“No Verão as situações de urgência mais frequentes no Hospital Lusíadas Albufeira são os enfartes, os acidentes vasculares cerebrais e os traumatismos”, explica a Dra. Inês Olivença, coordenadora do Atendimento Urgente e especialista de Clínica Geral e Medicina Geral e Familiar nessa unidade.

Cada um de nós pode ter um papel importante numa situação de emergência e até salvar uma vida, ao ter informação básica sobre técnicas de primeiros socorros.

Como devemos agir em situações de emergência?

No Verão, muitas vezes, as pessoas encontram-se em locais de difícil acesso para os serviços de emergência. Por isso, manter a calma e saber o que fazer para ajudar quem precisa de apoio imediato, é essencial.

1. Em primeiro lugar, assegure-se das condições de segurança tanto para si como para a vítima; 
2. De seguida, peça ajuda ligando para o 112 ou peça a alguém que o faça por si, identificando a situação que enfrenta bem como a sua localização precisa;
3. Enquanto aguarda por ajuda profissional, caso a vítima esteja indisposta e não tenha existido um traumatismo, deverá colocá-la em posição lateral de segurança; 
4. Se houver suspeita de politraumatismo avalie o estado de consciência da vítima: confirme se respira e se tem pulso; 
5. Se necessário, e sempre depois de ter contactado o 112, comece manobras de Suporte Básico de Vida com compressões torácicas; 
6. Dentro do possível procure manter um ambiente calmo, afastando curiosos. 

Quais são as situações de emergência mais comuns no Verão? 

Nesta estação existe um maior número de afogamentos, ocorrem mais incêndios, e lidamos com ondas de calor que têm efeitos diversos na população.  

Devemos como sociedade estar mais preparados para nos defendermos destes fatores de risco, sendo importante que cada vez mais pessoas se sintam aptas a agir corretamente quando a situação assim o exigir.  

• Afogamentos 

Existe um maior risco de afogamento durante o Verão e estas situações ocorrem principalmente em praias, piscinas e rios, mas também em albufeiras e lagoas, em parques aquáticos ou até em tanques de água ou poços desprotegidos.  

Os afogamentos são uma das principais causas de morte entre os mais jovens e as taxas mais elevadas verificam-se em crianças com menos de 5 anos de idade.  

O que causa os afogamentos?

A maior parte dos afogamentos é resultado de uma má avaliação dos riscos, sejam eles o estado do mar (correntes, vento, agueiros) a profundidade das zonas onde se mergulha, a sobrevalorização da capacidade de nadar, a realização de desportos aquáticos sem os devidos cuidados de segurança, entre outros.  

Evitar praias não vigiadas, e respeitar as bandeiras e instruções dos nadadores-salvadores, é fundamental para prevenir afogamentos.

Que precauções deve ter numa praia?   

1. Procure o apoio de um nadador-salvador para saber particularidades da praia, cuidados a ter, zonas a evitar, etc.; 
2. Avalie a situação: nunca entre na água se tem dificuldade em nadar ou se o mar está demasiado perigoso. 

Como agir numa situação de afogamento? 

Por vezes, o mais aconselhado é não entrar na água, pois pode colocar a sua vida em perigo. Avalie bem a situação: 

1. Em primeiro lugar, procure o apoio de um nadador-salvador; 
2. Não caia na tentação de entrar na água se não tem experiência a nadar em mar aberto; 
3. Chame o 112 imediatamente, especialmente em casos em que não é possível retirar a vítima da água. 

Caso seja possível retirar a vítima da água garantindo a sua segurança:  

1. Verifique se está consciente, a respirar e se tem batimentos cardíacos; 
2. Chame o 112; 
3. Se esta avaliação inicial estiver garantida, coloque a vítima em posição lateral de segurança e vá verificando de forma regular, a respiração e batimentos cardíacos até chegar ajuda profissional; 
4. Se houver a necessidade de iniciar manobras de reanimação, e após ter sido pedida ajuda para o 112, devem-se iniciar as manobras com 5 insuflações; 
5. De seguida verificar rapidamente os sinais de consciência e em simultâneo se a vítima respira e se tem pulso; 
6. Caso não tenha existido reversibilidade com as cinco insuflações iniciais deve começar as manobras de 30 compressões na região torácica seguida de duas insuflações respiratórias. 

• Desmaios/perda de consciência 

Os desmaios e perda de consciência têm também maior incidência no Verão. Isto deve-se principalmente ao calor e à exposição a temperaturas mais elevadas, o que pode provocar desidratação, arritmias cardíacas e alterações na pressão arterial. 

Quais são os grupos de risco, e que cuidados devem ter no Verão? 

Pessoas com doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial, diabetes e colesterol alto têm maior probabilidade de sofrer desmaios em dias mais quentes e devem por isso ter um cuidado redobrado nesta estação. Privilegiar espaços frescos, reforçar a ingestão de líquidos no dia a dia e evitar a exposição solar prolongada nas horas de maior intensidade, são boas práticas a ter. 

Como deve agir? 

Se a pessoa estiver quase a desmaiar:  

1. Ajude a pessoa a deitar-se; 
2. Eleve as pernas a cerca de 45 graus, o que melhorará a irrigação sanguínea aos órgãos mais nobres; 
3. Ofereça água/café com açúcar. 

Se a pessoa já tiver perdido os sentidos: 

1. Deite-a e coloque em posição lateral de segurança; 
2. Desaperte a roupa; 
3. Mantenha-a num local arejado; 
4. Ofereça água/café com açúcar assim que recuperar os sentidos. 

• Calor/Insolação  

A exposição prolongada ao sol e ao calor pode provocar uma situação de emergência conhecida por Golpe de Calor ou Insolação. Esta é uma situação que poderá ser bastante grave e que poderá requerer acompanhamento urgente num Hospital.

Nas pessoas de maior fragilidade, como idosos com comorbilidades, deve-se ter atenção aos distúrbios iónicos e à função renal, pois em situações mais graves podem causar alterações do estado de consciência, edema agudo cerebral, entre outras complicações.  

Quais são os principais sintomas de insolação? 

Os sintomas principais de insolação são dores de cabeça, vómitos, tonturas, perda de consciência, e desmaios.  

Como deve agir?  

1. Deitar a pessoa num espaço arejado, numa sombra; 
2. Desapertar a roupa e evitar roupas justas; 
3. Colocar compressas frias na testa; 
4. Oferecer água em pequenas quantidades e com grande frequência.

No caso de estar inconsciente, deve colocar a pessoa em posição lateral de segurança, e contactar imediatamente os serviços de emergência.  

“Muitas vezes, em situações de emergência, quem está mais perto da vítima pode realmente fazer toda a diferença na sua recuperação, e até na probabilidade de sobreviver. É importante partilharmos o máximo de dicas para que todos os cidadãos se sintam mais confiantes e saibam como agir nestas situações”, explica a médica.

Ainda que as recomendações dadas neste artigo não substituam de forma alguma a necessidade de apoio médico às vítimas, saber como agir e como prestar primeiros socorros em caso de afogamento ou em outras situações de emergência pode ajudar a salvar uma vida.

Aproveite as férias sabendo que se precisar de cuidados médicos, os Hospitais e Clínicas Lusíadas estão sempre por perto, com Unidades de Atendimento Urgente disponíveis 24h por dia e Consultas sem Marcação, de norte a sul do país.