24 Setembro 2019

Implantado dispositivo inovador que previne AVCs em doentes com fibrilhação auricular

A Unidade Cardiovascular do Hospital Lusíadas Lisboa utilizou, pela primeira vez em Portugal, um dispositivo de última geração no encerramento percutâneo do apêndice auricular esquerdo. Este procedimento permite proteger os doentes com fibrilhação auricular que não podem recorrer a medicamentos anticoagulantes.

"O procedimento consistiu na implantação de um dispositivo para encerramento do apêndice auricular esquerdo, uma pequena cavidade do coração anexa à aurícula esquerda. Em caso de fibrilhação auricular, uma frequente alteração do ritmo cardíaco, esta cavidade perde a sua capacidade de contração e o sangue estagna no seu interior, favorecendo a formação de coágulos. A libertação de coágulos para a circulação provoca a obstrução de artérias e consequentemente acidentes vasculares, nomeadamente acidentes vasculares cerebrais (AVCs)", explica Eduardo Infante de Oliveira, cardiologista de intervenção do Hospital Lusíadas Lisboa.

O cardiologista de intervenção acrescenta ainda que "este risco é habitualmente mitigado com a prescrição de medicamentos anticoagulantes. Contudo, cerca de um terço dos doentes não toleram a medicação ou apresentam alguma forma de contraindicação à sua prescrição. O encerramento do apêndice auricular esquerdo, cavidade onde se geram cerca de 90% dos coágulos associados à fibrilhação auricular, constitui uma alternativa segura e eficaz para o reduzir o risco de AVC". ​

A fibrilhação auricular é a arritmia crónica mais frequente e estima-se que afete cerca de 200 mil pessoas em Portugal. Esta doença, que é uma das principais causas de acidentes vasculares cerebrais, caracteriza-se pela perda da função auricular, uma situação que leva à estagnação do sangue e à formação de coágulos. Quando ocorre a libertação destes coágulos, as artérias podem ficar obstruídas e provocar um AVC. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença são a idade, hipertensão arterial, diabetes e insuficiência cardíaca.