Educar: o que é mais difícil em cada idade?
Procurámos conselhos nos livros de dois pediatras para ajudar a educar crianças complicadas: a espanhola María Jesús Álava Reyes e a sua obra: "O Não Também Ajuda a Crescer"; e Michael Winterhoff, com "Porque é Que os Nossos Filhos Se Tornam Tiranos?". Perguntámos: quando se trata de educar, o que é mais difícil de resolver em cada idade?
Dos 3 aos 6 meses
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Vai do riso às lágrimas num curto espaço de tempo – os pais devem mostrar com paciência que tudo está bem.
Dos 9 aos 12 meses
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Percebe e absorve o estado emocional dos adultos que a rodeiam. Aprende a arte da manipulação e de como conseguir o que quer;
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Não pára quieta enquanto estiver acordada. Quando não for possível dar-lhe toda a atenção desejada, é preciso relativizar e introduzir a criança na difícil tarefa de lidar com a frustração.
Aos 1-2 anos
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Quer ter todas as suas necessidades satisfeitas e já;
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A criação de rotinas (sono, refeições, atividades) ajuda a dar-lhe segurança e a saber o que esperar e quando;
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Precisa de limites justos e claros;
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Surgem as birras: identificar a causa (cansaço, fome, medo, expectativas goradas) e lidar com elas com paciência, compreensão e firmeza;
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Podem surgir problemas com a comida como forma de ter a família à sua volta;
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Ainda não é sociável e tem dificuldade em partilhar;
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Surgem as mordidelas, mas – apesar de se dever enfatizar que é um comportamento errado e que não deve ser repetido – passam em poucos meses.
Aos 2-3 anos
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O "não" é a palavra favorita, pois está na fase da autoafirmação;
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Parece já madura, mas está muito dependente da mãe (a chamada fase "mãezite aguda") e controla pouco os seus impulsos, pelo que há guerras que não vale a pena começar. O desafio de educar, neste caso, passa por reorientar a sua conduta e acalmar as suas insatisfações com serenidade, sentido de humor e criatividade, é uma boa receita.
Dos 3 aos 6 anos
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Torna-se mais autónoma, embora por vezes manifeste algumas regressões quando não sabe como solucionar pequenos conflitos. Tem uma energia inesgotável…exceto quando se esgota e "cai para o lado";
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Surgem os medos (do escuro, de animais). À noite, os pais podem ajudar a acalmar, mas devem sair do quarto antes de a criança adormecer;
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São feitas perguntas difíceis às quais se deve responder com simplicidade, mas sem mais explicações do que as pedidas;
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Por volta dos 5 anos mostra condutas agressivas. Deve atuar-se de forma imediata e evitar que consiga os seus objetivos por esse meio.
Dos 6 aos 9 anos
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Continua a precisar da estabilidade que as normas lhes dão, embora procure contorná-las. Com calma e segurança, é preciso fazer com que as cumpra;
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Impulsiva e impaciente precisa que as coisas sejam tornadas simples, coerentes e que se cumpra a palavra dada;
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Fará perguntas sobre sexualidade e as respostas devem ser claras mas simples, adaptadas à sua capacidade de compreensão.
Entre os 9-12 anos
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Luta pela sua independência e os amigos adquirem maior importância;
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Questiona a autoridade dos pais, mas necessita a sua aprovação e apoio. Precisa de uma resposta tranquila, descontraída e, quando for necessário, flexível. Mas não devem confundir-se explicações com negociações.
Entre os 12-15 anos
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Ocorrem mudanças biológicas e na relação da criança consigo, com a família e com o restante meio envolvente;
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Desenvolve a capacidade analítica e de raciocínio tomando decisões nem sempre realistas ou seguras. Toma posições rígidas e extremas;
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A atenção torna-se dispersa e tenta realizar várias tarefas em simultâneo, o que nem sempre corre bem;
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Atravessa um período de grandes convulsões internas e de contradições: julga os pais de forma implacável, mas continua a precisar da sua segurança, estímulo e suporte afetivo.
Educar: desafios a partir dos 15 anos
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Atinge a maturidade sexual, mas não a psicológica, o que provoca conflitos;
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Sente-se desconcertada, incapaz de reagir e com baixa auto estima;
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O seu objetivo é aprender a viver, aos pais só resta acompanhá-la e ajudá-la no que conseguirem;
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Quando há apoio e coerência entre o que se diz e o que se faz da parte dos adultos, consegue-se o seu respeito, compreensão e aproximação.