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Medicina do futuro na Lusíadas

Instrumentos minúsculos, próteses impressas, cirurgias sem cicatriz integram o cenário de uma medicina do futuro, mas salva vidas no presente. Saiba como o Grupo Lusíadas está a ultrapassar a ficção.

Tem mais de dez mil anos e é um utensílio fundamental na medicina contemporânea, mas o bisturi pode ter os dias contados. Os novos protagonistas do bloco operatório são os mini-instrumentos e as imagens de micro câmaras que permitem agora, através de orifícios na pele, aceder aos órgãos, remover tumores e efetuar intervenções nas vértebras. Falamos da medicina do futuro.

Cirurgia laparoscópica em oncologia

A evolução está em curso e os especialistas portugueses não estão indiferentes, como mostra Paulo Soares, cirurgião geral no Hospital Lusíadas Porto, especializado em cirurgia laparoscópica: "Verificamos que, hoje, a conduta da laparoscopia permitiu encurtar os tempos de internamento, melhorar a qualidade de vida e a recuperação dos pacientes. A intervenção por via minimamente invasiva vai liderar toda a evolução cirúrgica".

A unidade do Porto foi a primeira "a realizar a duodeno pancreatectomia cefálica por via laparoscópica, uma intervenção utilizada nas neoplasias da cabeça do pâncreas", acrescenta Paulo Soares. Esta nova abordagem da medicina transforma uma operação que "implicava a abertura da cavidade abdominal e recuperação prolongada, numa cirurgia realizada por orifícios de um centímetro, com uma recuperação mais curta, menor internamento, menos complicações e maior conforto para o doente, garantindo o resultado oncológico", ilustra o médico.

Esta inovação é também patente nas técnicas ablativas por radiofrequência para tratar tumores no fígado, com a possibilidade de eliminar o tumor e/ou metástases num só ato operatório e com precisão: "A via laparoscópica permite-nos observar a lesão no fígado e agir diretamente, com radiofrequência, fazendo a ablação térmica, seja cancro primário ou metástase, poupando o restante órgão e a morbilidade da ressecção cirúrgica", explica.

Intervenções pioneiras na coluna

"Estamos na vanguarda do que de melhor se faz a nível mundial na área da cirurgia minimamente invasiva da coluna". As palavras são de Óscar L. Alves, coordenador da Unidade de Neurocirurgia do Hospital Lusíadas Porto, pioneira na introdução de técnicas como "as cifoplastias (reconstrução de vértebra fraturada) com um implante em titânio em vez do cimento convencional". Desta forma, evita-se o risco de compressão medular por extravasamento de cimento ou a migração deste para os pulmões. No Hospital Lusíadas Porto, "na área da cirurgia minimamente invasiva de coluna, é prática comum a descompressão de estruturas nervosas e a fixação da coluna através de incisões centimétricas, que não só acelera a recuperação funcional" como reduz o tempo da cirurgia, a perda sanguínea, o risco de infeção e a dor pós-operatória.

Para tratar situações clínicas que não se resolvem nem com cirurgia convencional nem com terapêutica médica há técnicas igualmente inovadoras como:

  • Técnicas percutâneas de nucleoplastia – no tratamento do prolapso discal lombar ou cervical;

  • Uso de radiofrequência - na desnervação de facetas ou bloqueios ganglionares.

Próximas apostas

Uma abordagem pioneira que poderá ser introduzida em Portugal é a cirurgia endoscópica da coluna, que permitirá retirar, por exemplo, uma hérnia discal através de um orifício de um centímetro, minimizando os riscos e permitindo ao doente ir para casa após a intervenção", realça o médico. Trata-se de um projeto a curto prazo, desenvolvido em parceria com a Coreia do Sul. "É um país de vanguarda nessa área."

Cirurgia sem cicatriz

A estética também tem pontuado a evolução em cirurgia: os instrumentos medem agora dois ou três milímetros (em vez de 10) e as incisões são reduzidas ao mínimo. "Tem-se vindo a evoluir da laparoscopia mini-invasiva convencional – com quatro a cinco acessos de cinco a 15 milímetros – para a abordagem transumbilical. É o conceito da porta única", afirma Paulo Soares.

Esta é uma cirurgia sem incisão em que se usa o umbigo, cicatriz natural do organismo, para aceder à cavidade abdominal. Coloca-se um dispositivo de acesso ao abdómen através do qual se introduz o instrumental necessário à intervenção. "Tecnicamente é uma cirurgia mais exigente porque trabalha-se apenas por um orifício e no mesmo eixo. Requer material específico, articulado e tem uma duração mais longa", explica o médico.

Quando se aplica:

  • Cirurgia da obesidade (banda gástrica, bypass);

  • Apendicite;

  • Cirurgia ginecológica (histerectomia, anexectomia, laqueação trompas);

  • Cirurgia da hérnia do hiato;

  • Colecistectomia;

  • Cirurgia do cólon;

  • Cirurgia da hérnia inguinal.

Tem sido a preocupação com o paciente e a sua recuperação a ditarem muitos dos avanços tecnológicos na medicina. E são eles que prometem continuar a definir o caminho nos próximos anos.

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