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10 passos para gerir o stresse no Natal

Colaboração
“Com tanto para fazer, como é que vou ter tempo para tudo?” “Os miúdos passam a véspera de Natal contigo ou comigo?”. Eis algumas estratégias para evitar conflitos como estes no Natal.

Chega o Natal e é a época de ir jantar a casa dos pais dele ou dela (mesmo que queira muito estar com os seus), uma divisão que se acentua ainda mais nas famílias reconstruídas, em que além das tradições com os avós se multiplicam as refeições com todos os elementos das novas famílias. A somar a isso, há a obrigatoriedade dos presentes. “Tenho mesmo de comprar para todos?”, estará a perguntar-se. Na verdade, existem outras soluções que reduzirão o seu stresse no Natal, a sua ansiedade, e até o ajudarão a maximizar o espírito natalício, de partilha e cuidado com o outro.

Júlia Machado, Psicóloga no Hospital Lusíadas Porto, deixa algumas estratégias para ter um Natal sem stresse e até para convencer todos os elementos a participar na sua construção. Esta é a época certa para relembrar a importância de união e a lidar com conflitos existentes.

1. Evite a ansiedade dos presentes fazendo listas... Pensar no que vai oferecer com antecedência vai ajudá-lo. A ansiedade surge porque existe uma sensação de falta de controlo sobre o processo e isso pode ocorrer porque se anda perdido à procura de presentes. Definir uma estratégia, saber o que se quer e onde se quer comprar, pode ser a solução para uma compra de presentes acertada e prazerosa.

2. ... ou oferecendo o seu tempo. Uma das estratégias para fugir ao stresse no Natal é aproveitar a mensagem de entrega ao outro desta época em vez de se focar no problema ("Estou ansioso porque ainda não tenho esta prenda. Como vou resolver isto?"). Pode decidir que a mensagem da época é a partilha e, em vez de ir à procura de um presente, oferecer um vale do seu tempo: para confecionar a ceia de Natal ou para fazer algo por alguém que realmente precisa, por exemplo. Ofereça o seu tempo aos outros, relembrando a necessidade de ajudar quem mais precisa nesta época. Por que não em vez de oferecer mais um presente, atribuir esse valor a uma instituição de solidariedade social?

3. Expandir a época. Como o Natal e a passagem de ano são épocas do ano emocionalmente mais intensas, é possível que os problemas geradores de sintomatologia depressiva ou ansiosa se agravem, como por exemplo, conflitos familiares (divórcio, filhos de pais separados), a solidão, o luto por alguém querido. Daí que se deva lidar com o que se sente com antecipação para que o dia ou os dias festivos não sejam difíceis.

4. Faça um planeamento prévio da gestão familiar. Quando se trata de escolher o local onde celebrar o Natal, pode haver conflitos entre casais e até entre pais divorciados. Quando se tem de gerir os filhos, depois de uma separação, pode ser benéfico um alívio da carga associada aos dias 24 e 25 de dezembro ao dividir a época festiva entre Natal e Passagem de Ano. Assim, não há apenas um momento-chave em que as crianças têm obrigatoriamente de participar e dividir-se, mas dois momentos.

5. Peça uma ajuda específica para evitar momentos de stresse no Natal. Esqueça o discurso muito comum entre casais de que "ele ou ela nunca ajudam em casa". Em vez dessa atitude culpabilizante, alimente uma outra, colaborante. Assim, distribua tarefas e envolva marido, mulher ou filhos nas tarefas específicas da época. Por exemplo, se ele não sabe cozinhar, peça-lhe ajuda para embrulhar os presentes ou montar a árvore. Este pedido de ajuda deve ser específico e sublinhar o sentido de comunidade da época natalícia: "Era importante que fizesses isto por todos nós."

6. Identifique os sinais de stresse. Não só em si, mas também nos seus entes queridos. Identificando os sinais, conseguirá aprender a regular o stresse, adotando comportamentos mais saudáveis para si e para os outros.  Por exemplo: quando a fonte de stresse provém da gestão de todas as responsabilidades ligadas à época, pode distribuir as tarefas, não só pelo companheiro ou companheira, mas também pela família toda. Exemplos: ir às compras, colocar a mesa, fazer a árvore ou cozinhar. Além de aliviar a carga, esta divisão de tarefas é também uma oportunidade para criar um Natal feito por todos, baseado na entre-ajuda, representando uma oportunidade de união.

7. Mude de perspetiva. Ou seja, substitua o “valor consumo” pelo “valor emocional”, oferecendo a sua ajuda, o tempo, dedicação e amor. Aproveite os momentos com os seus entes queridos e faça desta a sua prioridade, tirando proveito de algumas das lições da pandemia — nomeadamente, em relação à importância dos afetos e dos momentos de partilha. Gestos simples que fazem a diferença no nosso bem-estar e que resultam em memórias emocionais inesquecíveis. 

8. Aposte em atividades que unam a família. Jogos em família em que todos participem — como, por exemplo, o jogo do “Stop” ou jogos de tabuleiro — promovem as habilidades sociais e bem-estar, desenvolvendo ainda o espírito de equipa, habilidades cognitivas (aumenta a concentração e raciocínio) e interação entre todos, que, desta forma, sentem que fazem parte de um todo. 

9. Cuide de si. Ter tempo de cuidar de si impacta a forma como se relaciona com os outros: aproveite esta época para promover o seu bem-estar psicológico e físico, reservando também tempo para se dedicar ao que mais gosta de fazer, como, por exemplo, relaxar, ler um livro, cozinhar, estar com amigos que não vê há muito tempo, divertir-se com a sua família. Ao cuidar de si, dará a oportunidade aos outros para beneficiarem do seu bem-estar.

10. Valorize o momento presente. Aprenda a conviver com a incerteza, que faz parte da vida. 

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Revisão Científica

Dra. Júlia Machado

Dra. Júlia Machado

Hospital Lusíadas Porto

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