivos protocolos e o acompanhamento por uma equipa experiente é essencial para garantir o melhor desfecho possível.

O que fazer para ter uma gravidez saudável?

O diagnóstico de risco existe para maximizar as hipóteses de ter uma gravidez saudável, mesmo em casos como os descritos anteriormente. 
A prevenção é a melhor aliada da grávida. O investimento na preconceção é algo que ainda falha recorrentemente nas nossas grávidas, mas é efetivamente o primeiro e mais importante passo para conseguir ter uma gravidez feliz. Antes de engravidar, é recomendado que se marque uma consulta com um profissional de saúde para se começar a planear uma gravidez futura com saúde. 

Consulta de planeamento da gravidez 

Nesta consulta, vai poder falar de questões como:
- Avaliação global da sua saúde com análise do historial médico pessoal e familiar;
- Atualização dos programas de rasteio adaptados ao seu caso;
- Rever a importância da suplementação pré-natal;
- Discutir a saúde do parceiro e a história familiar deste;
- Adaptar medicação crónica e adaptá-la à gravidez; 
- Atualizar plano de vacinação;
- Avaliar e implementar mudanças de estilo de vida: parar de fumar, perder ou alcançar um peso saudável;
- Se necessário introduzir meios contracetivos para permitir a gravidez na altura ideal à sua saúde.
Poderão existir outros temas importantes que ajudarão a prevenir o desenvolvimento de problemas durante a gravidez. 

Quais os sinais de alerta numa gravidez de alto risco?

Numa gravidez de risco, a grávida deve estar atenta a estes sinais, e contactar um profissional de saúde o mais rapidamente possível: 
•    Sangramento vaginal;
•    Corrimento vaginal;
•    Pouca atividade/movimento fetal (menor que o habitual);
•    Mudanças na visão;
•    Vómitos e náuseas após o primeiro trimestre;
•    Dor ou sensação desconfortável a urinar;
•    Inchaços súbitos do rosto, mãos ou dedos;
•    Dores de cabeça fortes;
•    Dores ou cólicas na área do abdómen ou região pélvica;
•    Fraqueza;
•    Cansaço extremo;
•    Tristeza persistente;
•    Pensamentos negativos.

Considerações finais: questões frequentes em consulta

Numa gravidez de risco, a grávida deverá ter o máximo cuidado e seguir o plano de vigilância e terapêutico que foi adaptado à sua saúde pela equipa que a vigia. A abstinência laboral e a suspensão do exercício físico não são necessárias por rotina, existindo inclusivamente evidência científica recente que manter uma atividade física regular durante toda a gravidez reduz o risco de complicação obstétricas como a patologia hipertensiva. No entanto, estas recomendações gerais podem mudar no decurso da gestação e devem sem adaptadas caso a caso.

E lembre-se, o ideal em obstetrícia para garantir a melhor saúde do seu bebé é manter-se saudável adaptando estilos de vida saudáveis com uma alimentação adequada, exercício físico regular e abstinência de hábitos nocivos como o tabagismo. 

Quando existe patologia prévia, não desespere. Atualmente o conhecimento existente permite que praticamente todas as mulheres tenham a possibilidade de engravidar e ter um bebé saudável. Aqui o importante é fazer uma avaliação pré-concecional atempada e completa para adaptar à sua condição o melhor esquema de vigilância, e assim também conhecer atempadamente os riscos associados à sua futura gravidez. 
 

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