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Dermatite de contacto: o que é e como se trata? 

A dermatite de contacto é uma doença muito comum. Descubra em que consiste e como se trata, neste artigo da Dra. Iolanda Alen Coutinho, Imunoalergologista no Hospital Lusíadas Porto.

A dermatite de contacto é uma doença cutânea inflamatória comum e não infeciosa que ocorre após contato direto ou indireto com substâncias que são prejudiciais à pele. 

O sintoma dominante é o prurido/comichão. No entanto, outros sintomas podem surgir, tais como sensação de ardência, dor ou queimadura.

A apresentação clínica pode variar dependendo do agente desencadeante e da reatividade do indivíduo, mas na maioria dos casos, as lesões estão confinadas principalmente ao local de contacto. 

Que tipo de lesões são mais comuns? 

As lesões agudas consistem em placas eritematosas/avermelhadas, endurecidas e escamosas. Vesiculação e bolhas podem ser observadas em casos mais graves. O edema pode ser proeminente em áreas onde a pele é fina, como pálpebras, lábios e genitais.

As lesões crónicas caracterizam-se pela presença de zonas escamosas e mais espessas como resultado de acantose, hiperqueratose, edema e infiltração celular na derme. Liquenificação e fissuras podem desenvolver-se posteriormente. As alterações secundárias incluem escoriação ou impetiginização.

Tipicamente a distribuição das lesões cutâneas é localizada às áreas da pele que entram em contato com o alérgeno ou irritante. No entanto, podem ocorrer distribuições irregulares ou difusas.

Tipos de dermatite de contacto: irritativa e alérgica

A dermatite de contacto irritativa (DCI) é a forma mais comum de dermatite de contacto, podendo estar ou não associada à presença de dermatite de contacto alérgica (DCA). A DCI apresenta-se como uma doença complexa e multifatorial, afetando mais frequentemente as mãos, resultante da exposição da pele a irritantes. É influenciada pela presença de fatores intrínsecos, como antecedentes genéticos,  juntamente com fatores extrínsecos, como o próprio meio ambiente. Um irritante pode causar lesão direta na pele em qualquer indivíduo, se aplicado em concentração, quantidade e tempo  suficientes.  A concentração do irritante e a duração da exposição determinará a gravidade da doença.  

A exposição repetida a um irritante leva à rutura da barreira cutânea e à liberação de mediadores pró-inflamatórios pelos queratinócitos, induzindo a reação eczematosa que pode afetar diferentes componentes da epiderme.

A natureza física do irritante, em particular o seu pH, influenciará o grau de penetração na epiderme. A sua prevalência é maior em indivíduos cuja profissão implique a exposição da pele a líquidos e/ou utilização de  luvas oclusivas por mais de 2 horas por dia, ou necessidade frequente de higienização das mãos (por exemplo, mais de 20 vezes por dia).

Os irritantes podem ser sabonetes, detergentes, champôs, solventes, óleos, agentes de limpeza, desinfetantes, ácidos, álcoois, poeiras, fibras de vidro, plantas e uma série de produtos químicos diversos. Além disso, podemos ainda ter o papel dos irritantes físicos no desenvolvimento da doença, tais como sudorese sob oclusão, fricção, calor e frio.

A dermatite de contacto alérgica (DCA) é causada por uma reação de hipersensibilidade tardia, do tipo IV, a um ou vários alergénios que penetram na pele. 
A alergenicidade é determinada pela capacidade da molécula em penetrar na camada externa (córnea) da pele, através das suas propriedades lipofílicas e reatividade química. A duração mínima do processo de sensibilização é de aproximadamente 10 a 14 dias. 

Os alergénios mais frequentes são os metais, fragrâncias, produtos cosméticos, antibióticos tópicos, conservantes, produtos químicos usados em produtos para os cabelos, corticosteróides tópicos, colas, plásticos e borrachas.

Como é feito o diagnóstico da dermatite de contacto? 

O diagnóstico da dermatite de contacto é baseado na combinação de:
1)    Características clínicas (morfologia, localização e sintomas) das lesões cutâneas;
2)    História de exposição a um suposto alergénio;
3)    Resultados dos testes epicutâneos / testes de contacto ou “patch tests”;
4)    Avaliação da recorrência após tratamento empírico da dermatite e evicção do alergénio suspeito, que pode resultas no pedido de outros exames complementares de diagnóstico.

Se não for tratada, a dermatite de contacto pode evoluir de uma forma aguda para uma dermatite eczematosa subaguda e depois crónica, apresentando impacto negativo na qualidade de vida, particularmente no bem-estar psicológico, social e profissional.

O tratamento assenta nos seguintes tópicos:
1)     A evicção do alergénio causador de doença  pode resultar na resolução completa da doença;
2)    A proteção da pele – cremes barreira e os cremes emolientes -  com objetivo de conferir proteção e ajudar a manter a integridade da barreira cutânea;
3)    Tratamento farmacológico – A abordagem ao tratamento depende da gravidade, do(s) local(is) envolvido(s), da resposta à terapêutica instituída, podendo variar desde terapêutica imunossupressora/imunomoduladora tópica a sistémica. 

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Revisão Científica

Dra. Iolanda Alen Coutinho

Dra. Iolanda Alen Coutinho

Hospital Lusíadas Porto
Clínica Lusíadas Gaia
Hospital Lusíadas Santa Maria da Feira

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