Lombalgia: a dor mais comum em Portugal
Sabendo que 80% da população tem um episódio de lombalgia pelo menos uma vez na vida, falámos com José Caseiro, especialista da Unidade de Tratamento da Dor do Hospital Lusíadas Lisboa. O também coautor do Plano Nacional da Luta contra a Dor trata diariamente de doentes com esta sintomatologia. “Os indicadores disponíveis apontam para que 150 mil portugueses possam sofrer de lombalgia, que é mais frequente nas mulheres, principalmente depois dos 40 anos, mas muito mais prevalente a partir dos 60”, avança o clínico, afirmando que esta dor, que chega a ser incapacitante, pode ter diversas causas.
O que é
“Na maioria das vezes, a dor lombar é resultado de uma patologia da coluna vertebral, frequentemente de natureza degenerativa, mas pode também ser postural ou devida a esforço, a acidente, a fenómenos inflamatórios (artrite) ou ainda a problemas relacionados com os discos intervertebrais (rotura ou hérnia)”, explica o médico, acrescentando outras razões: “Há lombalgias que surgem ainda ligadas ao stresse ou a desequilíbrios emocionais, como a ansiedade ou depressão.”
Sintomas
Segundo o médico, o sintoma mais característico da lombalgia é mesmo a dor lombar, mas, dependendo da causa, pode ser acompanhada de contractura, imobilização repentina, irradiação para um ou ambos os membros inferiores, sensação de queimadura ou de choque. E quanto tempo demora a tratar?
José Caseiro explica que as lombalgias são habitualmente de carácter agudo e resolvem-se até às seis semanas, mas uma pequena percentagem tende a ser crónica, prolongando-se indefinidamente no tempo. Nesses casos é muito frequente incapacitarem a pessoa por períodos que podem chegar às várias semanas: “É a principal causa de dor que mais dias tira ao trabalho”, revela o médico, sustentando que a qualidade de vida é afetada com “perturbações do sono e do humor, fadiga, ansiedade, depressão, dificuldade na marcha e até na performance sexual.”
Tratamento
O coordenador da Unidade de Tratamento da Dor do HLL destaca os múltiplos tratamentos para a lombalgia, em função da causa e da severidade do problema: “Na forma aguda é inevitável o repouso e a medicação com analgésicos anti-inflamatórios e relaxantes musculares, mas a persistência do problema poderá conduzir a terapêuticas de intervenção como a radiofrequência, a fisioterapia, a acompanhamento psicológico ou a utilização de medicamentos anticonvulsivantes, antidepressivos e até analgésicos de maior capacidade”, explica José Caseiro.
“No limite, a intervenção cirúrgica poderá ser indicada, tanto nas formas crónicas como nas agudas, principalmente se corresponderem a hérnia discal que cause sofrimento radicular”, vinca, preconizando mesmo uma abordagem multimodal que possa associar alguns dos procedimentos acima enunciados em complementaridade.
O médico aponta, a propósito, alguns dos conselhos que deixa aos seus pacientes de modo a conviverem melhor com a lombalgia e a tentar combate-la. Numa primeira fase, José Caseiro recomenda repouso, a reeducação funcional e fortalecimento muscular. “Estes são bons processos para se lidar com a dor, principalmente se acompanhados com medicação adequada”, assevera, apontando a hidroginástica e a hidroterapia como medidas efetivas para ajudar a ultrapassar o problema.
Mas para o médico a melhor solução envolve sempre a prevenção. “Esta passa essencialmente pelo combate à obesidade e permanente atividade física de manutenção.”
Conselhos para lidar com a lombalgia
-
Postura adequada
Levantar-se de forma correta, dobrar os joelhos quando se levanta pesos, manter as costas direitas e o umbigo apertado (stand smart – sit smart – lift smart).
-
Combater a obesidade
Uma alimentação saudável é fundamental para combater o excesso de peso e dessa forma não sobrecarregar a lombar.
-
Fazer exercício físico
Realizar exercícios de estiramento e flexibilidade.