Maternidade: um guia da gravidez ao parto
Acompanhamento médico na gravidez
Idealmente, é ainda antes de engravidar que a mulher deve consultar o médico, o que ajuda a uma melhor preparação para a maternidade. Isso possibilita detetar atempadamente e, se possível, tratar, um eventual problema de saúde, através de análises e testes para despistagem de diversas doenças.
Nesta fase da gravidez é aconselhável adotar hábitos saudáveis e a eliminação de práticas nocivas, como o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas. O consumo de cafeína e de bebidas com cafeína deve ser reduzido. O impacto em situações extremas pode ser semelhante ao tabaco.
Se a mulher não estiver a ser acompanhada pelo médico ainda antes de engravidar, deve marcar uma consulta de obstetrícia entre duas a quatro semanas após a ausência de menstruação, ou seja com 6 semanas de gestação. É na primeira consulta de obstetrícia que o médico vai proceder à observação clínica, calendarização da gravidez, e avaliar o estado geral da saúde da mulher, história clínica e existência de patologias ou antecedentes familiares (da mulher e do companheiro).
Vai também verificar se as vacinas se encontram em dia (nomeadamente a do tétano) e solicitar análises ao sangue e à urina. É também necessário que a grávida continue com a toma de um suplemento pré-natal, ácido fólico e iodo. Na presença de patologias que requerem acompanhamento específico, existem especialistas da área da Obstetrícia, Genética, Endocrinologia, Nutrição ou Reumatologia (dependendo da patologia) que, no âmbito da Consulta de Alto-Risco, asseguram um acompanhamento diferenciado para que a maternidade decorra com estabilidade e serenidade.
Sinais de alarme durante a gravidez
No primeiro trimestre, o maior risco é o de aborto espontâneo, situação bastante comum e cuja causa, geralmente, não é concreta. No segundo trimestre, existe o risco de aborto tardio e pode surgir a diabetes gestacional, patologia que geralmente desaparece após o parto mas que pode ter consequências na saúde da mãe e do bebé.
No último trimestre os principais riscos são a doença hipertensiva da gravidez (por ex: pré-eclampsia) e a ameaça de parto pré-termo. Assim, os principais sinais de alarme a que a grávida deve estar atenta – e que podem surgir isoladamente – são:
- Dor abdominal ou contrações;
- Hemorragia genital;
- Suspeita de perda de líquido amniótico;
- Redução da perceção dos movimentos fetais;
- Prurido corporal progressivo;
- Dores de cabeça intensas.
Perante qualquer um destes sintomas, a grávida deve procurar o seu médico assistente, ou dirigir-se de imediato ao hospital.
Exames de diagnóstico pré-natal
No espectro dos exames solicitados com este objetivo temos:
- Rastreio bioquímico efetuado no 1º trimestre,;
- Biópsia das vilosidades coriónicas;
- Amniocentese;
- Ecografia (por exemplo a ecografia morfológica).
O Diagnóstico Pré-Natal (DPN) permite a deteção de anomalias cromossómicas e assegura, através da avaliação ecográfica do feto (com pelo menos três exames efetuados ao longo da gravidez), o bem-estar do feto, sob o ponto de vista funcional e orgânico.
Estilo de vida e alimentação na gravidez
A gravidez, por ser exigente em termos físicos, implica a adequação do estilo e ritmo de vida. Assim, e como foi já referido, importa abolir hábitos nocivos como o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas, ter horários regulares para as refeições, evitar esforços físicos e controlar o stresse. Para que a mãe mantenha um peso adequado e para que o bebé obtenha os nutrientes essenciais ao seu desenvolvimento, exige-se uma alimentação saudável – diversificada e equilibrada. Isso não significa comer por dois.
Infografia elaborada com a colaboração da Unidade de Nutrição Clínica do Hospital Lusíadas Lisboa.
Atenção
A carne, o peixe e os ovos devem ser sempre bem cozinhados e a grávida não deve ingerir produtos lácteos não pasteurizados. Ao fazer refeições fora de casa, deve evitar marisco, saladas, maionese e doces que sejam feitos com ovos crus. Em casa, os legumes e a fruta devem ser sempre lavados antes de serem consumidos. Se estiver grávida no verão, os cuidados devem ser redobrados.
Exercício físico
Praticar exercício durante a gravidez, com conta, peso e medida, ajuda a prevenir o excesso de peso, melhora o humor e os níveis de energia. No entanto, é fundamental que a grávida se aconselhe com o obstetra antes de começar a fazer exercício físico, para que este avalie se é seguro para si e para o bebé.
Também deve pedir indicações ao médico, nomeadamente quanto à periodicidade e intensidade, cuidados a ter, e, também, sobre o que deve comer e beber antes e depois do exercício físico. É essencial que faça aquecimento e alongamentos previamente e interrompa imediatamente se sentir algum tipo de desconforto.
Se este não passar consulte o seu obstetra. Para que se sinta confortável, deve optar por vestuário prático e não se esquecer que tem de usar um soutien que suporte adequadamente as mamas. Entre as modalidades benéficas na gravidez incluem-se caminhar em terreno plano, nadar ou pedalar numa bicicleta estática. O limite do exercício físico é o cansaço. Todo o tipo de desportos radicais ou que impliquem pressão na zona abdominal estão desaconselhados.
Preparação para o parto e visita à maternidade
O curso de preparação para o parto permite aos pais esclarecerem dúvidas e proporciona-lhes uma aprendizagem teórica e prática sobre a gravidez, o parto e o regresso a casa.
Os pais podem agendar, através de uma simples inscrição, uma visita à maternidade para conhecerem as diferentes áreas em que a grávida vai permanecer ao longo da sua permanência no hospital.
O que levar para a maternidade
Para que possa começar a fazer a mala com antecedência, eis o que não deve esquecer:
O momento mais esperado: o parto
No dia do parto, a mãe ficará num quarto individual com o acompanhante, onde permanecerão até ao momento do período expulsivo, altura em que a grávida é encaminhada para a sala de parto (existem salas para o parto por cesariana e para o parto vaginal).
Enquanto evolui o parto, os batimentos cardíacos do bebé são monitorizados, através do aparelho de cardiotocografia (CTG). A analgesia do parto (na maior parte dos casos, a epidural) será disponibilizada à parturiente sendo administrada por uma equipa especializada de anestesistas.
Em situações de parto pré-termo, as maternidades do Hospital Lusíadas Porto e do Hospital Lusíadas Lisboa estão preparadas para receber o bebé prematuro e prestar-lhe todos os cuidados necessários, cumprindo os requisitos definidos pela normativa em vigor, no que concerne aos diferentes tipos de Serviços de Obstetrícia em hospitais privados.
Primeiros cuidados ao bebé
Quando o bebé nasce, o neonatolotogista faz uma observação detalhada aos órgãos e sistemas. Vai também ser vacinado contra a Tuberculose (Vacina BCG) e Hepatite B. É realizado o “Teste do Pezinho” (entre o terceiro e o sexto dia de vida) e o Rastreio Auditivo Neonatal.
Amamentação
Apesar de, em certos casos, a amamentação poder não ser um processo muito simples, requer um período de adaptação e, como foi atrás mencionado, uma enfermeira da Unidade Materno-Infantil estará disponível para auxiliar a mãe a ultrapassar eventuais obstáculos. Poderá também recorrer a um terapeuta da fala, que ajudará o bebé a aprender a mamar. Os benefícios da amamentação, tanto para o bebé como para a mãe, são amplamente reconhecidos e vale a pena ser persistente.
Pós-Parto
Quando é dada a alta médica à mãe e ao bebé e a família regressa a casa, é-lhes fornecido um contacto telefónico para o qual poderão ligar se surgirem dúvidas – sobre cuidados a administrar ao bebé, sobre a amamentação, entre outras. Uma situação que ocorre no puerpério, e com relativa frequência é a incontinência urinária; situação que pode resultar do parto, entre outras causas, e que condiciona a recuperação da puérpera.
É importante, nesta situação, que a mãe evite o consumo de bebidas alcoólicas ou com cafeína, e que tente manter o trânsito intestinal regularizado. Em alguns casos é necessário recorrer à ajuda da fisiatria, associar medicação e, em alguns casos, realizar uma cirurgia.
Outro problema comum durante o pós-parto é a chamada depressão pós-parto e os blues puerperais. O processo de adaptação, a fadiga e as alterações hormonais que ocorrem nesta fase podem ter um impacto significativo na mãe. Ao bebé imaginário sucede o bebé real. Embora geralmente os sintomas sejam discretos e desapareçam com o tempo, se persistirem após várias semanas ou se agravarem, podemos estar perante uma depressão, o que implica ajuda especializada. Os sinais de alarme mais comuns incluem:
- Cansaço intenso;
- Perda de alegria;
- Dificuldade em adormecer;
- Culpabilidade;
- Isolamento;
- Dificuldade em criar laços com o bebé;
- Pensamentos agressivos.
Para prevenir a depressão pós-parto, é importante que a mãe repouse o suficiente e reserve algum tempo para si. Para consegui-lo, deve pedir ajuda ao companheiro e familiares para cuidar do bebé e para a realização das tarefas domésticas, conversando abertamente sobre o que está a sentir.
Também é importante ter uma alimentação equilibrada e fracionada e praticar exercício físico – depois de aconselhamento médico prévio. O exercício físico ajuda a mãe a estabilizar o humor, a distrair-se e, em simultâneo, ajuda-a a recuperar a forma física e recuperar o seu peso ideal.
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