PMA: quando a ciência ajuda a vencer a infertilidade
Ana (nome fictício), aos 30 anos, decidiu ser mãe. Aparentemente saudável nunca pensou que teria tantas dificuldades em engravidar e sofrer de infertilidade.
“Tinha finalmente a vida organizada e, pela primeira vez, senti-me preparada para ter filhos”, refere. Após um ano de tentativas falhadas, consultou Daniela Sobral, médica ginecologista do Centro de Procriação Medicamente Assistida (PMA) do Hospital Lusíadas Lisboa e descobriu ter ovários policísticos, o que dificultava a fecundação.
O marido não apresentava qualquer tipo de problema relativamente à fertilidade. Ana procedeu, então, à estimulação hormonal, mas sem resultados positivos. Após vários testes, foi descoberto o motivo: tinha as trompas obstruídas e com infeção assintomática, que tiveram de ser retiradas por laparoscopia.
Exemplo de coragem
Mulher de fibra, Ana – que prefere manter o anonimato porque a família e amigos nunca chegaram a saber as dificuldades pelas quais passou – não baixou os braços: “Pensei que se não engravidasse por meios naturais seria por outros, mas não duvidei de que iria engravidar”, conta.
Fez um ciclo de injeções hormonais, devidamente controladas através de testes sanguíneos para não se dar a hiperestimulação, que causa aumento de peso e a possibilidade de gerar gémeos.
O dia a dia incluía idas diárias ao hospital para que o agendamento da retirada do óvulo fosse acertada. Posteriormente seria fertilizado in vitro. “Os exames eram muito rápidos”, recorda Ana. “Em dez minutos chegava ao hospital e voltava ao trabalho; era já uma rotina”.
Engravidou, mas o feto deixou de se desenvolver às oito semanas e teve que ser retirado. “Nunca pensei em desistir de ser mãe”, conta, “apesar de ser fisicamente penoso, principalmente quando os óvulos são retirados”.
Percurso turbulento com final feliz
Se da primeira vez que engravidou não considerou o fracasso, da segunda vez, após seis meses de pausa nos tratamentos, e um ciclo de estimulação hormonal, Ana temeu o pior.
Até porque nos primeiros dois meses foi obrigada a ficar de repouso absoluto em casa. Mas tudo correu pelo melhor e acabou por dar à luz, por via de parto normal, uma menina saudável. Confiante de que poderia repetir o processo, acabou por engravidar novamente, após dois anos e duas fertilizações in vitro.
Devido ao descolamento da placenta às quatro semanas, passou a maior parte de tempo de gravidez em repouso, mas hoje, aos 37 anos, é mãe de duas meninas, uma com 3 anos e outra de 8 meses. A mais nova foi batizada com o nome da médica do Centro de Procriação Medicamente Assistida (PMA) que a acompanhou ao longo deste processo, moroso mas compensador.