Colposcopia: para que serve e cuidados a adotar
O que é
A colposcopia é um exame em que são observados o colo do útero, a vulva e a vagina. Está indicada após uma citologia cujos resultados mostram que há alguma alteração e permite detetar problemas como lesões precursoras do cancro do colo do útero.
Quando está indicada
A colposcopia é feita pelo ginecologista em consultório. Não sendo um exame de rotina, a sua realização está indicada nas seguintes situações:
- Quando há alterações relevantes detetadas pela citologia do colo do útero (exame de Papanicolau);
- Quando há um teste de HPV com resultados positivos para um vírus de alto risco;
- Quando o exame ginecológico (exame ao espéculo realizado pelo ginecologista) revela alterações do colo, da vagina ou da vulva; - Quando a mulher apresenta alguma sintomatologia que pode ser devida a alteração do colo do útero, exigindo um exame mais detalhado (por exemplo, uma mulher que perde sangue durante as relações sexuais - coitorragia). A colposcopia também pode ser usada no tratamento destas lesões e no seu seguimento após o tratamento, para se saber se ficaram curadas ou se há progressão.
Como é feita a colposcopia
A colposcopia é realizada pelo ginecologista com a ajuda de um colposcópio - um aparelho que permite observar o colo do útero, a vulva e a vagina. O colposcópio tem várias lentes que iluminam e ampliam as zonas a serem estudadas. Consiste em 3 passos: visualização do colo sem preparação, com aplicação de ácido acético e após aplicação do lugol (solução iodada). “Cada passo permite aumentar a deteção de lesões e realizar biópsias dirigidas às alterações encontradas”, explica Alexia Toller, ginecologista no Hospital Lusíadas Lisboa e no Hospital Lusíadas Amadora.
Procedimentos associados
Durante a colposcopia é, muitas vezes, feita uma biópsia, um exame em que é colhido tecido para ser analisado em laboratório. “A biópsia tem muito a ver com a razão pela qual se faz a colposcopia, depende dos resultados da citologia que deu indicação para a realização da colposcopia”, contextualiza a ginecologista. Embora seja menos frequente, durante a colposcopia também poderá ser feita uma curetagem do canal cervical, outro tipo de colheita de tecido para análise.
“É feita quando o que vemos na colposcopia não corresponde ao que vimos na citologia, quando estamos a pensar num tratamento destrutivo e temos de ter a certeza que dentro do canal não há células alteradas ou quando não vemos a zona de transformação claramente.” Este procedimento não pode ser realizado em mulheres grávidas.
Cuidados de preparação
Antes de fazer uma colposcopia, a mulher deverá adotar os seguintes cuidados:
- Se tiver corrimento ou inflamação do colo do útero (cervicite), estes devem ser tratados antes da realização do exame, já que além do desconforto acrescido podem alterar os resultados do exame;
- No mínimo 48 horas antes do exame, não deve ter relações sexuais nem usar medicamentos vaginais, aplicar cremes locais ou fazer duches vaginais;
- Idealmente, deverá evitar marcar o exame para a altura em que está a menstruar. A utilização de anel vaginal ou DIU não impede a realização do exame. Como explica a ginecologista Alexia Toller, “o anel vaginal não impede a realização do exame e pode ser retirado durante o mesmo. Quanto ao DIU, o exame é realizado sem qualquer interferência.”
Riscos e cuidados de recuperação
O ácido acético e o lugol podem causar irritação e desconforto. Se for feita biópsia, é importante evitar ter relações sexuais e aplicar medicamentos, cremes ou fazer duches vaginais durante 48 a 72 horas.
Contraindicações
- A colposcopia não deve ser feita se houver infeção ou inflamação (cervicite), já que os resultados do exame seriam alterados;
- A aplicação de lugol está contraindicada em mulheres com alergia ao iodo;
- A curetagem do canal vaginal não pode ser feita durante a gravidez;
- Em caso de toma de medicação anticoagulante, a biópsia só pode ser feita num ambiente controlado (bloco com possibilidade de transfusão), tendo em conta o risco elevado de hemorragia importante.
Resultados
A colposcopia normalmente tem poucos falsos positivos (boa sensibilidade), mas tudo depende do contexto em que é realizada. “Uma colposcopia feita por um ginecologista geral é diferente de uma feita por um colposcopista experiente em patologia do colo”, defende Alexia Toller. “O colposcopista tem de descrever se é uma lesão leve ou de alto grau, aumentando a especificidade de forma a reduzir ao mínimo o número de falsos positivos.”
Implicações
Dependendo dos achados dos exames (citologia, colposcopia e, eventualmente, biópsia), depois de uma colposcopia pode ser necessário:
- Apenas vigilância, através de uma consulta de ginecologia geral, nos casos em que a situação está normalizada e não há indicação para a mulher se manter na unidade de patologia do colo;
- Vigilância com colposcopia, citologias ou testes de HPV mais específicos;
- Tratamento das lesões, que pode ser destrutivo (por exemplo, através de vaporização com laser) ou excisional (biópsia alargada, excisão da zona de transformação).