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Cancro do estômago: identificar e tratar

Isabel Claro, gastrenterologista do Hospital Lusíadas Lisboa, dá a conhecer o cancro gástrico, a terceira causa de morte por cancro para ambos os sexos, em todo o mundo.

Portugal conta com o maior número de mortes por cancro do estômago da União Europeia (EU), e ocupa o sexto lugar a nível mundial. A região norte é a mais afetada, obtendo a taxa mais elevada da UE. A doença, que afeta duas vezes mais homens que mulheres, é mais comum em algumas partes do mundo, como o Japão, a Coreia, algumas zonas da Europa Oriental e América Latina.

Nestas regiões, a alimentação é rica em alimentos defumados ou conservados através de sal ou vinagre. Pensa-se que a ingestão de alimentos conservados desta forma possa ter um papel importante no desenvolvimento do cancro do estômago, que tem vindo a diminuir de forma global, possivelmente devido à cada vez maior preservação dos alimentos através do frio (refrigeração e congelação).

O factor mais importante para o cancro gástrico é a infeção pela bactéria Helicocabter pylori.

Cancro do estômago: o que é?

“O adenocarcinoma gástrico, que corresponde a 90% dos cancros gástricos (cerca de 10% correspondem a outros tipos de cancro como sejam os tumores neuroendócrinos e os linfomas gástricos), resulta de uma complexa interação ou combinação, entre fatores ambientais e genéticos”, explica a gastrenterologista do Hospital Lusíadas Lisboa, Isabel Claro.

Fatores ambientais

  • Dieta desequilibrada: consumo elevado de sal e reduzido de frutas e vegetais;
  • Infeção pela bactéria Helicobacter pylori;
  • Tabagismo.

Fatores genéticos

“Quanto aos fatores genéticos têm que ver com a nossa constituição genética, podendo estar ou não presentes genes mais suscetíveis”, esclarece Isabel Claro.

Sintomas 

  • Dor persistente (epigastralgias), podendo melhorar ou agravar-se com a ingestão de alimentos;
  • Náuseas;
  • Vómitos;
  • Enfartamento persistente;
  • Falta de apetite e emagrecimento.

A força da genética

Cerca de 90% dos cancros do estômago, ou gástricos, são esporádicos, isto é, surgem sem antecedentes familiares. No entanto, em 10% de todos os casos identifica-se historial familiar e, em 1-3%, a agregação familiar resulta da existência de uma síndrome hereditária, causado por uma mutação num gene, transmitido de pais para filhos.

Prevenção

  • Aumentar o consumo de frutas e vegetais frescos;
  • Limitar o consumo de sal (incluindo alimentos processados);
  • Reduzir o consumo de bebidas alcoólicas.

Diagnóstico

  • Sempre que houver sintomas é necessário investigar a causa, o que passa habitualmente pela realização de uma endoscopia digestiva alta.
  • Na ausência de sintomas, se houver história familiar de cancro de estômago, deverá ser efetuada endoscopia com pesquisa da bactéria Helicobacter pylori e, se esta estiver presente, terá de ser tratada com antibióticos.
  • Se na história familiar se identificarem vários familiares com cancro gástrico ou houver associação com outros tipos de cancro, deve ser sugerida uma consulta de risco familiar, na qual será definido um programa de vigilância específico.

Tratamento do cancro gástrico

Quando a doença está localizada, o tratamento indicado é a cirurgia. Em muitos casos, é efetuada quimioterapia antes e depois da mesma (quimioterapia péri-operatória). Nos últimos anos, face ao desenvolvimento da endoscopia terapêutica avançada, alguns cancros em fase inicial podem ser tratados através de endoscopia.

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