O papel do pai na gravidez, no parto e no pós-parto
Por serem vividos biologicamente pela mulher, a gravidez, o parto e o pós-parto podem ser momentos muito solitários. Mas, para que tudo corra da forma mais suave possível, o apoio do pai (parceiro/a) é essencial nas diferentes etapas, diz a Dra. Paula Ramôa, especialista em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Lusíadas Porto.
Na gravidez
A gravidez é um momento em que ainda não há bebé, mas há já muitas transformações físicas na mãe. Além disso, existe um delicado processo de desenvolvimento fetal, que traz ansiedade e incerteza. Para Paula Ramôa, o papel do pai é fundamental para combater as inseguranças da mulher ao nível físico e psicológico, reforçando-a positivamente, de maneira a que mantenha a autoestima e se prepare para a nova vida que vai chegar. Além disso, há que ajudar a manter a agenda organizada, relembrando o que têm de fazer, acompanhá-la durante o exercício físico recomendado e incentivá-la a manter uma dieta equilibrada.
É também muito importante acompanhá-la às diferentes consultas e exames, sobretudo porque podem haver notícias menos boas e é muito bom ter alguém ao lado, que possa dar um suporte emocional, salienta.
No parto
Paula Ramôa assistiu à mudança que permitiu aos pais começarem a poder assistir ao parto. “Foi uma surpresa muito positiva. A presença dos pais na sala de partos, faz com que as mulheres se sintam mais seguras e apoiadas na altura do bebé nascer“, diz.
A médica salienta que a presença do pai ajuda a que a parturiente mantenha o controle, por ter ao lado alguém em quem confia a 100 por cento.
O pai deve ficar do lado da mulher, dar a mão e ajudar a puxar. “O assistir à dilatação da vulva e ao aflorar da cabeça do bebé deve ser deixado ao critério do pai. Preferimos assim para evitar qualquer futuro impacto na vida íntima do casal”, aconselha.
No pós-parto
No puerpério, o apoio do pai é essencial para o bem-estar de todos — na distribuição de tarefas domésticas, na divisão das horas de sono, nas trocas de fralda, no acordar e no adormecer do bebé. Desta forma, ninguém fica excessivamente cansado.
Além disso, o pai pode ter um papel importante na adaptação da criança à mama, afirma a médica. Muitos bebés não começam a mamar imediatamente e isso gera ansiedade junto das mães, sobretudo quando é o primeiro filho. Acham que não são capazes, ficam extraordinariamente nervosas e choram. Por isso, o apoio do pai é essencial nesta fase, tranquilizando-as e garantindo que tudo se resolve. “Estar presente nas mamadas é importante.”
É por todos esses fatores que a médica defende que, pelo menos no primeiro mês, devem estar os dois pais em casa.