O ensino e as novas tecnologias
"A escola do futuro não é necessariamente uma escola repleta de tecnologia, é aquela que permite a cada aluno desenvolver os seus próprios talentos, que promove um ensino diferenciado, onde os alunos são desafiados a pensar, a explorar, a comunicar e a criar. A 'escola do futuro' deve derrubar as paredes da sala de aula e os muros da escola, permitindo ao aluno a interação com o mundo e deixando que o mundo tome parte no processo educativo."
Esta é a visão de Rui Lima, diretor pedagógico do Colégio Monte Flor, em Carnaxide, que está entre as 80 escolas mais inovadoras do mundo, segundo a Microsoft. As novas tecnologias já chegaram a esta escola primária do concelho de Oeiras, mas o modelo de ensino é o tradicional. "É necessária uma mudança de paradigma. Para quando? Para ontem!", alerta Rui Lima. A escola tem de se adaptar à sociedade de hoje: mais exigente, mais dinâmica, mais interativa. Para este professor, é tempo de mudar a dinâmica da sala de aula.
"É preciso promover outras experiências de aprendizagem. É aqui que entra a tecnologia, como mais uma ferramenta e não em substituição do lápis, do caderno ou do livro. Para que o conhecimento ganhe sentido, o professor Rui Lima defende ainda um ensino individualizado, "onde os alunos sejam desafiados a comunicar, a trocar ideias uns com os outros, com especialistas, com pessoas que lhes enriqueçam a aprendizagem, mesmo fora da sala de aula". A interação é fundamental.
O cérebro e a aprendizagem
Com as novas tecnologias, a matéria dada nas aulas ganha vida através de vídeos e de uma série de possibilidades interativas. Efetivamente, "a facilidade de acesso a estes estímulos pode, quando bem utilizada, facilitar alguns processos de aprendizagem", diz José Vale, Coordenador da Unidade de Neurologia do Hospital Lusíadas Lisboa. Nomeadamente em alunos com mais dificuldades ou mesmo problemas cognitivos. Mas alerta: "Ter acesso a informação não quer dizer ter conhecimento, muito menos sabedoria.
Esta só acontece quando os estímulos ganharam, de facto, um significado relevante e essa aquisição se adaptou numa estrutura neuronal em desenvolvimento." O especialista esclarece ainda que "o desenvolvimento intelectual resulta da construção de um equilíbrio progressivo entre a aquisição de nova informação e a sua integração de forma adaptada à estrutura em desenvolvimento. Esta aprendizagem é facilitada pelas emoções e pela repetição. Os estímulos devem ocorrer nos tempos corretos e de acordo com o desenvolvimento intelectual. Este exercício deve ser estimulado e trabalhado (repetido). Se forem respeitados estes princípios, o cérebro vai aprender", assegura.
Ensino ao longo da vida
É um facto que as novas tecnologias obrigam a uma aquisição contínua de conhecimentos pois, se por um lado criam novos empregos e novas profissões, por outro implicam a aquisição de competências específicas para as desempenhar. A aprendizagem é, assim, contínua e determinante.
Fruto, não só, da assimilação pura de informação, mas também da interação entre todos os intervenientes do processo educativo – professores, alunos, formadores e profissionais. Rui Lima tem uma fórmula – "Um ensino do século XXI é aquele capaz de promover as competências para este século: a colaboração, a criatividade, o pensamento crítico, a comunicação, a literacia digital, o empreendedorismo ou a capacidade de trabalhar em contextos culturais diversificados." E remata: "Uma educação para o mundo real, não uma educação obcecada com testes, exames e formatação de pensamento e ideias".
Leia o texto completo na edição da revista Lusíadas, premiada nos Content Marketing Awards de 2015.