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É mesmo saudável reunir a família

Colaboração
Desde os primeiros batimentos cardíacos, há um elemento agregador que nos devolve o sentimento de pertença e identidade: a família.

Seja numerosa ou com poucos membros, a família marca a vida dos seus elementos. Sensações, memórias, conflitos e partilhas, desejos satisfeitos ou por satisfazer, alegrias, estímulos, triunfos, angústias, sonhos, tudo pode girar em torno do universo familiar.
A união e o convívio familiares desempenham um papel fundamental na construção do indivíduo. “Um por todos, todos por um”, o lema dos três mosqueteiros, pode ser um bom ponto de partida para entendermos a importância de reunir a família. Mais do que juntá-la, é crucial uni-la, seja qual for o pretexto para o fazermos.

Criar laços entre os mais novos e os mais velhos

As reuniões familiares podem ter um efeito benéfico para a saúde dos mais novos e dos mais velhos. Mantêm abertas as linhas de comunicação, reforçam os laços entre todos e dão uma noção de continuidade e renovação. “A relação entre as pessoas, as partilhas, o conhecimento mútuo, as histórias que se contam, o convívio entre várias gerações tem sempre vantagens.”, refere Inês Figueiredo, psicóloga na Clínica Lusíadas Almada. 
Os mais velhos deixam-se conquistar pelos risos dos mais pequenos e, muitas vezes, quebram rotinas de vidas solitárias. “Renovam-se e veem a vida de uma maneira diferente através do olhar das crianças, experimentando vivências que podem ser benéficas para o seu bem-estar emocional", menciona.
Mas também os mais velhos são inspiradores, pelo seu percurso pessoal, pelo reforço positivo que dão a crianças e adolescentes e pela disponibilidade que têm para os jovens. No caso dos avós e dos netos, por exemplo, “os mais jovens têm experiências que não têm com os pais e conhecem histórias que nunca tinham ouvido falar, guardando saberes e aprendizagens que ficam para toda a vida”. 
No entanto, as reuniões familiares também têm um potencial de conflito. Os filtros sociais que aligeiram muitas das relações tendem a ser postos de lado na segurança da família. Mas também por isso os encontros familiares podem ser tão ricos, ensinando a gerir conflitos e reforçando o espaço de liberdade em que as partes podem expor e partilhar livremente os pensamentos. 
“A família é o primeiro grupo social onde a criança vive e que lhe assegura o seu bem-estar físico e emocional. É neste contexto, com base nos convívios e vivências relacionais, que irá estruturar a sua personalidade. As representações das relações familiares podem ser depois evocadas e experimentadas noutros ambientes (escolar, profissional, social) ao longo da vida”, esclarece a psicóloga.  

A importância dos rituais familiares

Datas festivas, como aniversários ou o Natal, são os momentos mais óbvios para as reuniões familiares e são relevantes na construção de laços familiares fortes. Mas o mais importante não são os rituais familiares em si, diz Inês Figueiredo, porque nem todas as famílias os têm, mas sim as experiências relacionais prazerosas que caracterizam estes momentos e a forma como são vividos.
“Nesses momentos familiares, todas as partilhas e trocas que advêm daí, há sempre uma conversa, há sempre um tema que vem ao de cima, que alguém se lembra”, salienta. “As crianças beneficiam muito ao compreenderem a história da sua família, a árvore genealógica, o que aconteceu com os avós, com os pais”, acrescenta.

Organizar encontros e atividades

Muitas vezes somos absorvidos pela rotina, no entanto, há formas simples de quebrarmos a falta de iniciativa. Pode-se por exemplo decidir que todos os meses há um encontro e ir rodando o organizador.
Deste modo, todos se sentem mais empenhados nos encontros e é uma forma de variarem mais. Piqueniques, concertos, peças de teatro, passeios no jardim, jogos tradicionais, atividades radicais, visitas a museus, tertúlias, não faltam hipóteses de juntar a família.

Partilhar as refeições em família à mesa

As refeições em família, mesmo que nem sempre sejam possíveis, ajudam à apreensão de padrões de organização e disciplina. “Regras são muito importantes para a criança: a hora de refeição e o horário para dormir ajudam-na a organizar-se”, explica a psicóloga. 

Também favorecem bons hábitos alimentares. Desde logo, o consumo de frutas e legumes, que por recomendação da Organização Mundial da Saúde deve ser de 400 gramas diários. “Crianças que vivem uma alimentação saudável vão ter tendência para repetir mais tarde o seu modelo de alimentação saudável”, diz.
Além da saúde, as refeições em conjunto têm mais benefícios: são uma excelente oportunidade para se conversar sobre tudo, olhos nos olhos, com atenção às mínimas expressões. “Pode ser um momento em que os filhos sentem que os pais estão mais disponíveis, em que possam falar de alguma coisa que aconteceu na escola e que não tenha corrido bem, assim como um momento de partilha de desejos, de projetos a realizar em família,  de aprendizagem de regras alimentares e sociais”, justifica. 
E a ocasião pode também ser a ideal para planear novas refeições, alimentando assim a cadeia dos encontros à mesa.

Cozinhar em conjunto

No cardápio dos benefícios gastronómicos podem incluir-se os encontros na cozinha. 
Cozinhar com as crianças fortalece a educação alimentar, com diversão à mistura, e desenvolve competências imprescindíveis à adoção de comportamentos alimentares saudáveis e seguros. Nestes momentos joga-se a importante luta contra a obesidade infantil, que pais, tios ou avós devem ajudar a prevenir. 
“É muito importante que as crianças tenham contacto desde cedo com os alimentos e com a possibilidade de os confecionar junto de adultos de referência. Essa possibilidade é uma aprendizagem muito rica que reforça a sua autonomia, confiança e segurança. Ficam felizes por serem capazes de cozinhar e, desde cedo, podem compreender mais facilmente o que é uma alimentação saudável”, afirma a psicóloga. 
 

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Revisão Científica

Dra. Inês Figueiredo

Dra. Inês Figueiredo

Clínica Lusíadas Almada

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