Menopausa: o que precisa de saber
A menopausa marca o início do envelhecimento da mulher do ponto de vista fisiológico e é determinada pela idade em que a mulher teve a última menstruação o que ocorre, por norma, entre 45 e os 55 anos.
O que está em causa é o fim da produção de estrogénios e progesterona (hormonas femininas) pelos ovários, que acontece de forma progressiva e provoca alterações a diferentes níveis.
A consequência mais direta é a irregularidade menstrual mas, em cerca de 75% das mulheres, este processo é denunciado também por afrontamentos, suores, sensibilidade ao calor, alterações de humor e problemas de sono. Além disso, aumenta o risco de desenvolvimento de algumas doenças. Joaquim Neves, ginecologista do Hospital Lusíadas Lisboa, explica quais.
Riscos associados à menopausa
1. Doenças cardiovasculares
O agravamento do risco de doenças cardiovasculares está associado ao declínio da produção de estrogénio, que tem um papel importante no equilíbrio das gorduras no sangue. Assim, nesta etapa da vida, ocorre uma diminuição do colesterol "bom" (HDL) e um aumento do "mau" (LDL), o que aumenta o risco de enfarte, AVC e outros problemas cardiovasculares. O estilo de vida adotado, importante ao longo de toda a vida, adquire ainda mais importância.
2. Fragilidade óssea ou osteoporose
Uma das funções dos estrogénios é promover a fixação do cálcio nos ossos. Com o decréscimo de produção daquela hormona feminina, esta tarefa fica dificultada, pelo que o processo de redução da densidade óssea é acelerado, agravando-se a fragilidade óssea e, com ela, o risco de osteoporose e de fratura de baixo impacto.
No caso das mulheres, as fraturas do colo do fémur (osso da anca) são frequentes na idade avançada e têm um grande impacto na qualidade de vida. A prevenção é essencial, através de um estilo de vida que fomente o fortalecimento ósseo.
3. Complicações urinárias
A redução dos níveis de estrogénios está associada à maior sensação de secura e menor elasticidade vaginal. Uma das consequências é a propensão para infeções urinárias e para incontinência urinária, caracterizada por uma necessidade súbita e involuntária de urinar.
Por outro lado, sobretudo em mulheres que não fizeram uma recuperação adequada do(s) parto(s), pode surgir nesta fase uma incontinência urinária de esforço, caracterizada por perdas de urina ao rir, tossir, carregar pesos ou realizar outro tipo de esforços.
4. Disfunção sexual
A redução da elasticidade e da lubrificação vaginal podem dar origem a ligeiros sangramentos e a dor ou desconforto durante as relações sexuais. Por outro lado, é natural que a redução da sensibilidade conduza à redução da libido e do desejo sexual, também promovida pelo impacto psicológico que todas alterações próprias desta fase podem ter na autoimagem da mulher.
5. Obesidade
No seu conjunto, as alterações no organismo feminino na menopausa envolvem uma desaceleração do metabolismo, à qual acresce um aumento e alterações na distribuição da massa gorda, que se concentra na cintura, como alternativa às ancas e às nádegas.
A este risco associam-se os de doenças relacionadas, como a diabetes mellitus e a hipertensão. Paralelamente, diminuem o tónus muscular e cutâneo.
6. Cancro do colón, genital e da mama
O aumento do risco oncológico está associado ao envelhecimento. Nas mulheres sob tratamento hormonal, foi observada uma redução do risco de cancro colorretal, o que, segundo Joaquim Neves, se presume dever-se à vigilância mais apertada da saúde feita por estas mulheres e não a uma relação direta com o tratamento.
Quanto ao cancro da mama, não existe uma proteção com o tratamento hormonal, refere o especialista. Assim, cada mulher deverá pedir esclarecimentos ao seu ginecologista.