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Como prevenir o enfarte?

Colaboração
O enfarte agudo do miocárdio mata, em média, 12 pessoas por dia em Portugal. No entanto, este pode ser prevenido através do controlo de fatores de risco. Além disso, quando ocorre, é possível um desfecho positivo, caso se recorra de imediato à urgência.

Como prevenir o enfarte?

O enfarte agudo do miocárdio mata, em média, 12 pessoas por dia em Portugal. Segundo o Instituto Nacional de Estatística , em 2019 este evento tirou a vida a 4.275 pessoas no país, o que representou 60% das mortes por patologia isquémica do coração.

No entanto, este pode ser prevenido através do controlo de fatores de risco. Além disso, quando ocorre, é possível um desfecho positivo, caso se recorra de imediato à urgência.

Ana Abreu, especialista em Cardiologia e médica responsável pela Consulta de Prevenção Cardiovascular da Clínica Lusíadas Oriente, explica quais os sinais a que deve estar atento, que comportamentos deve evitar e como se trata um enfarte.

O que é um enfarte?

O miocárdio é o músculo cardíaco que bombeia o sangue para todo o corpo. Para que cumpra a sua função, necessita que o sangue chegue pelas artérias coronárias lhe façam chegar sangue. Quando uma artéria coronária entope subitamente, por exemplo, pela formação de um trombo, o fluxo do sangue para este músculo é bloqueado. Caso este bloqueio não seja revertido a tempo, o tecido do miocárdio acaba por morrer ao fim de poucas horas.

A causa mais comum para este quadro é uma acumulação de placas com gordura (aterosclerose), que pode ser causado, por exemplo, pelo colesterol elevado ou por diabetes.

Fatores de risco

A influência genética (se existe historial de enfarte na família), a idade e o género são fatores de risco que não se podem controlar, alerta Ana Abreu.

“Quanto mais velho se é, maior o risco”, explica a especialista, apontando o sexo masculino como fator de risco acrescido. “As mulheres adquirem um risco equiparado ao dos homens depois da menopausa”, acrescenta a responsável da Consulta de Prevenção e Reabilitação Cardiovascular da Clínica Lusíadas Oriente.

Outros fatores estão relacionados com o estilo de vida e podem ser controlados. São eles:

  •  Tabagismo
  •  Excesso de Peso
  •  Colesterol alto
  •  Diabetes
  •  Hipertensão arterial
  •  Sedentarismo
  •  Stress

A prevenção de um enfarte está ligada ao controlo dos fatores de risco com medicação ou estratégias de alteração de estilos de vida (cessação tabágica, nova alimentação, exercício físico ou relaxamento para combater o stress).

Outros fatores de risco — como a idade, o género ou a questão genética — não são controláveis.

Sinais a que deve estar atento

“O sintoma mais frequente do enfarte é uma dor intensa no peito, que dura muito tempo e que é angustiante”, descreve Ana Abreu. Esta pode irradiar para o pescoço, a mandíbula, as costas ou o braço e causar náuseas ou suores.

Mas existem outros sinais que devem ser considerados, já que configuram também sintomas de enfarte, como um desmaio ou uma dor abdominal alta.

Sobretudo nas pessoas mais velhas e nos diabéticos, explica a especialista, “há enfartes que não dão sintoma nenhum.” É o “enfarte silencioso”, que “só é diagnosticado depois, quando olhamos para o ecocardiograma ou o eletrocardiograma.”

Tratamentos

Em primeiro lugar, quando a tal dor intensa e angustiante não passa, deve-se ir de imediato à urgência porque, quando o coração está em isquemia (isto é, em sofrimento), “pode haver menor probabilidade de recuperar o músculo cardíaco”, alerta Ana Abreu.

O reconhecimento precoce do enfarte pode salvar o miocárdio e, desta forma, minimizam-se as consequências.

A angioplastia é o tratamento mais eficaz, realizado logo nessa fase aguda. Esta técnica minimamente invasiva é realizada por cardiologistas de intervenção que introduzem um cateter com um balão na extremidade na artéria obstruída e conseguem assim dilatá-la para que o fluxo de sangue regresse ao miocárdio.

Quando o enfarte é detetado já depois da fase aguda, recorre-se à prevenção secundária: tenta-se identificar (com a realização de exames e avaliação de sintomas) se ainda há algum vaso que necessite de ser tratado. Contudo, sublinha Ana Abreu, esta prevenção secundária “faz-se sempre quando houve um enfarte, quer o doente tenha feito angioplastia ou não.”

Com a morte de células cardíacas pode haver uma diminuição da capacidade de bombeamento do sangue.

A importância da Consulta de Prevenção Cardiovascular

A Consulta de Prevenção e Reabilitação Cardiovascular da Clínica Lusíadas Oriente reúne uma equipa multidisciplinar que faz a avaliação do risco cardiovascular e a reabilitação de doença cardiovascular, como o enfarte. Está aberta a quem já sofreu um evento destes e também a quem tem fatores de risco, com o objetivo de conhecer a probabilidade de ser acometido por estas patologias e de a poder reduzir.

“O que pretendemos é quantificar o risco cardiovascular e indicar o que o indivíduo pode fazer para minorá-lo”, explica Ana Abreu. Para os que já tiveram um enfarte, esta equipa indica-lhes como devem fazer a prevenção secundária, de modo a evitarem um novo episódio, desenhando-se, individualmente, um programa de reabilitação cardiovascular, com exercício físico, nutrição, acompanhamento psicológico e seguimento em Cardiologia.

“Este caráter multidisciplinar é importante. Isoladamente, um médico, um enfermeiro ou um fisioterapeuta não consegue realizar este programa. Tem que ser uma equipa com um acompanhamento estruturado, de acordo com recomendações internacionais”, sublinha Ana Abreu. “Caso se identifique a necessidade de contacto com outras especialidades, como a diabetologia, faz-se o encaminhamento”, termina.

A reabilitação cardíaca permite recuperar o coração e a capacidade funcional, melhorar a qualidade de vida como um todo, reduzindo a probabilidade de ocorrência de novo enfarte.
 

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Prof. Dra. Ana Abreu

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