Teste de gravidez ou ovulação: qual o mais indicado para si?
Com os avanços nas inovações médicas e científicas, os testes de autodiagnóstico para várias condições e patologias tornaram-se mais acessíveis e fiáveis. Entre estes, destacam-se o teste de gravidez e o teste de ovulação. A nível global, prevê-se um aumento anual de cerca de 5% na aquisição de testes de gravidez entre 2024 e 2031.
Em Portugal, há uma tendência para as famílias terem menos filhos e começarem a parentalidade mais tarde. Atualmente, a idade média para o nascimento do primeiro filho é de 31 anos, quatro anos mais tarde do que há duas décadas. Esta mudança, levou a um aumento da procura por testes de gravidez e de ovulação. Também o aumento do número de casos de infertilidade e a facilidade de acesso aos autotestes, contribuiu para este crescimento.
O que são testes de gravidez e quais os diferentes tipos?
Os testes de urina são os mais comuns e estão amplamente associados aos autotestes, embora também possam ser realizados em consultórios médicos. Estes, também conhecidos como testes de gravidez "caseiros", são dispositivos de fácil utilização, que usam anticorpos para detetar a presença da hormona Gonadotrofina coriónica humana (hCG) na urina.
Esta hormona é produzida pela placenta logo após a implantação do embrião no útero, normalmente entre seis e dez dias após a fertilização.” Os níveis de hCG aumentam rapidamente nas primeiras semanas de gestação, duplicando a cada dois a três dias.
Estes autotestes oferecem uma forma simples e conveniente de confirmar a gravidez, sendo por isso muito procurados. São vendidos em farmácias e estabelecimentos similares, a preços acessíveis, e fornecem resultados em apenas alguns minutos.
Por outro lado, os testes de sangue são realizados em ambiente clínico e envolvem a recolha de uma amostra de sangue, que é posteriormente enviada para análise laboratorial. Existem dois tipos de testes sanguíneos: o teste qualitativo de hCG, que apenas verifica a presença da hormona, e o teste quantitativo de hCG, que mede a quantidade exata no sangue. Este é mais sensível do que os testes de urina e pode detetar a gravidez numa fase mais precoce. Este último tipo, também é utilizado quando existem problemas de fertilidade ou existe suspeita de alguma complicação.
No entanto, enquanto os autotestes de urina fornecem resultados em poucos minutos, os testes de sangue podem levar várias horas ou até alguns dias para apresentar os resultados, além de serem, geralmente, mais dispendiosos.
Qual a diferença entre testes de gravidez e testes de ovulação, e qual o mais indicado para si?
Embora, à primeira vista, os testes possam parecer semelhantes, eles têm propósitos distintos. A principal diferença reside na sua finalidade: o teste de ovulação visa identificar o momento da ovulação e, consequentemente, o período mais fértil da mulher, enquanto o teste de gravidez serve para confirmar ou excluir a possibilidade de gestação.
As outras diferenças são:
• Hormonas: Os testes de ovulação têm como objetivo identificar o aumento da hormona luteinizante (LH) na urina, cujo pico ocorre entre 24 a 48 horas antes da ovulação, ajudando a prever o período fértil da mulher. Alguns destes testes também conseguem detetar os níveis de estrogénio, que aumentam à medida que a ovulação se aproxima. Por outro lado, os testes de gravidez são concebidos para identificar a presença da Gonadotrofina Coriónica Humana (hCG), uma hormona que aparece apenas durante a gravidez.
• Tempo: Os testes de ovulação devem ser realizados vários dias antes da data prevista para a ovulação, que pode variar de mulher para mulher. É recomendável que estes testes sejam feitos diariamente. Por outro lado, os testes de gravidez devem ser realizados após o primeiro dia de atraso menstrual. Embora alguns testes disponíveis sejam mais sensíveis e possam identificar a gestação mais precocemente, a precisão dos resultados obtidos antes deste período é, geralmente, inferior.
• Resultados: No caso do teste de ovulação, um resultado positivo indica que o início do processo ovulatório é iminente, sinalizando que se aproxima o período mais fértil. Um resultado negativo sugere que a ovulação não vai ocorrer num futuro próximo ou que já passou. Por outro lado, no teste de gravidez, um resultado positivo indica gestação, enquanto um resultado negativo pode significar que não há gravidez ou que o teste foi realizado prematuramente, antes que os níveis de hCG sejam detetáveis.
• Teste: Enquanto o teste de gravidez geralmente contém apenas uma tira reativa, o teste de ovulação costuma incluir várias tiras, uma vez que requer a realização de testes diários para monitorizar as variações hormonais ao longo do ciclo menstrual.
Deste modo, se o seu objetivo é engravidar, pode iniciar os testes de ovulação a fim de maximizar as hipóteses de conceber de forma natural e rápida, ajudando a conhecer o seu período fértil.
Caso surjam sintomas de gravidez, ocorra um atraso na menstruação ou sinta que existe esta possibilidade, um autoteste de gravidez pode ser um bom primeiro passo. Se desejar confirmar o resultado, poderá dirigir-se a uma unidade de saúde para realizar um teste de sangue ou, caso sinta que poderá estar numa fase mais avançada, uma ecografia.
Conceção e infertilidade: os testes e a sua importância
Com o aumento dos casos de infertilidade, os testes de ovulação e gravidez, especialmente quando utilizados em conjunto, tornam-se ferramentas valiosas que podem aumentar as probabilidades de conceção. Além de ajudar os casais a identificar os momentos mais propícios para começarem a tentar, esses testes proporcionam uma sensação de controlo sobre o processo, que muitas vezes pode ser emocionalmente desgastante.
Os testes de ovulação são eficazes na previsão da ovulação, permitindo que os casais identifiquem o período mais fértil, o que pode ajudar a maximizar as hipóteses de gravidez. Saber quando o corpo está mais recetivo à conceção é um passo importante para aqueles que estão a tentar engravidar, mas, tendo o cuidado de os testes não gerarem uma ansiedade contraproducente.
Por outro lado, os testes de gravidez servem como um complemento essencial nesse processo. Quando utilizados corretamente, permitem que os casais monitorizem a possibilidade de gravidez, oferecendo respostas rápidas e eficazes. Caso a gravidez não ocorra após um ano de tentativas para mulheres com menos de 35 anos, ou após seis meses para aquelas com idade superior, esses testes também podem alertar sobre a necessidade de procurar ajuda médica.
Em resumo, ao utilizar testes de ovulação e gravidez, os casais não só podem aumentar as suas possibilidades de conceção, mas também identificar problemas de fertilidade e preparar-se melhor para abordar qualquer dificuldade que possa surgir.
Foi com a intenção de apoiar todos os casais que enfrentam dificuldades para conceber que o Hospital Lusíadas Lisboa criou o seu Centro de Procriação Medicamente Assistida. Com uma equipa altamente experiente e dedicada, o Centro oferece uma abordagem abrangente para a investigação das causas da infertilidade, assim como a implementação de terapias médicas e cirúrgicas adequadas.
O objetivo é proporcionar a cada casal o suporte necessário para alcançar a gravidez, oferecendo um caminho seguro e eficaz que integra tecnologia avançada com um atendimento personalizado e sensível às necessidades de cada pessoa.
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Revisão Científica
Dr. Luís Vicente
Coordenador da Unidade de Procriação Medicamente Assistida