10 passos para o seu filho ser (ainda mais) feliz
1. Deixá-lo “cair” mais vezes
Há conselhos que, apesar de bem-intencionados, são para usar com moderação. “Tem cuidado...”, “Mais devagar!” e “Desce daí!” não só retiram o gozo do “perigo” a algumas brincadeiras como, garantem os especialistas, é nefasto para o desenvolvimento da autonomia das crianças. Correr riscos promove a capacidade de adaptação e reação a novas situações e desenvolve a autoconfiança pela sensação de superação. Mesmo para os mais pequeninos, é benéfico, com supervisão, deixá-los cair e levantar (e se necessário ajudar).
A idade da criança determina o leque de escolhas a oferecer até a maturidade permitir perguntas abertas. Mas nunca é cedo demais para começar e aos dois ou três anos já se pode deixar a criança tomar pequenas decisões, como a de comer uma pera ou uma maçã depois da refeição. Incentivar a tomada de decisões transmite à criança a noção de respeito pela sua opinião e, a longo prazo, promove a segurança, a capacidade de autorregulação e a responsabilidade.
3. Dar-lhe mais tempo para brincar
A brincadeira livre, não-dirigida, ajuda ao desenvolvimento motor da criança e não só. Estudos como os que têm vindo a ser desenvolvidos pela Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa revelam existir uma correlação entre um maior tempo de recreio (o dispêndio de energia e a liberdade de brincadeira) e uma maior capacidade de atenção na sala de aula. Isso mesmo defende também a psicóloga norte-americana Kathy Hirsh-Pasek, que no livro “Einstein teve tempo para brincar”, alerta para o facto de a falta de tempo livre na agenda das crianças aumentar o risco de, no futuro, se tornarem adultos mais ansiosos e menos criativos.
4. Estimular o otimismo
Todos sabemos que “olhar para o lado positivo das situações” é mais fácil de dizer do que fazer. Mas a psicóloga norte-americana Karen Reivich, autora do livro “A criança otimista”, deixa na obra algumas dicas para ajudar os filhos a ultrapassar derrotas e fracassos.
“Se ele está atrasado na leitura, explique que cada um aprende ao seu ritmo, e ofereça-se para o ajudar a melhorar; se não conseguiu um papel na peça de teatro da escola, diga-lhe que percebe a deceção dele e proponha-lhe uma sugestão para aumentar as hipóteses da próxima vez...”, exemplifica a especialista. Validar os sentimentos de deceção e desilusão primeiro e, depois, estimular o desenvolvimento de um plano para atingir os objetivos pretendidos é a estratégia defendida pela psicóloga para incentivar o otimismo nos mais novos.
5. Partilhar tempo com ele
A rotina apressada do dia a dia não facilita a vida dos pais, mas é importante que haja momentos de partilha e de conversa em família. Mesmo que seja pouco tempo, é importante que essa partilha aconteça todos os dias. Poderá, por exemplo, privilegiar a hora das refeições, nomeadamente o jantar, para, sem distrações televisivas ou do telemóvel (nem dos filhos, nem dos pais!), juntos, partilharem o seu dia.
6. Promover a resolução de problemas
Ajudar imediatamente a resolver os conflitos que surgem entre as crianças é a tendência natural dos pais. Mas, segundo a psicóloga norte-americana Myrna Shure, autora do livro “Raising a Thinking Child”, um título que em português significará como educar uma criança capaz de pensar por si própria, há que não ceder a essa tentação.
A especialista defende que “as crianças se tornam mais confiantes quando se sentem capazes de negociar o que querem”, e garante que até as crianças mais novas conseguem resolver os seus problemas sozinhas, quando incentivados a procurar uma solução.
Num dos estudos citados por Myrna Shure, crianças de quatro anos foram testadas em situações como a de verem outra criança tirar-lhes o seu carrinho preferido. Foi-lhes perguntado: “Como achas que podemos resolver a situação de forma a poderes brincar outra vez com o teu carrinho?” e alguns dos participantes deram respostas maduras como “Posso dizer-lhe que é mais divertido brincar comigo em vez de brincar sozinho com o carrinho...”.
7. Mostrar-lhe o mundo vai fazê-lo mais feliz
Viajar é aprender. Mas não é preciso enfiá-los num avião durante oito horas para aterrar noutro continente para lhes abrir os horizontes. Visitar um museu, fazer uma viagem de comboio a outra cidade, participar numa festa popular, proporcionar o convívio com pessoas de diferentes culturas ou experimentar um restaurante com comida tradicional de outro país são sugestões fáceis de pôr em prática no dia a dia.
8. Apostar na imaginação
Os mais pequenos gostam de brincar ao “faz-de-conta” e os especialistas defendem que contar e recontar histórias é uma das melhores maneiras de estimular a criatividade dos mais novos e ajudá-los a desenvolver a linguagem (ferramentas que mais tarde os ajudarão a ter um melhor desempenho escolar). Mas até os mais velhos gostam de conversas de fazer sonhar - e desafiá-los a imaginar o futuro, indo além da pergunta “O que queres ser quando fores grande?”.
9. Experimentar coisas novas
O conselho é válido na generalidade e aplica-se a um sem número de situações. É importante que as crianças experimentem vários desportos, diferentes atividades curriculares, que desenvolvam o gosto por hobbies e tenham os seus próprios interesses. Experimentar é a palavra de ordem e é fácil encontrar programas que desafiem toda a família, sem esquecer a atividade física. Por exemplo, uma “caça ao tesouro” torna-se um ótimo pretexto para uma boa caminhada.
10. Ajudar os outros
Envolver os mais novos nas tarefas domésticas não só os torna mais autónomos como os faz sentir mais úteis e valoriza o seu papel na dinâmica familiar. Mas se, além disso, “a criança tiver a oportunidade de participar num projeto maior, melhor ainda”, defende a já citada psicóloga norte-americana Kathy Hirsh-Pasek. O voluntariado, por exemplo, “torna as crianças mais confiantes”. Pedir-lhes a sua colaboração mostra-lhes também que “as tarefas dos adultos requerem esforço”, o que as torna mais preparadas para enfrentar o futuro.