Luto: uma resposta universal à perda
Essa resposta ocorre perante eventos disruptivos que desafiam a normalidade do nosso quotidiano e dificultam o regresso à vida como era anteriormente.
“É crucial compreender que o luto pode manifestar-se mesmo na ausência de uma morte, surgindo em diferentes situações de perda significativa. Nessas circunstâncias, o reconhecimento e a validação das emoções podem ser mais desafiantes, tornando o processo ainda mais complexo”, explica Marco Guerreiro, Psicólogo Clínico no Hospital Lusíadas Monsanto.
Situações que podem desencadear o luto
Embora a perda de um ente querido seja a forma de luto mais comum, existem diversas outras situações podem desencadeá-lo, incluindo:
• Fim de uma relação e/ou divórcio: a separação pode gerar um luto profundo, semelhante ao da perda de alguém que nos é próximo;
• Perda de um animal de estimação: animais são muitas vezes vistos como membros da família, e o seu desaparecimento pode ser extremamente doloroso;
• Perda de emprego: a falta de uma ocupação pode afetar significativamente a autoestima e a perceção de segurança;
• Perda da estabilidade financeira ou de bens materiais: ficar sem casa ou outros bens materiais importantes podem provocar um luto associado à falta de segurança;
• Doença crónica ou terminal de alguém próximo: a progressão da doença em alguém próximo pode gerar um luto antecipado ou gradual;
• Mudanças negativas na saúde do próprio: alterações na saúde, como perda de funções cognitivas ou fisiológicas, ou uma doença terminal, podem suscitar luto pela diminuição da qualidade de vida e da perspetiva de futuro;
• Perda da juventude: o envelhecimento e as mudanças associadas podem provocar um sentimento de luto pela ausência do que já foi;
• Perda de identidade ou papel social: alterações significativas, como mudanças na aparência, podem afetar profundamente o sentido de identidade;
• Consciência da impossibilidade de alcançar um determinado sonho ou objetivo de vida: a perceção de que certos desejos ou metas não serão concretizados pode gerar um sentimento de perda;
• Problemas de fertilidade: a dificuldade ou incapacidade de conceber pode levar a um luto profundo pelas expectativas não realizadas.
Cada uma destas situações pode desencadear uma resposta emocional natural, que se manifesta de diversas formas, incluindo tristeza, raiva, culpa, dormência emocional ou solidão. Essas reações são parte do processo de luto, que varia de pessoa para pessoa.
Os sintomas do luto podem ser emocionais, físicos ou comportamentais. É comum que a pessoa em luto encontre dificuldades em realizar tarefas básicas, manter responsabilidades, ou concentrar-se em algo além da perda.
O processo de luto implica várias fases, tendo início normalmente pela negação ou choque, passando por sentimentos de raiva, até se chegar à aceitação. Esse processo pode ser longo, e varia bastante dependendo do caso e da pessoa, havendo avanços e recuos.
A tomada de decisões é sempre desafiante, e pensar no futuro pode parecer esmagador. Durante este período, é comum o isolamento social e a tendência a evitar compromissos e interações.
Não é um processo linear
“É importante lembrar que o luto não segue uma sequência linear e pode variar significativamente de pessoa para pessoa”, aponta Marco Guerreiro. O processo não é estanque, e é comum que haja avanços e retrocessos, passando por diferentes fases em momentos distintos. Cada fase pode ser revisitada, e o enlutado não tem controlo sobre o ritmo ou a duração do luto, podendo vivenciar qualquer uma das fases a qualquer momento.
No Hospital Lusíadas Monsanto, uma unidade especializada em cuidados de Saúde Mental, encontrará uma equipa experiente e dedicada ao acompanhamento do luto, oferecendo suporte especializado para o ajudar a navegar este processo, seja qual for a causa.