7 conselhos para quem toma insulina
A diabetes é uma doença crónica em que o valor da glicose no sangue está elevado. E isto pode acontecer por não haver insulina ou porque a ação desta não é eficaz. A insulina é uma hormona, produzida pelas células pancreáticas, que funciona como uma chave. Ela abre a fechadura e permite que a glicose passe da corrente sanguínea para as células para os seus processos metabólicos, como explica Isabel Torres, endocrinologista do Centro Multidisciplinar de Diabetes do Hospital Lusíadas Porto.
Pode acontecer, como na diabetes tipo 2 (DM2), que essa chave não seja eficaz e que não se verifique a passagem normal da glicose, o que faz com que esta se eleve no sangue. Isto pode causar complicações a curto prazo (agudas) ou a médio e longo prazo (crónicas), mas que são evitáveis se as glicemias forem controladas.
Quando tomar insulina?
A administração de insulina (que hoje ainda é administrada de forma injetável, mas decorrem já ensaios para que possa ser oral, nasal, por aerossóis ou transdérmica) pode ser a solução, dependendo do tipo de diabetes.
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Diabetes tipo 1 (DM1)
É uma doença autoimune de causas desconhecidas. Pode ser uma infeção vírica, por exemplo, que funcione como gatilho para que o organismo produza anticorpos que destroem as células beta do pâncreas produtoras de insulina. Surge, geralmente, em crianças e jovens pelo que os pais devem estar atentos a alguns sinais: o filho pode ter DM1 se começou a urinar muito (por exemplo, já não fazia xixi na cama e volta a fazer), se começou a beber muita água, se emagreceu e se sente muito cansado e se o rendimento escolar diminuiu.
Já foi chamada diabetes insulinodependente pelo que a terapêutica com insulina é obrigatória. Recomenda-se a toma de insulina basal, de longa duração de ação (cerca de 24 horas), e de múltiplas injeções de ação rápida ou curta, antes das refeições.
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Diabetes tipo 2 (DM2)
Ao contrário da DM1, este tipo de diabetes pode ser prevenido já que, cerca de 80% dos doentes, são obesos. Também está relacionada com o sedentarismo, mas pode haver uma predisposição genética. Neste tipo de diabetes, é como se a chave estivesse na fechadura, mas não a conseguisse abrir: o pâncreas produz insulina, mas não deixa entrar a glicose nas células. A administração de insulina, apesar de frequente, não é obrigatória.
Pode ser, contudo, necessária para manter os níveis de glicose controlados, mas num esquema menos intensivo que na diabetes tipo 1. Quando combinada com medicamentos (os antidiabéticos orais), a pessoa poderá ter de administrar insulino-terapia, que numa fase inicial poderá ser de ação lenta ao deitar, para controlar a produção noturna de glicose pelo fígado.
A terapêutica por insulina na diabetes tipo 2 pode ser transitória. Caso a pessoa deixe de ser obesa, mude o seu estilo de vida, faça exercício com regularidade, pode voltar a estar controlado apenas com comprimidos.
7 Conselhos Práticos
1. Faça refeições regulares
Faça refeições regulares, tanto em horário (não salte refeições: se janta às 20h, não o faça às 23h porque pode gerar oscilações na glicemia), como em conteúdo (não coma feijoada num dia e apenas sopa no outro porque representa uma ingestão de hidratos de carbono muito diferente o que gera instabilidade na glicemia).
2. Tenha sempre um alimento consigo
Tenha sempre um alimento (uma fruta, um pacote de açúcar, um snack, bolachas — as de chocolate ou com recheio são desaconselhadas) consigo. Não se esqueça que é mesmo obrigatória caso realize exercício físico e que não pode fazê-lo caso a diabetes não esteja controlada (com glicemias acima dos 300).
3. Evite administrar a insulina sempre no mesmo local
Rode o local da injeção dentro de uma mesma zona para que não haja acumulação ou falta de gordura (lipodistrofia) que tornem a absorção de insulina irregular. Por exemplo, deve imaginar uma linha na coxa da parte inferior até à superior e faça as injeções nessa linha. Depois, idealize outra linha mais para a direita ou para a esquerda e faça o mesmo. Administrar a insulina sempre no mesmo local é um dos erros mais frequentes.
Outro é injetar-se num dia na coxa e no outro no abdómen. Varie na mesma zona. Caso opte pelo abdómen, a injeção deve estar pelo menos dois dedos afastada do umbigo. E, se vai fazer exercício físico, não administre insulina na coxa porque este potenciará a sua absorção mais depressa.
4. Não massaje a zona da injeção
5. Acondicione bem a insulina de reserva
Guarde a insulina de reserva (isto é, a que está na caixa e não está a ser utilizada) num local fresco e seco. A parte inferior da porta do frigorífico é o ideal já que não deve estar a menos de 4 ºC.
6. Não confunda as canetas injetoras
Não confunda as canetas injetoras. Elas têm cores diferentes para indicar que contêm insulinas diferentes. Não pode haver enganos.
7. Se viajar leve sempre a insulina na bagagem de mão
Quando viajar leve sempre a insulina na bagagem de mão, não só porque se pode extraviar, como se pode estragar devido à temperatura muito baixa do porão.
Principais complicações
A retinopatia (diminuição da visão) é um dos problemas mais comuns, daí que um doente diabético deva consultar um oftalmologista anualmente. Também os rins (a nefropatia) podem diminuir a sua função até à paralisação. Pode haver uma perda de sensibilidade, eventualmente associada a alterações vasculares.
A pessoa com diabetes pode não sentir dor, pelo que não se aperceberá de uma ferida (ocorre por norma nos pés, daí que se chame pé diabético) cuja cicatrização é mais difícil.
Para prevenir lesões deste género, deve-se observar os pés todos os dias; ter sapatos confortáveis, que têm de ser trocados com frequência; verificar se os sapatos têm areias, que possam causar feridas; usar meias sem costuras; evitar andar descalço; nunca tirar calos em casa e cortar as unhas a direito para não encravarem.
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