O que é a pericoronarite
A pericoronarite é uma inflamação do tecido gengival que recobre parcialmente um dente, que aparece tanto em homens como mulheres, sendo prevalente entre os 16 e os 30 anos. “É uma infeção dos tecidos moles em redor da coroa de um dente que está parcialmente erupcionado. Pode ocorrer em qualquer dente, mas ocorre com mais frequência nos terceiros molares mandibulares (dentes do siso inferiores)", explica Margarida Almeida Lima, médica dentista na Clínica HeyDoc Amoreiras.
Causas
A causa principal é a presença de um dente parcialmente erupcionado.
Outras causas podem ser:
- Quando existe um sulco profundo entre a coroa dos dentes e a gengiva, desenvolve-se uma zona propícia à acumulação de placa bacteriana e consequente colonização bacteriana. "Estas são bactérias que não precisam de oxigénio para viver e que encontram nesse espaço (folículo) uma excelente ‘estufa’ para o seu crescimento, protegidas, com nutrição e calor adequados bem como a ausência de oxigénio e de luz”, diz.
- Pode haver um trauma dos tecidos moles que recobrem a coroa do dente inferior, normalmente provocada pelo antagonista (dente de cima) ou pela própria mastigação.
- A pericoronarite também pode resultar da difícil higienização da zona.
Sintomas
A pericoronarite pode classificar-se em aguda ou crónica e os sintomas diferem.
Na pericoronarite aguda, os sintomas são os seguintes:
- Quando a pericoronarite se desenvolve no terceiro molar mandibular (dente do siso inferior), a dor inicia-se de forma repentina e tem uma progressão rápida. "A intensidade da dor é de moderada a forte e pode difundir-se para a zona do ouvido, cabeça e garganta, uma dor difusa" explica.
- Pode ocorrer disfagia, que é a dificuldade em engolir, acompanhada, por vezes, de dificuldade em abrir a boca (trismus) e mastigar.
- Outros sintomas são: a presença de pus, halitose (mau hálito) e, à palpação, adenopatias cervicais (gânglios linfáticos com tamanho, número ou consistência anormal na zona cervical).
- Em caso de evolução, pode haver também febre e mal-estar.
- Em casos mais graves, há edema disseminado para a zona submandibular e pescoço, possível dificuldade respiratória e necessidade de intervenção em meio hospitalar.
Por outro lado, a pericoronarite crónica ocorre em caso de um abcesso (uma acumulação de pus) por drenar.
O principal sintoma é uma dor que não é tão intensa como na pericoronarite aguda, intercalada por períodos de ausência de dor.
Tratamento
O tratamento consiste na limpeza da zona, irrigando com uma solução que contenha clorohexidina, que é um antissético para desinfeção.
Pode optar-se por fazer drenagem do pus. "Nem sempre se faz porque muitas vezes nem se consegue tocar. A pessoa sente tanta dor e desconforto que nem sempre é possível", esclarece.
É prescrito um antibiótico, analgésicos, anti-inflamatórios, sprays anestésicos e desinfeção adequada com solução que contenha clorohexidina.
Uma vez passada a fase aguda, há que fazer nova avaliação e o tratamento difere:
“Pode fazer-se extração do dente em questão, erradicando o problema.”
Se não for um dente que seja para ser retirado, seja por motivos ortodônticos ou outros, pode fazer-se uma ulectomia. “É a remoção desse tecido que está por cima da coroa do dente, deixando que o dente erupcione na cavidade oral mas já sem infeção associada, neste caso, o acompanhamento deve ser realizado e a higiene oral redobrada”, diz.
Quando o antagonista (dente de cima) é o causador do trauma, a solução é a sua remoção.
Prevenção
Não há propriamente uma prevenção em relação à pericoronarite, mas há medidas que se podem tomar para controlar a sua evolução. “Ir ao dentista regularmente, fazer raio x para a situação andar controlada, para além de uma boa higiene oral na zona”, conclui.