Síndrome das pernas inquietas: quais os sintomas e como tratar
Quem sofre da síndrome das pernas inquietas pode descrever vários tipos de sensações que nascem no interior destes membros: latejamento, dor, comichão e até uma sensação elétrica. Estes sintomas vão-se intensificando e só com o movimento é que se consegue sentir algum alívio.
A síndrome das pernas inquietas caracteriza-se “por sensações desconfortáveis nos membros inferiores, que ocorrem mais ao final do dia e à noite, sobretudo na cama”, explica Alexandre Mendes, neurologista no Hospital Lusíadas Porto e médico da Consulta de Doença do Parkinson e outras doenças do movimento. As sensações, refere o especialista, “surgem em repouso” e “forçam a pessoa a mover os membros inferiores para obter alívio”.
Problemas com o sono
Apesar de parecer um problema relativamente inócuo, a síndrome das pernas inquietas pode criar dificuldades em adormecer, perturbando a qualidade do sono e do descanso. Em causa está o facto de estas sensações surgirem frequentemente com o avançar do dia e, sobretudo, da noite, quando se está em repouso ou a tentar dormir.
“Os sintomas podem ser intensos e impedir que a pessoa adormeça. Também é comum que os indivíduos que têm síndrome das pernas inquietas tenham movimentos periódicos do sono, o que poderá perturbar a qualidade deste período de descanso”, explica o neurologista.
Nos casos em que o fenómeno surge com frequência, mais de uma vez por semana, o efeito no bem-estar pode ser muito negativo. “Quem tem este problema pode ficar perturbado por não conseguir estar em repouso, sobretudo ao final do dia”, acrescenta Alexandre Mendes.
Uma doença crónica
A síndrome das pernas inquietas pode surgir em qualquer momento da vida e transforma-se num problema crónico. Apesar de haver pessoas que começam a sentir os sintomas ainda em idade infantil, a maioria só é diagnosticada após os 50 anos — convivendo, muitas vezes, com os sintomas durante um longo período de tempo.
Com o passar dos anos, a síndrome pode piorar. “É habitual que exista algum agravamento dos sintomas ao longo da vida”, diz o especialista.
Ainda não se sabe qual é a origem desta doença. “Há estudos que apontam para o sistema nervoso central, indicando o envolvimento da dopamina”, diz Alexandre Mendes, referindo-se a um neurotransmissor muito conhecido por estar envolvido noutras doenças do movimento.
No entanto, num terço a metade dos casos, a síndrome surge em pessoas da mesma família, o que significa que estamos perante uma doença hereditária, que pode passar de geração em geração. Os indivíduos com a síndrome das pernas inquietas hereditária parecem ter o início dos sintomas em idades mais jovens.
Ao mesmo tempo, há outras doenças que podem estar associadas à síndrome das pernas inquietas, como a neuropatia periférica (quando há lesão dos nervos nas extremidades dos membros), a diabetes, a anemia, o défice de ferro e a insuficiência renal. Por isso, “estas condições devem ser excluídas nas pessoas com a síndrome das pernas inquietas”, sublinha o neurologista.
É importante ainda saber distinguir esta síndrome de outra doença chamada movimento periódico dos membros durante o sono. Estes movimentos não ocorrem quando a pessoa está acordada e apenas a descansar, mas já durante o sono, tal como o nome sugere. É caracterizada por movimentos que “envolvem os membros inferiores” e “podem consistir na dorsiflexão dos dedos, extensão do tornozelo e flexão do joelho e da coxa”. São geralmente lentos e podem ser muito numerosos. “Estão frequentemente associados a despertares do indivíduo”, diz o médico, destacando o impacto que também esta condição tem na qualidade do sono.
Como combater a síndrome
Apesar de não haver um tratamento que cure a síndrome das pernas inquietas, o neurologista explica que em muitos casos é possível melhorar os sintomas. “O tratamento com fármacos é bastante eficaz na maioria dos doentes, fazendo desaparecer todo o incómodo que a síndrome pode causar”, assegura Alexandre Mendes.