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Transtorno de compulsão alimentar: o que é?

Revisão Científica
Comer mais depressa que o normal e não conseguir controlar-se quando come quantidades anormalmente elevadas de alimentos são algumas das manifestações do transtorno de compulsão alimentar. Saiba mais.

O que são transtornos alimentares?

O transtorno de compulsão alimentar inclui-se nos transtornos alimentares que são caracterizados por uma perturbação persistente na alimentação ou no comportamento com a alimentação que resulta no consumo ou na absorção alterada de alimentos. Mais: estes comportamentos comprometem significativamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial, explica a quinta edição portuguesa do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).

Segundo o DSM-5, as Perturbações da Alimentação e da Ingestão agrupam-se em 8 categorias : Pica, Mericismo, Perturbação da Ingestão Alimentar Evitante/ Restritiva, Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa, Perturbação da Ingestão Alimentar Compulsiva, Perturbação da Alimentação e da Ingestão com outra especificação e Perturbação da Alimentação e da Ingestão Não Especificada.

O que é o transtorno de compulsão alimentar?

A sua principal característica é a existência de episódios recorrentes de consumo de grandes quantidades de alimentos. Isto significa, como refere o DSM-5, que a pessoa ingere “uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria no mesmo período de tempo sob circunstâncias semelhantes”. Esta situação deve ser acompanhada de uma sensação de perda de controlo. Por exemplo, a pessoa é incapaz de parar de comer depois de começar.

Diagnóstico

Para que alguém seja diagnosticado como tendo um transtorno de compulsão alimentar, a pessoa deve registar estes episódios, em média, uma vez por semana durante três meses, segundo o DSM-5. No transtorno de compulsão alimentar observam-se pelo menos três dos seguintes aspetos:

  • Comer mais depressa do que o normal;
  • Comer até ficar desconfortavelmente cheio;
  • Comer às escondidas por vergonha;
  • Sentir-se desgostoso, deprimido ou muito culpado depois de comer;
  • Comer sem ter a sensação física de fome.

Prevalência

A prevalência do transtorno de compulsão alimentar é de 1,6% nas mulheres e 0,8% nos homens na população norte-americana maior de idade, assinala o DSM-5. Este transtorno ocorre de forma mais frequente em pessoas com obesidade mas, no entanto, a maioria das pessoas obesas não desenvolve esta compulsão alimentar de forma recorrente.

A compulsão alimentar e a perda de controlo ocorrem também em crianças e estão associadas a maior gordura corporal e aumento de peso.

Quando surgem os primeiros sinais?

O transtorno de compulsão alimentar começa, de forma geral, na adolescência ou no início da idade adulta.

Diagnóstico

O diagnóstico pode ser feito pelo pediatra, que poderá fazer o reencaminhamento da criança ou adolescente para um pedopsiquiatra ou psiquiatra. Os transtornos alimentares podem estar associados a depressão, ansiedade, consumo de bebidas alcoólicas e de outras substâncias, entre outros fatores que só poderão ser avaliados pelo especialista.

Tratamento

Os transtornos alimentares são situações graves e a solução não depende da força de vontade da criança/adolescente. É fundamental ter apoio médico, que aborde as questões psicológicas associadas, para haver uma recuperação normal do peso e dos hábitos alimentares.

A família deve ser envolvida neste processo. Quanto mais cedo se intervier, maior a probabilidade de o tratamento ser bem-sucedido.

Fontes:
Adaptado de AMIL Saúde: Obesidade Infantil Não;
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), edição portuguesa.

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Revisão Científica

Prof. Dr. Fernando Almeida

Prof. Dr. Fernando Almeida

Coordenador da Unidade de Psiquiatria

Hospital Lusíadas Porto

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