O que fazer quando o bebé tem febre?
A febre, em si, não é uma doença, mas um sinal: é uma defesa do nosso organismo que visa essencialmente optimizar os mecanismos de combate às infeções, que são as principais causas de febre – particularmente as infeções víricas -, e inibir o crescimento e replicação dos microorganismos. Mas o que se deve fazer quando uma criança tem febre?
Para José Manuel Aparício, responsável do Atendimento Urgente Pediátrico do Hospital Lusíadas Porto, um dos passos mais importantes passa por saber diagnosticar a febre: “É frequente ouvir dizer que a criança tem febre porque está quente, sem qualquer registo”, conta o pediatra, acrescentando que a temperatura identificada varia em função dos locais de registo. “Por vezes, os pais usam termómetros de aproximação à região frontal [cabeça] e interpretam esse local anatómico como se fosse a axila, tímpano ou região anal pois os valores com frequência são diferentes”, alerta José Aparício.
Considera-se que há febre se:
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Temperatura axilar
A temperatura axilar for superior a 37,5 - 37,7 ºC
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Temperatura retal/timpânica
A temperatura retal/timpânica for superior a 38 - 38,2 ºC
O que fazer quando o seu filho tem febre
“A criança deve ser despida para que se efetue arrefecimento natural, podendo mesmo ser aplicadas na pele toalhas de água morna ou colocação da criança em água morna - nunca fria”, afirma José Aparício, notando um comportamento errado dos pais no que se refere aos habituais calafrios: “É importante salientar que os calafrios que algumas crianças apresentam e que perturbam os adultos, quando estes vêem a criança a tremer, levam muitos familiares e cuidadores a colocar mais roupa na criança podendo, assim, contribuir para agravar o quadro de febre.”
Aliado às medidas de arrefecimento natural, os pais podem pois, segundo José Aparício, administrar medicamentos que contenham substâncias como o paracetamol ou o ibuprofeno, mas sempre de acordo com as orientações do médico assistente.
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Quando levar uma criança com febre às urgências?
“Numa situação de febre em que o estado geral da criança preocupa os pais, ou à qual se associa prostração, vómitos persistentes, diarreia abundante e frequente, dificuldade respiratória, alteração do discurso, dor abdominal intensa, queixas urinárias, aparecimento de manchas na pele (principalmente nas primeiras 24h do quadro febril), a criança deve ser observada pela Pediatria em regime de urgência/Atendimento Permanente”, explica o médico.
Quando se fala de febre é inevitável não pensar nas temidas convulsões febris. Muitas pessoas associam-nas a temperaturas mais elevadas, mas a maior parte das convulsões surge na chamada “subida térmica”. Ou seja, o início do pico febril em que o organismo está ainda a começar a elevar a sua temperatura para combater a infeção. É precisamente por esse motivo que as convulsões surgem, habitualmente, com temperaturas entre os 38 - 39 ºC.
“Mas só em alguns casos as temperaturas febris elevadas podem traduzir situações clínicas de maior gravidade, como infeções no sangue, pulmão, rim ou do sistema nervoso central”, esclarece o pediatra, destacando ainda que as convulsões febris aparecem em quadros de crianças “geneticamente suscetíveis ou com patologia de base” e não são comuns. Ocorrem geralmente em “cerca de 2 a 5% das crianças entre os 6 meses e os 5 anos de idade”.
Medidas a adotar quando o bebé tem febre:
- Não o agasalhar demasiado;
- Colocá-lo em repouso;
- Oferecer-lhe líquidos;
- Promover uma temperatura ambiente confortável.
Mitos e erros
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O crescimento dos dentes causa febre?
Muitos autores defendem que a dentição produz apenas dentes. No entanto, há situações em que a gengiva se inflama, quando há o rompimento de um dente, e assim sendo poderá surgir febre, muito embora sempre baixa.
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Deve-se friccionar a pele com álcool?
Não. As fricções com álcool não devem ser usadas pelo perigo de intoxicação e de grande baixa da temperatura, uma vez que o álcool provoca a vasodilatação.
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Uma temperatura corporal mais elevada significa que se está perante uma doença grave?
Nem sempre. Mais importante que medir a temperatura é valorizar o estado geral da criança, principalmente quando baixa a febre.
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Dar medicação para a febre pode mascarar o que se passa com a criança?
Sim. Se a criança estiver bem-disposta, os antipiréticos são dispensáveis, uma vez que a sua principal função é aliviar o desconforto causado pelo pico febril.
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Um banho gelado baixa a febre?
Um banho muito frio não é indicado pois apesar de diminuir a temperatura da pele, engana os recetores de temperatura do corpo e pode gerar um aumento da temperatura corporal. O ideal é sempre um banho morno.
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Se a testa e a barriga da criança estiverem quentes, então ela está com febre.
Ter a testa, as mãos ou qualquer parte do corpo mais quente não indica febre. O ideal é usar um termómetro para medir a temperatura.
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Até aos 37,8 ºC não é necessário medicar a criança.
Entre 37,4 e 37,8 ºC a criança está "subfebril" e geralmente não é necessário medicar. No entanto, é importante observar a criança e, caso a temperatura suba e ela se mostre quieta, indisposta, é necessário procurar um médico.
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Revisão Científica
Prof. Dr. José Manuel Aparício
Coordenador da Unidade de Atendimento Permanente Pediátrico