Há cáries nos dentes de leite
Os dentes de leite são mais frágeis e mais sensíveis ao surgimento das cáries. É importante ter cuidado com eles mesmo antes de nascerem. Isso fará com que na idade adulta a manutenção seja mais fácil. O medo de ir ao dentista começa a ser agora mais um mito do que uma realidade.
As novas tecnologias, as anestesias e o cuidado precoce com os dentes facilitaram a tarefa, mas ainda é preciso passar essa informação aos mais novos e não usar a ida ao dentista como uma ameaça ou castigo. Explicar a necessidade é o melhor caminho. O médico José Carlos Pinto Correia, coordenador da Clínica HeyDoc Alto dos Moinhos, explica tudo o que há a saber sobre cáries nos dentes de leite. A partir de agora não há desculpas.
Os dentes de leite, sobretudo os molares, são mais vulneráveis a cáries?
Os dentes de leite são semelhantes aos permanentes, mas apresentam algumas diferenças, tais como o número, a forma, o tamanho e a cor. Em acréscimo, o esmalte e a dentina são mais finos e menos mineralizados e, por isso, mais suscetíveis ao aparecimento da cárie dentária.
Os molares [sofrem mais], devido à sua forma irregular com sulcos e fissuras, que permite a acumulação de restos alimentares. Além disso, como se localizam mais atrás, têm a higiene dificultada.
Como surgem as cáries?
A cárie dentária é uma doença transmissível e infecciosa de origem bacteriana. As bactérias presentes na cavidade oral metabolizam os açúcares dos alimentos produzindo ácidos que desmineralizam a superfície dos dentes, levando à formação da cárie dentária.
Quais são os primeiros sintomas?
A cárie dentária é uma doença assintomática numa fase inicial. O primeiro sinal clínico é a presença de uma mancha esbranquiçada e opaca no esmalte dentário que pode progredir para a formação de uma cavidade.
O primeiro sintoma é a hipersensibilidade dentária, mas nem todos os pacientes se queixam do mesmo. A dor corresponde a um estado avançado da doença.
A partir de que idade devem as crianças visitar o dentista? E com que frequência?
A cárie dentária pode afetar os dentes dos mais pequenos, inclusive dos bebés. Por essa razão, recomendaria que a primeira consulta seja realizada logo a seguir à erupção dos primeiros dentes de leite – por volta de um ano de idade.
O aconselhamento precoce sobre os cuidados alimentares e a higiene oral dos bebés são fundamentais para a prevenção da cárie dentária. Para os mais crescidos, as consultas deverão ser periódicas, entre seis e doze meses de intervalo, consoante o risco de cárie das crianças.
A saúde oral dos pais determina a dos filhos?
Sim, na atualidade sabemos que a saúde oral das crianças está associada à dos pais. Portanto, é fundamental que os pais mantenham hábitos regulares de higiene oral e visitas periódicas ao dentista para que a família seja saudável. Além disso, é importante que a última escovagem do dia seja orientada pelos pais.
Dicas a passar aos pais para que os filhos não tenham medo do dentista.
Explicar aos mais pequenos a importância de cuidar dos dentes por um médico especialista no assunto contribui para diminuir a ansiedade das crianças. A companhia dos pais ou dos irmãos mais velhos durante uma visita ao dentista ou estomatologista permite aos mais pequenos perceber os procedimentos dentais durante uma consulta e favorece a colaboração aquando a sua vez.
A selagem dos dentes molares é aconselhada e evita mesmo as cáries?
O selante é um material resinoso aplicado sobre a superfície dentária dos dentes recém erupcionados de forma a prevenir o aparecimento de cárie dentária. Normalmente, o uso dos selantes está recomendado aos primeiros molares permanentes devido à sua anatomia que favorece a acumulação dos alimentos.
Estes dentes surgem por volta dos seis anos de idade. Para o tratamento ser mais eficaz, os selantes devem ser avaliados em consultório periodicamente.
Quais os procedimentos dentários mais comuns nas crianças (até aos 16 anos)?
Os tratamentos dentários em crianças e jovens são semelhantes aos dos adultos, mas com as necessidades próprias desta população em constante crescimento e desenvolvimento.
Os procedimentos mais frequentes são a prevenção das cáries, instrução sobre hábitos de higiene oral, alimentação saudável e aplicação profissional de pensos, restauração de dentes, devido à presença de cáries e o tratamento de ortodontia para a correção de má oclusão.
Em crianças mais complicadas nos tratamentos defendemos o uso de um sedativo (por exemplo do grupo dos ansiolíticos) como forma de diminuir a ansiedade da criança e permitir comunicação. Em crianças difíceis, exigindo uma abordagem específica, aconselhamos a sedação. Todavia, a decisão final sobre a realização de tratamentos é dos pais e, se estes não estão de acordo, não há nada a fazer.
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Revisão Científica
Dr. José Carlos Pinto Correia
Coordenador da Unidade de Estomatologia