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Tratamento da fibrilhação auricular: ablação por cateter

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A ablação por cateter tem atualmente um papel importante no tratamento da fibrilhação auricular e o Hospital Lusíadas Porto é o único hospital no norte do país que tem acordo com a ADSE.

A fibrilhação auricular é a arritmia cardíaca sustentada mais comum a nível mundial, com enorme impacto individual e social. Além afetar negativamente a qualidade de vida, também aumenta o risco de acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e morte.

Fibrilhação auricular: O que é e qual o seu impacto?

A fibrilhação auricular é um tipo de arritmia que se caracteriza por uma ativação elétrica caótica e ineficaz das aurículas, inibindo a sua ação mecânica que é útil no enchimento dos ventrículos. Os batimentos cardíacos são completamente irregulares e habitualmente rápidos, diminuindo a eficiência da contração ventricular.

A fibrilhação auricular tem repercussões importantes na saúde das pessoas:

  • Duplica o risco de mortalidade;
  • Aumenta em cinco vezes a probabilidade de acidente vascular cerebral. A fibrilhação auricular favorece a formação de coágulos dentro do próprio coração, geralmente no apêndice auricular esquerdo, que podem desprender-se e deslocar-se através da corrente sanguínea, correndo o risco de se alojarem e bloquearem artérias em qualquer região do corpo. Na maioria dos casos, os coágulos entopem as artérias que irrigam o cérebro;
  • Cerca de um quarto dos doentes com fibrilhação auricular desenvolve insuficiência cardíaca;
  • Prejudica de forma notória a qualidade de vida das pessoas afetadas, levando a frequentes hospitalizações e ao aumento do risco de depressão e demência.

Sintomas e formas de apresentação clínica

Os sintomas relacionados com a fibrilhação auricular podem indiciar a sua presença, nomeadamente a sensação de batimentos rápidos e irregulares. Outros sintomas menos específicos são a dificuldade em respirar, a fadiga, o mal-estar torácico e as tonturas ou a perda de conhecimento.

Algumas pessoas com fibrilhação auricular não têm a perceção de qualquer alteração no seu estado de saúde habitual. A arritmia evolui de forma insidiosa e silenciosa, de tal forma que o seu diagnóstico pode ser feito apenas quando ocorre uma complicação que, infelizmente, poderá ser irreversível. É importante uma procura ativa desta arritmia nas pessoas que correm maior risco.

A fibrilhação auricular pode apresentar-se na sua forma paroxística com episódios transitórios de curta duração e resolução espontânea. Na forma persistente é preciso uma intervenção terapêutica (geralmente a cardioversão elétrica) para retomar o ritmo cardíaco normal. Quando já não for possível ou desejável reverter a arritmia, então estamos perante uma fibrilhação auricular permanente.

Incidência e fatores de risco

A fibrilhação auricular é a arritmia cardíaca mais comum. Em Portugal estima-se que a partir dos 40 anos cerca de 2,5% da população tem fibrilhação auricular. Um dos fatores mais fortemente associado à fibrilhação auricular é a idade pelo que, tendo em conta o envelhecimento da população, a sua prevalência tenderá a aumentar no futuro.

Além da idade, os fatores que favorecem o aparecimento da fibrilhação auricular são a hipertensão arterial, a diabetes mellitus, a obesidade, a apneia do sono, o exercício físico de alta intensidade e a presença de outros problemas cardíacos.

Diagnóstico

O diagnóstico definitivo da fibrilhação auricular implica o registo eletrocardiográfico da arritmia. Pode ser através da realização de um simples ECG ou então através de dispositivos que permitem uma monitorização prolongada do ritmo cardíaco: desde o Holter (24 h) ao registador de eventos implantado (2-3 anos).

Tratamento

Para prevenir o risco de AVC o tratamento adequado é a anticoagulação oral através de medicamentos que dificultam a capacidade de coagulação do sangue. Apenas os indivíduos jovens (< 65 anos) e sem outros fatores de risco (HTA, diabetes mellitus, AVC, insuficiência cardíaca, doença vascular) é que não têm indicação para esta terapêutica.

Classicamente eram utilizados os antagonistas da vitamina K (varfarina e acenocumarol) onde era fundamental uma análise laboratorial periódica, cuidados alimentares e precaução com interações medicamentosas. Com os novos anticoagulantes (Dabigatrano, Rivaroxabano, Apixabano e Edoxabano) não há necessidade de controlo laboratorial e têm um melhor perfil de segurança.

Para controlar os sintomas, reduzir as hospitalizações e diminuir o risco de insuficiência cardíaca temos duas estratégias: “controlo da frequência cardíaca” e “controlo do ritmo cardíaco”.

  • O “controlo da frequência cardíaca” consiste em assumir a presença da fibrilhação auricular sem tentar revertê-la, utilizando apenas medicamentos que evitam a presença de batimentos muito rápidos e descontrolados. Esta modalidade normalmente adequa-se a indivíduos idosos (> 80 anos), com baixa capacidade funcional e assintomáticos.
  • O “controlo do ritmo cardíaco” tem como objetivo restaurar e manter o ritmo cardíaco normal. Esta estratégia é habitual nos doentes sintomáticos e ativos.

A forma claramente mais eficaz e segura para manter o ritmo normal em doentes com fibrilhação auricular é através da ablação por cateter. Este procedimento minimamente invasivo é uma forma de cateterismo cardíaco em que os cateteres (tubos finos e flexíveis) são introduzidos através da veia femoral, na zona da virilha, e, percorrendo o sistema venoso, são introduzidos no coração. Os cateteres permitem eliminar os focos iniciadores da arritmia, que na sua larga maioria estão na junção das veias pulmonares com a aurícula esquerda.

Vários estudos científicos comprovaram a sua superioridade em relação aos fármacos antiarrítmicos. A taxa de sucesso esperada deste procedimento depende das características individuais de cada paciente e do tempo de evolução da arritmia, mas globalmente é de 70%-80%. O procedimento é geralmente seguro, sendo raras as complicações graves.

Sabia que…

O Hospital Lusíadas Porto tem uma unidade de tratamento de arritmias moderna e bem apetrechada do ponto de vista tecnológico. Os médicos que a compõem são experientes e tiveram formação em centros de referência, nomeadamente França e Inglaterra. Um especialista em anestesia está presente de forma a proporcionar o maior conforto ao doente.

No norte do país é o único Hospital que tem acordo com a ADSE para realizar o procedimento de ablação por cateter da fibrilhação auricular, que executa de forma regular.

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Dr. Luís Adão

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Hospital Lusíadas Porto

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