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Quando ir às urgências? Aprenda a fazer a escolha certa.

O que caracteriza, afinal, um caso urgente? Quando deve dirigir-se às urgências e quando é mais indicado procurar cuidados de saúde primários? Descubra como identificar cada situação e tomar a decisão mais adequada neste artigo com a colaboração da Dra. Sofia Lourenço, Coordenadora do Atendimento Urgente de Adultos do Hospital Lusíadas Lisboa.

A elevada afluência às urgências hospitalares de casos de baixa gravidade e que não necessitam de cuidados imediatos aumenta o tempo de espera e compromete a capacidade de resposta a situações realmente críticas. Este é um dos maiores desafios para a saúde em Portugal, que, segundo o relatório Health at a Glance 2023, lidera a procura por serviços de urgência entre os países da OCDE.

O que é considerado uma urgência médica?

Uma urgência médica é uma situação crítica que representa uma ameaça à saúde, exigindo atenção clínica imediata para evitar o agravamento da condição do doente.
No caso específico de bebés, idosos ou doentes portadores de doença crónica estas situações podem ser ainda mais graves.

Exemplos de condições que devem determinar a ida à urgência:

1.    Perigo de vida: se os sintomas apresentados colocarem em risco a vida do paciente ou de outra pessoa, estamos perante uma emergência médica e não uma urgência. Nesses casos, deve contactar-se imediatamente o número de emergência médica 112.
2.    Cortes profundos: feridas de pequena ou média dimensão que não param de sangrar, mesmo com pressão, ou que necessitam de intervenção médica para a cicatrização.
3.    Lesões na zona da cabeça: traumatismos que devem ser avaliados imediatamente por um médico, especialmente se houver perda de consciência ou náuseas associadas.
4.    Queimaduras severas: que afetam a face, mãos, pés, genitais, articulações ou uma área extensa do corpo, que formem bolhas ou deixem a pele aberta.
5.    Convulsões: principalmente se estes episódios forem repentinos e prolongados.
6.    Dificuldade respiratória: quando há uma grande dificuldade em respirar. 
7.    Dor intensa: quando há uma dor aguda e súbita, especialmente na região abdominal ou no peito.
8.    Perda de consciência ou desmaios prolongados: quando dura mais do que alguns segundos e a pessoa não recupera a consciência rapidamente.
9.    Sinais de AVC: fraqueza ou paralisia num dos lados do corpo, dificuldade em falar, perda de parcial ou total de visão e falta de equilíbrio.
10.    Gravidez: dor abdominal acompanhada de tonturas, sangramento intenso ou outros sinais como confusão, agitação ou falta de oxigénio.
11.    Reações alérgicas graves (anafilaxia): inchaço da língua, garganta e/ou lábios, acompanhado de dificuldade em respirar.

Outras situações, sendo menos urgentes e não existindo risco de vida, podem necessitar de observação imediata. Alguns exemplos:

1.    Entorses ou distensões musculares; 
2.    Dores ligeiras: seja de cabeça, garganta, barriga, etc.; 
3.    Pequenas hemorragias e cortes; 
4.    Tosse persistente; 
5.    Febre; 
6.    Náuseas, diarreia ou vómitos alimentares; 
7.    Comichão ou alteração na pele; 
8.    Alteração da pressão arterial sem outros sintomas.

Como é determinado o nível de emergência?

O nível de emergência é determinado na chegada ao hospital, geralmente através de uma triagem realizada por um enfermeiro. Durante este processo, são analisados o historial clínico, os sintomas e alguns sinais vitais do doente. Com base nessas avaliações, os serviços estabelecem prioridades de atendimento, assegurando que os doentes com condições mais graves são atendidos primeiro.

Em Portugal, o protocolo de triagem utilizado é o Protocolo de Manchester, um sistema que classifica a urgência em cinco cores, com base em diversos critérios e discriminadores. Este protocolo também define os tempos de espera ideais para cada situação, garantindo que os pacientes recebam o atendimento adequado de acordo com a gravidade dos seus sintomas.

  • Vermelho: emergência, necessita de atendimento imediato (tempo espera: 0 minutos).
  • Laranja: muito urgente, necessita de atendimento praticamente imediato (tempo de espera: 10 minutos).
  • Amarelo: urgente, necessita de atendimento rápido, mas pode aguardar (tempo de espera: 60 minutos).
  • Verde: pouco urgente, pode aguardar pelo atendimento ou ser encaminhado para outros serviços de saúde (tempo de espera: 120 minutos). 
  • Azul: não urgente, pode aguardar pelo atendimento ou ser encaminhado para outros serviços de saúde (tempo de espera: 240 minutos).

O que fazer se não tiver a certeza de como agir?

É natural que perante a existência de alguns sintomas e sem a perceção da sua gravidade, surjam dúvidas sobre a melhor forma de agir. 

  • Ligue para a linha 112 perante uma situação grave ou de risco de vida.
  • Ligue para o SNS 24 – 808 24 24 24 – perante um problema de saúde não emergente ou contacte a Linha de Saúde Lusíadas (21 770 41 16). Este é um serviço gratuito de avaliação clínica por telefone, realizado por enfermeiros qualificados e experientes, disponível todos os dias, das 8h às 24h. 

Após a avaliação inicial, a equipa de enfermagem irá encaminhá-lo para o canal de atendimento mais adequado à sua situação clínica:

  • Unidades de Atendimento Urgente
  • Consultas sem Marcação
  • Teleconsulta SOS Adultos
  • Atividade Programada: Consultas ou Teleconsulta de Especialidade
  • Indicação para autocuidados


Lembre-se de que as urgências hospitalares devem ser utilizadas apenas em situações de verdadeira necessidade. Sempre que possível, recorra às alternativas disponíveis, contribuindo para um atendimento mais eficiente e seguro para todos. Este pequeno gesto pode ter um grande impacto e ajudar a salvar vidas.

Colaboração da Dra. Sofia Lourenço, Coordenadora da Unidade de Atendimento Urgente de adultos do Hospital Lusíadas Lisboa
 

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