Urticária: o que é e que tratamentos existem
A urticária é uma condição caraterizada pelo aparecimento de pápulas (lesões cutâneas com edema central associadas a eritema/vermelhidão, prurido ou sensação de queimadura e natureza flutuante), angioedema (aumento súbito e mal delimitado das mucosas – tipicamente na zona dos lábios, em redor dos olhos e nas extremidades, associados a dor e/ou prurido) ou ambos.
Um episódio de urticária durante a vida pode ocorrer em cerca de 10% da população em geral. Trata-se de uma condição mais comum em mulheres e é tão frequente em adultos como em crianças.
Esta é uma doença mediada pelas células presentes na pele denominadas de mastócitos, cuja desgranulação é considerada o evento inicial, resultando na libertação de vários mediadores inflamatórios, tais como histamina, fator ativador das plaquetas, ácido araquidónico e os seus metabolitos, TNF-alfa, IL-1, IL-4, IL-5, IL-6, IL-8, IL-16, e outras citocinas que levam à ativação de nervos sensoriais, vasodilatação e extravasamento de plasma, assim como recrutamento celular para as lesões de urticária.
Urticária aguda e crónica
A urticária, dependendo da sua duração, pode ser aguda ou crónica. A urticária aguda pode ter na sua origem diversas causas, desde: infeções; reações alérgicas a medicamentos; alimentos ou picadas de insetos; reações a medicamentos associadas às propriedades farmacológicas, como por exemplo narcóticos e anti-inflamatórios não esteróides; urticária de contacto, por exemplo a produtos cosméticos; entre outras causas.
A urticária crónica classifica-se em espontânea, física/induível (de contato, ao calor, ao frio, dermografismo, entre outros) ou ambas. Outras causas mais raras como distúrbios hormonais, doenças hematológicas e auto-imunes também podem estar associadas ao surgimento de urticária crónica.
O diagnóstico de urticária aguda é baseado na clínica (história e exame objetivo), podendo, por vezes, ser necessário a realização de exames complementares de diagnóstico.
Já o diagnóstico de urticária crónica apresenta 3 objetivos:
1) excluir diagnósticos diferenciais;
2) avaliar a atividade da doença, o seu impacto e controlo - a utilização de vários questionários é imprescindível na uniformização da avaliação, para ser possível fazer comparações e avaliar a eficácia terapêutica;
3) identificar desencadeantes de exacerbações ou, quando indicado causas subjacentes.
Importante referir que os doentes com urticária crónica apresentam elevadas taxas de ansiedade, depressão e doenças somáticas, com metade a ser afetado por mais do que 1 destas condições. São claramente um fator que agrava a qualidade de vida, podendo representar uma possível causa/consequência de urticária crónica.
Nem todos os fatores precisam ser investigados em todos os doentes, e o primeiro passo para a avaliação diagnóstica é a história clínica seguida do exame objetivo.
Elevada atividade da doença associa-se frequentemente a diminuição da qualidade de vida e a baixos níveis de controlo de doença.
Tratamento da urticária
O objetivo do tratamento é tratar a doença até desaparecer por completo. A abordagem terapêutica da urticária envolve a identificação e eliminação das causas subjacentes, evicção de fatores desencadeantes, indução de tolerância e/ou uso de terapêutica farmacológica que previna a desgranulação mastocitária com libertação e/ou o efeito dos mediadores mastocitários libertados. O tratamento deve seguir o princípio de tratar o máximo necessário, com o mínimo possível, de acordo com o curso da doença.