Facto ou mito: muco nasal verde é sinal de que se tem uma infeção?
O muco nasal torna-se mais notório pela sua cor, densidade e abundância durante as alergias, algumas infeções virais e bacterianas, e em doenças como a sinusite. Mas, na realidade, este é produzido diariamente e é transparente. Antes de nos preocuparmos com as situações atípicas descritas acima, vale a pena lembrar a função desta secreção.
Uma substância necessária
Apesar de ser mais evidente nas vias respiratórias superiores, como a região nasal e das fossas nasais, o muco não é produzido apenas aqui. Todo o tecido pulmonar o produz, assim como outros tecidos a que damos o nome de mucosas: a superfície da boca, do esófago, do estômago, dos intestinos, assim como o sistema urogenital.
Cada um destes órgãos tem especificidades únicas, o que influenciará a composição e a função desta substância. Por exemplo, a espessura do muco no estômago é de um milímetro e ajuda a proteger as células do estômago dos fluidos ácidos que são produzidos para a digestão. Mas o muco tem funções semelhantes nestes diferentes sistemas: hidrata os tecidos que estão em contacto com o exterior, impedindo-os de secarem.
Além disso, também tem uma função de proteção. O muco é composto por água, células epiteliais (que existem à superfície destes tecidos), leucócitos mortos, as células do sistema imunitário, e uma glicoproteína chamada mucina que dá uma consistência gelatinosa ao muco. Na região nasal e pulmonar, o muco aprisiona as substâncias e os organismos provenientes do exterior, impedindo-os de entrar no organismo.
Muco verde, amarelo, transparente e castanho
Muco transparente
Os humanos produzem todos os dias entre um litro e um litro e meio de muco. A maioria desce naturalmente pela garganta. Mas, às vezes, este líquido transforma-se: é mais espesso, muda de cor e torna-se abundante. Produz-se aquilo a que se chama vulgarmente o ranho e que obriga as pessoas a assoarem-se. Há várias situações que provocam estas alterações. Os ataques alérgicos são uma delas. A alergia acontece quando o sistema imunitário reage a uma substância exterior como o pólen. Neste caso, os mastócitos (uma classe de células do sistema imunitário) libertam histaminas que provocam comichão, espirros e produção de muco nasal transparente.
Muco verde ou amarelo
Noutros casos, o muco pode tornar-se amarelo ou verde. Esta mudança de cor está associada ao trabalho dos neutrófilos (outra classe de células do sistema imunitário). Estas células são ativadas durante infeções bacterianas, mas também em situações mais benignas como as constipações – que são causadas por vírus e passam rapidamente. Os neutrófilos produzem uma enzima de cor esverdeada e quando estão em grande número esta enzima acaba por alterar a cor do muco. Muitas vezes, ouve-se dizer que a produção de muco verde está associada a uma infeção bacteriana pulmonar que tem de ser tratada com antibiótico, mas isso nem sempre é verdade. Uma vulgar constipação pode causar a produção deste muco e infeções bacterianas no ouvido não o fazem. É preciso estar atento a outros sintomas como a febre e o congestionamento nasal.
Cor acastanhada
Às vezes, o muco ganha uma coloração acastanhada. Esta cor indica frequentemente a existência de células sanguíneas. O constante assoar e a pressão que se faz na zona nasal podem causar rebentamentos nos pequeninos vasos sanguíneos que irrigam aquela região, deixando escapar um pouco de sangue que se mistura com o muco e passa de vermelho a castanho. Em poucas quantidades, este fenómeno não é problemático. Mas se a presença de sangue tornar-se frequente e for abundante, então é melhor ir ao médico.
O que fazer quando o nariz está congestionado?
Todas as pessoas já terão passado dias a assoarem-se por causa de uma constipação ou de outra doença. No entanto, há quem sofra regularmente deste problema devido às alergias. Nesta situação, é possível tomar-se anti-histamínicos que bloqueiam a histamina e acalmam os sintomas da alergia. Um efeito secundário destes fármacos é a sonolência. Quando se está muito congestionado, é possível recorrer à água do mar esterilizada, à venda nas farmácias, para lavar as vias respiratórias e aliviar o congestionamento.