Hipertiroidismo: o que é?
O que é o hipertiroidismo?
O hipertiroidismo é uma doença da glândula tiroide, caracterizada pela produção em excesso de hormonas tiroideias. Estas hormonas são essenciais para a regulação do organismo, de uma forma global; contribuem para a regulação da frequência cardíaca, da tensão arterial, da produção de calor, do funcionamento digestivo, da produção de energia, entre outras. Na situação de hipertiroidismo, todo este controlo do organismo é afetado. É o contrário de hipotiroidismo, doença em que a glândula da tiroide não produz hormonas em quantidade suficiente.
Como afeta o organismo?
A produção em excesso de hormonas na tiroide provoca a aceleração de todas as funções do organismo, levando a um quadro de debilidade geral. Em casos raros, se não for tratada, pode levar a uma crise tireotóxica, uma situação grave, com risco de insuficiência cardíaca e morte.
Quem é afetado?
Tal como em todas as doenças da tiroide, o hipertiroidismo afeta muito mais as mulheres do que os homens. Surge mais frequentemente entre os 30 e os 50 anos, embora existam registos de casos em crianças, jovens e idosos.
Causas
Existem diversas causas possíveis para a produção excessiva de hormonas tiroideias:
Doença de Graves
É a causa mais comum de hipertiroidismo e caracteriza-se pela produção de anticorpos pelo organismo, que estimulam a tiroide a funcionar em excesso. Trata-se de uma doença autoimune, tem uma base genética, mas a sua origem ainda não é totalmente conhecida pelos especialistas. Em alguns casos, manifesta-se meses após uma situação de stresse agudo. Associa-se geralmente ao aumento de volume da glândula (bócio).
Nódulo hiperfuncionante ou tóxico
Trata-se de um nódulo da tiroide, normalmente com grande volume, que começa a produzir hormonas em excesso.
Bócio multinodular tóxico
Aumento do volume da glândula da tiroide, associado à existência de vários nódulos que produzem hormonas em excesso; surge habitualmente em pessoas mais velhas, já com antecedentes de bócio multinodular.
Medicação
Dosagem excessiva de medicação com hormona da tiroide, que leva também a um quadro de hipertiroidismo. Nestes casos, não é um problema da própria glândula, mas sim de um desajuste na dosagem da medicação.
Ingestão excessiva de iodo
Algumas medicações contêm iodo, que, em algumas circunstâncias, pode estimular a tiroide.
Sintomas
- Taquicardia (aumento da frequência cardíaca), palpitações;
- Cansaço extremo; fraqueza muscular;
- Emagrecimento, embora o apetite se mantenha inalterado ou mesmo aumentado;
- Sensação de calor;
- Sensação de agitação interior;
- Aceleração do trânsito intestinal;
- Aumento da transpiração;
- Tremores;
- Irritabilidade, labilidade emocional;
- Alterações menstruais na mulher;
- Olhos dilatados e salientes (no caso da Doença de Graves).
Diagnóstico
O diagnóstico é feito a partir dos sintomas descritos pela pessoa afetada e pela observação da pessoa e a confirmação é feita através de uma análise sanguínea, realizada sem necessidade de jejum. Poderão ser necessários outros exames para determinação da causa do hipertiroidismo.
Como se trata
O tratamento do hipertiroidismo pode ser feito de três formas distintas, consoante as causas da produção excessiva de hormonas, a idade da pessoa e o seu historial médico. Eis as opções:
Medicação oral (fármacos)
É, por norma, o tratamento inicial do hipertiroidismo, com fármacos específicos (antitiroideus de síntese). Trata-se de um tratamento que se prolonga, em média, durante um ano, com elevada taxa de recaída da doença. Pode acarretar alguns efeitos colaterais, devendo ser orientado por um endocrinologista.
Iodo-131
Tratamento à base de iodo radioativo, através da ingestão de uma cápsula. Esta é uma terapêutica eficaz, de mínimo risco e com dosagens controladas. Em geral, o iodo-131 pode ser indicado para qualquer pessoa adulta, exceto grávidas, mulheres que planeiam engravidar nos próximos seis meses ou em amamentação. Pode estar contraindicado nas pessoas com doença de Graves e oftalmopatia. O seu efeito faz-se ao longo de meses após o tratamento, podendo ser necessária a sua repetição; ao longo do tempo poderá desenvolver-se hipotiroidismo, situação facilmente controlada com terapêutica de substituição.
Cirurgia
É sobretudo indicada para casos de bócios volumosos, embora seja eficaz nas várias causas de hipertiroidismo. O tipo e a extensão da cirurgia variam de acordo com a causa da doença. Perante casos de Doença de Graves e bócios multinodulares tóxicos, a tiroide é removida completamente. No caso de um nódulo hiperfuncionante, é indicado retirar apenas a metade da tiroide onde está o nódulo.