Superfícies e COVID-19: que cuidados de higiene se deve ter?
O novo coronavírus (SARS-CoV-2), lembra a Direção-Geral da Saúde (DGS), pode transmitir-se por contacto direto e por contacto indireto, através de gotículas expelidas para superfícies. “À luz do conhecimento atual pensa-se que o SARS-CoV-2 pode permanecer nas superfícies durante pelo menos 48 horas. Se não houver uma limpeza e desinfeção adequada, e o aumento da sua frequência, as superfícies podem constituir-se como reservatórios de vírus e de outros microrganismos”, lê-se num documento de orientação para a limpeza e desinfeção de superfícies em estabelecimentos de atendimento ao público ou similares.
A transmissão por via de contacto indireto ocorre, explica a mesma fonte, “através das mãos, que tocam nas superfícies contaminadas com as gotículas expelidas pelas pessoas infetadas e que depois são levadas à cara, à boca ou ao nariz inadvertidamente, sem termos feito a higiene das mãos.” Este tipo de transmissão pode, por isso, ocorrer quando tocamos em qualquer superfície contaminada, incluindo um objeto pessoal como o telemóvel. Fique a saber como fazer a limpeza desta e de outras superfícies de contacto diário.
Telemóvel
Segundo a DGS, em média tocamos no telemóvel mais de 2 mil vezes por dia, pelo que a sua desinfeção é muito importante. Para o fazer, deve começar por desligar o telemóvel e remover-lhe a capa. Depois, deve usar toalhitas para bebé, que podem ser humedecidas em detergente ou álcool a 70%, e limpar bem todas as superfícies, do ecrã ao teclado e parte de trás do telemóvel.
Preparação e confeção de alimentos
Segundo a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) não existe evidência de qualquer tipo de contaminação através da ingestão de comida cozinhada ou crua. “Contudo, e aplicando o princípio da precaução, o reforço das medidas de higiene e limpeza é altamente aconselhado porque as boas práticas reduzem claramente a concentração de vírus e diminuem eficazmente a probabilidade de contaminação.”
Neste âmbito, a DGS recomenda que se lave muito bem as mãos antes e enquanto se está a confecionar as refeições, tendo o cuidado de lavar adequadamente os alimentos crus e cozinhar e empratar a comida a temperaturas adequadas. Não se deve partilhar comida ou objetos entre pessoas durante a sua preparação, confeção e consumo. Em todos os momentos, devem ser adotadas as medidas de etiqueta respiratória. É de evitar, também, a contaminação entre comida crua e cozinhada e deve fazer-se a desinfeção das bancadas de trabalho e das mesas com produtos apropriados.
Móveis e casas de banho
Os móveis e outros equipamentos podem ser limpos com toalhitas humedecidas ou com desinfetante ou álcool a 70%, mas sempre com uma limpeza prévia com água e sabão. Já as casas de banho devem ser lavadas e desinfetadas com produtos de limpeza mistos que tenham detergente e desinfetante.
Encomendas
Segundo a Organização Mundial da Saúde, é seguro receber encomendas de áreas afetadas pela COVID-19. “A probabilidade de uma pessoa infetada contaminar bens comerciais é baixa e também é baixo o risco de apanhar o vírus que causa a COVID-19 através de uma embalagem que foi movida, viajou e foi exposta a diferentes condições e temperaturas”, justifica a organização.
Informação do site do Serviço Nacional de Saúde aponta no mesmo sentido: “Como os coronavírus têm uma reduzida capacidade de sobrevivência em superfícies, o risco de transmissão por produtos alimentares ou embalagens, enviados num período de dias ou semanas à temperatura ambiente, refrigerada ou congelada, é reduzido.” Ainda assim, mais uma vez aplicando o princípio da precaução, estes objetos poderão ser desinfetados à semelhança de outras superfícies.
Superfícies metálicas
A DGS esclarece que “as superfícies metálicas ou outras não transmitem diretamente o vírus. Só transmitem o vírus se se tocar as mãos numa superfície suja ou com secreções respiratórias ou gotículas que contenham partículas virais e se levar, posteriormente, as mãos à boca, ao nariz ou aos olhos.” O contágio pode ser evitado “se as superfícies forem lavadas regularmente”.
Roupa e sapatos
Segundo a DGS, os sapatos devem ser deixados à entrada de casa e a roupa, roupa de cama e toalhas devem ser lavadas na máquina, na maior temperatura possível (acima de 60 °C), utilizando detergente de máquina. Se possível utilizar máquina de secar a roupa e ferro na maior temperatura permitidas pelas roupas em questão. Lavar as mãos após tratamento de roupas sujas. Evitar sacudir a roupa de cama enrolando-a no sentido de dentro para fora, fazendo um “embrulho”.
Outras superfícies
A DGS lembra que, quando tossimos ou espirramos, libertamos gotículas, pelo que é preciso limpar as superfícies com a maior frequência possível, especialmente corrimões, maçanetas, interruptores e botões de elevadores, com uma solução de quatro litros de água e cinco colheres de lixívia. Devemos começar por colocar luvas e roupa protetora, lavar as superfícies com água e detergente e depois aplicar água com lixívia: deixar atuar durante 10 minutos, enxaguar com água quente e deixar secar. No final, retirar as luvas, que devem ser descartadas, e voltar a lavar as mãos.
Em suma
Segundo a DGS, o tempo que o vírus sobrevive nas superfícies “pode variar dependendo das condições, como por exemplo o tipo de superfície, a temperatura ou humidade do ambiente.” Para que não haja acumulação de vírus nas superfícies, “na nossa própria casa ou em espaços públicos, a frequência de limpeza deve ser aumentada” e “deve utilizar-se detergente e desinfetante comum de uso doméstico – é suficiente usar lixívia ou álcool”. Já a Organização Mundial da Saúde aconselha a limpar com desinfetante qualquer superfície que se pense que possa estar infetada, bem como a lavar as mãos com água e sabão ou limpá-las com uma solução à base de álcool, evitando tocar nos olhos, boca e nariz.
Para mais informações poderá consultar o manual "Saúde e Atividades Diárias - Medidas Gerais de Prevenção e Controlo da COVID-19", da Direção-Geral da Saúde.