O que deve saber sobre doenças cardiovasculares
Reconhecido como um órgão essencial à vida, o coração é um músculo especializado que bombeia o sangue para todo o corpo e que assegura que existam sempre nutrientes e oxigénio suficientes para que o organismo funcione de forma eficiente. Mas nem sempre tudo se desenrola em harmonia. Por exemplo, sabe-se que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal.
Em 2014, só o acidente vascular cerebral isquémico representou 20 mil episódios e 250 mil dias de internamento, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
“Quando se fala de doenças cardíacas, a que mais preocupa é a doença das artérias coronárias, que se podem manifestar por angina de peito, enfarte do miocárdio e mesmo morte súbita”, começa por referir Francisco Morgado, cardiologista do Hospital Lusíadas Lisboa, referindo, a propósito, que os fatores de risco da doença coronária estão bem identificados: “O tabagismo, a hipertensão, a diabetes, o colesterol, o excesso de peso, o sedentarismo, são os principais. Tudo o que contribua para que sejam reduzidos é importante na prevenção e na tentativa de evitar o enfarte do miocárdio e outras manifestações de doença coronária”, atesta.
Controlar a pressão arterial para antecipar doenças cardiovasculares
Um outro aspeto relevante das doenças cardíacas tem que ver com a parte elétrica do coração, cujos problemas podem causar arritmias. “É uma situação a que agora se está mais atento, porque embora sabendo que a maior parte das arritmias são benignas existem as que são responsáveis pelo acidente vascular cerebral”, lembra o cardiologista, destacando a arritmia da fibrilação auricular que resulta de uma irregularidade, “uma espécie de caos elétrico das aurículas”, que pode resultar na formação de coágulos dentro do coração.
Como tal, assevera: “É preciso estar muito atento aos problemas do ritmo cardíaco e aconselho as pessoas que quando fazem o controlo da pressão arterial fiquem atentas também à frequência cardíaca. Se se verificar uma frequência cardíaca superior a 100, em repouso, é motivo de alerta e deve-se procurar um médico.” Francisco Morgado destaca ainda que as arritmias aparecem em contextos diferentes: “Ou porque há alterações estruturais do coração, quando há doenças de base, ou num coração aparentemente normal aparecem como um problema elétrico primário”, afirma, ressalvando porém que todas estas situações são tratáveis através de intervenções ou com recurso a terapêutica.
Morte cardíaca súbita: uma das grandes preocupações
A morte súbita cardíaca é, em geral, uma das grandes preocupações dos doentes. O cardiologista aconselha: “A prevenção passa muito pela prevenção do próprio enfarte, porque na maioria dos casos está associada à doença coronária”, afirma, lembrando, porém, que existem casos de morte súbita ligados a doenças hereditárias e que essas, por vezes, são difíceis de diagnosticar. “Sucedem em pessoas à partida saudáveis como os atletas. Estão relacionadas com doenças do músculo cardíaco ou com distúrbios primariamente elétricos do coração, e tal pode provocar arritmias fatais”, refere.
Degenerescência da válvula aórtica é uma das doenças mais comuns
Por último, Francisco Morgado refere ainda as doenças valvulares. A mais frequente é a degenerescência da válvula aórtica nas pessoas idosas. Para tal, o cardiologista aponta o tratamento inovador: “Pessoas com risco cirúrgico grande podem ser tratadas com uma válvula que se implanta pela pele, por um modo minimamente invasivo, por cateterismo cardíaco através das artérias da perna.”
O médico deixa, por fim, alguns cuidados a ter para o bom funcionamento do coração: “Ouvimos estes conselhos a toda a hora, mas são mesmo essenciais: a alimentação regrada é fundamental para um coração saudável; não fumar é absolutamente importante e fazer exercício moderado sem dúvida.”
Fatores de risco
As doenças cardiovasculares estão associadas a um conjunto de fatores de risco. E se a hereditariedade, o sexo ou a idade são fatores que não podem ser modificados, é possível combater outros como o sedentarismo, a hipertensão, o tabagismo, o stresse, a obesidade, a diabetes e a dislipidemia.
Estes fatores de risco podem ser controlados com medidas de estilo de vida saudável e também com recurso a medicamentos. O diagnóstico precoce de qualquer das doenças cardiovasculares é determinante. Quanto mais cedo se avaliar o risco, maiores as possibilidades de impedir o aparecimento ou agravamento da doença cardiovascular.
Sinais de alarme
É importante saber identificá-los: agir imediatamente pode salvar vidas.
Sintomas de ataque cardíaco:
- Desconforto no centro do peito, tal como pressão, dor ou aperto;
- Sintomas mais atípicos: dores no braço, no pescoço ou estômago; falta de fôlego, náuseas, vómitos ou suores frios.
Sintomas de Acidente Vascular Cerebral (AVC):
- Entorpecimento, formigueiro ou fraqueza na cara, braço ou perna, especialmente se for apenas num dos lados do corpo.
- Sensação de confusão, dificuldade em andar, equilibrar-se ou coordenar movimentos.
- Fortes dores de cabeça.