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Como prevenir a pré-diabetes na adolescência

Revisão Científica
A pré-diabetes é o primeiro passo para a diabetes tipo 2, mais comum entre adultos de meia-idade e com excesso de peso, mas em crescimento exponencial na faixa etária pediátrica.

O que é a pré-diabetes?

Também conhecida como hiperglicemia intermédia, a pré-diabetes corresponde a uma condição em que os indivíduos apresentam níveis de glicose (níveis de açúcar) no sangue acima do normal, mas não o suficiente para um diagnóstico de diabetes. A pré-diabetes é um grande fator de risco para o desenvolvimento de diabetes.

Em 2015, 27,4% da população portuguesa (entre os 20 e os 79 anos) estava numa situação de pré-diabetes, segundo o Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes (2016), o que correspondia a 2,1 milhões de pessoas.

Sintomas

Ao contrário da diabetes, que se pode manifestar, por exemplo, por sede excessiva, urinar muito, perder peso sem estar a seguir uma dieta, pelo cansaço, desânimo ou eventual quebra do rendimento escolar, a pré-diabetes pode ser assintomática e durar anos.

Fatores de risco

1. Obesidade e excesso de peso

A obesidade e o excesso de peso são os principais fatores de risco da pré-diabetes. Todos os adolescentes com excesso de peso/obesidade devem ser avaliados pelo seu médico. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, Portugal é dos países europeus com mais excesso de peso infantil, ou seja, 32% das crianças portuguesas com 11 anos têm peso a mais devido à má alimentação e ao sedentarismo.

2. Sedentarismo

3. Histórico familiar de diabetes

A maioria das pessoas com pré-diabetes ou diabetes tipo 2 manifestam uma resistência à insulina. Quando comparada com indivíduos normais, a insulina destas pessoas possui uma atividade mais baixa. Esta hormona funciona como uma espécie de chave que abre a fechadura e permite que a glicose passe da corrente sanguínea para as células.

Quando essa chave não é eficaz e não se verifica a passagem normal da glicose, há um aumento dos níveis de açúcar no sangue que pode causar complicações a curto, médio e longo prazo. A adolescência é um período em que por si só já há um certo grau, fisiológico, de resistência à insulina provocado pelo aumento das hormonas, o que torna os adolescentes mais vulneráveis à pré-diabetes.

Nos casos em que o adolescente é também obeso há assim, um duplo fator de risco para a pré-diabetes a obesidade e a resistência fisiológica à insulina. Quando se regista um acúmulo de gordura, sobretudo na zona abdominal, há ainda maior dificuldade na passagem da insulina para as células.

Riscos associados à pré-diabetes

Um adolescente que é pré-diabético tem uma maior propensão para desenvolver a diabetes tipo 2, característica dos adultos.

Diagnóstico

As pessoas com pré-diabetes podem apresentar Anomalia da Glicemia em Jejum (AGJ) ou Tolerância Diminuída à Glicose (TDG), ou ambas as condições ao mesmo tempo. O diagnóstico da hiperglicemia intermédia ou identificação de categorias de risco aumentado para diabetes, faz-se com base nos seguintes parâmetros:

a) Anomalia da Glicemia em Jejum (AGJ) − Glicemia em jejum ≥ 110 mg/dl e < 126 mg/dl (ou ≥ 6,1 e < 7,0 mmol/l);
b) Tolerância Diminuída à Glicose (TDG) − Glicemia às 2 horas após a ingestão de 75 gr de glicose ≥ 140 mg/dl e < 200 mg/dl (ou ≥ 7,8 e < 11,1 mmol/l).

Como prevenir

Adotar um estilo de vida saudável, seguindo um regime alimentar equilibrado e fazendo atividade física regular. A obesidade é um grande fator de risco não apenas para a pré-diabetes como também para as doenças cardiovasculares no adolescente. Quanto mais prolongado for o período de tempo em que o adolescente sofrer de obesidade, maior a probabilidade do desenvolvimento precoce de doenças como enfarte e hipertensão.

O tempo de descanso também é essencial porque dormir pouco, mal e sem horários de sono regulares são fatores de risco para a obesidade. Crianças e adolescentes que dormem mal têm tendência a alimentarem-se de forma inadequada e fora de horas.

É possível reverter um diagnóstico de pré-diabetes?

Sim, com a mudança do estilo de vida e perda de peso. Aliás, no caso dos adolescentes a possibilidade de responder de forma positiva ao tratamento é superior aos adultos. Isto porque têm outras motivações para adotarem um estilo de vida diferente, têm mais disponibilidade e menos stresse do que os adultos. Fonte: Adaptado de AMIL Saúde: Obesidade Infantil Não 

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Dra. Daniela Amaral

Dra. Daniela Amaral

Hospital Lusíadas Lisboa

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