Sarna humana ou escabiose: conheça esta doença de pele
O que é
Com o nome científico de escabiose, a sarna é uma infestação da superfície da pele por um ácaro especificamente da pele dos humanos: Sarcoptes scabiei. O contágio acontece através de contacto pele a pele - por exemplo, entre elementos do mesmo agregado familiar ou através de contactos sexuais; pode também surgir em contactos curtos como quando se dá a mão ou se cumprimenta alguém infestado; pode acontecer raramente através de roupas, toalhas ou lençóis infestados. Não é transmitida por cães ou gatos.
Lares, zonas de internamento de hospitais e outras instituições são locais de risco, onde pode haver epidemias deste problema, que pode afetar qualquer pessoa, em qualquer idade e de qualquer estrato social, embora contactos mais promíscuos possam aumentar o risco.
Quais os sintomas
O principal sintoma da sarna é o prurido. Uma comichão muito intensa e predominantemente ao fim do dia e à noite, interferindo com o sono. O organismo reage aos ácaros que estão na superfície da pele e não é preciso serem muitos, bastam cinco, dez, quinze no máximo.
Existe, no entanto, uma variante de sarna que envolve milhares ou até milhões de ácaros. Geralmente surge em pessoas com alguma forma de compromisso da imunidade, como um linfoma ou HIV. Ou então em pessoas que têm algum atraso da cognição ou que não têm qualquer cuidado corporal. É pouco habitual, mas são situações muito contagiosas.
Sinais
Os sinais de sarna surgem no meio dos dedos, nos pulsos, nas axilas, à volta dos mamilos, nos genitais ou nas nádegas. À volta do umbigo também é muito comum. No caso das crianças pequenas, surgem na cabeça, nas palmas e nas plantas.
- Pápulas escoriadas | As pessoas coçam muito, então aparecem o que as pessoas descrevem como borbulhas arranhadas.
- Galerias | São a lesão mais clássica, pequenos túneis escavados pelos ácaros debaixo da pele. São as fêmeas que escavam os túneis, vão escavando, depositando ovos e deixando um rasto de fezes. São galerias muito pequenas, de 15 mm no máximo, às vezes nem se conseguem ver.
Contágio
As pessoas podem estar infestadas e só ter comichão passado semanas, porque o que provoca comichão não é o ácaro, é a reação do sistema imunitário contra ele. Na primeira vez que a pessoa é infestada, o sistema imunitário demora 3 a 4 semanas a gerar sintomas e, neste período, pode estar a contagiar outras pessoas. Depois do tratamento, o prurido pode
persistir várias semanas até resolver. Na próxima vez que a pessoa é contagiada, a comichão aparece muito mais rapidamente, 3 a 4 dias depois, porque a pessoa já teve contacto com o ácaro anteriormente.
Diagnóstico da sarna ou escabiose
Habitualmente o diagnóstico é clínico. A história clínica permite perceber as queixas típicas e a história epidemiológica procura identificar se há ou houve contactos com os mesmos sintomas. Pode ser necessário recorrer a meios complementares de diagnóstico: a dermatoscopia, exame que permite ver de forma ampliada os indícios do ácaro e as galerias; e a raspagem, que permite ver a pele ao microscópio e detetar, por exemplo, os ovos do aracnídeo.
Formas de tratamento da escabiose
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Oral e tópico
O tratamento mais eficaz da escabiose é a ivermectina oral, um comprimido que manipulamos, um anti-parasítico. No entanto, existem também agentes tópicos acaricidas que se aplicam sobre a pele e matam o ácaro.“São, no fundo, inseticidas que se aplicam topicamente. Existem vários tipos, como o benzoato de benzilo e o enxofre tópico, mas o principal, mais eficaz e seguro é a permetrina, que usamos muito frequentemente. Em grávidas privilegia-se a permetrina e o enxofre. Em recém-nascidos a opção mais segura será também o enxofre.
O tratamento tópico é feito habitualmente durante um a três dias consecutivos, repetindo-se passadas uma ou duas semanas, já que podem eclodir mais ovos dos ácaros, justifica o especialista, que alerta: Os tratamentos tópicos têm de ser aplicados em todos os centímetros quadrados de pele, da cabeça aos pés. É que áreas como as pregas da pele - à volta do ânus, genitais, meio dos dedos das mãos e dos pés - e até mesmo as costas são muitas vezes negligenciadas.
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Cuidados a ter em conta
Embora o ácaro não seja viável fora da pele mais do que um dia a um dia e meio, a roupa de cama e do corpo usada no dia do tratamento deve ir toda para lavar a 60º; casacos, edredons e cobertores deverão ser colocados a a arejar ao sol; os sofás e colchões deverão ser aspirados.
Por outro lado, todo o agregado familiar deve fazer o tratamento, mesmo que ainda não tenha sintomas: Muitas vezes a pessoa faz o tratamento e o resto do agregado familiar não faz; pode ainda não ter comichão, mas tem de fazer na mesma. É por haver sempre pessoas que não fazem o tratamento ao mesmo tempo que a sarna é tão difícil tratar em instituições.
Depois do tratamento, o prurido pode persistir até quatro semanas, o que não quer dizer que a infestação continue. Podem, até, aparecer nódulos (bolas grandes vermelhas, mais comuns nos genitais). É uma reação do sistema imunitário contra a infestação, mas também eles conseguem ser resolvidos.
Complicações e como evitar
A complicação mais comum da escabiose são as infeções cutâneas secundárias: Como o prurido é muito intenso, a pessoa coça muito até fazer ferida, criando pequenas escoriações onde podem entrar bactérias e causar infeções. A solução é evitar coçar, algo que é muito difícil, podendo ter de se recorrer a anti-histamínicos. Devem ser aplicados hidratantes que reduzem o prurido e repõem a barreira cutânea. Opções com mentol ou calamina podem ajudar a reduzir os sintomas.
No entanto, os hidratantes só devem ser usados para recuperar a pele depois do tratamento, não devendo ser misturados com os acaricidas: Os hidratantes podem diluir o tratamento, só devendo ser utilizados para recuperar a pele depois do tratamento. O mais importante é acabar com o ácaro.
Prevenção
A única forma de evitar o contágio é evitar tocar em pessoas com escabiose. Mas a pessoa pode ter o ácaro, não ter comichão e contagiar uma série de outras. Por isso, devem ser tratadas simultaneamente todas as todas as pessoas que tenham sintomas, todos os habitantes da mesma casa, os prestadores de cuidados (amas, auxiliares) e os contactos sexuais de pessoas infectadas.
Tome nota
Existem acaríases de animais que podem provocar alguma comichão nos humanos, mas não há transmissão de animais para pessoas.