Os sintomas da depressão na gravidez
A gravidez está associada a sentimentos de profunda felicidade, mas ao mesmo tempo traz consigo grandes mudanças. Estas alterações, registadas num momento em que a mulher se pode sentir especialmente frágil, podem conduzir à depressão na gravidez. Nesse quadro, saber identificar os sintomas da depressão é importante para se agir o mais cedo possível.
"Este é um período em que se processam muitas alterações hormonais e é, por isso, uma altura extremamente vulnerável. Sem acompanhamento e tratamento adequado, as perturbações mentais podem alterar as respostas fisiológicas e comportamentais da mãe", alerta por isso Ana Peixinho, médica psiquiatra, indicando os sintomas da depressão na gravidez a que se deve estar atento.
Sintomas da depressão na gravidez
A depressão perinatal (durante a gravidez) apresenta semelhanças com outros quadros depressivos, embora tenha algumas características específicas. Para identificá-la é preciso estar atento aos sinais:
- Tristeza;
- Perda de interesse ou do prazer nas atividades habituais;
- Alterações não previsíveis no peso ou no apetite;
- Alterações do sono (insónia ou hipersónia);
- Fadiga ou perda de energia;
- Sentimentos de desvalorização ou culpa;
- Diminuição da concentração;
- Lentificação ou agitação psicomotora;
- Pensamentos sobre a morte.
Os sintomas podem ainda estar associados a manifestações de ansiedade, que incluem:
- Preocupação ou medo, constante ou excessivo;
- Inquietação;
- Alterações do sono;
- Irritabilidade;
- Aceleração do pensamento;
- Pensamentos ou imagens intrusivos;
- Dificuldade de concentração;
- Comportamentos compulsivos;
- Crises de pânico com dificuldade em respirar, dor no peito, palpitações ou tonturas.
Consulta de especialidade
Saber identificar os sintomas da depressão, acompanhar e tratar a doença é determinante para o futuro da mulher e da sua família. "Cerca de 10% da população sofre deste tipo de depressão, que ainda é subdiagnosticada e pouco valorizada. No entanto, pode levar a uma depressão mais grave no pós-parto e ao estabelecimento de uma depressão crónica", revela Ana Peixinho.
O aconselhamento médico deve ser procurado se os sintomas da depressão se prolongarem no tempo e aumentarem de intensidade.
Os Hospitais Lusíadas Monsanto e Lisboa já disponibiliza uma consulta de Psiquiatria Perinatal com o objetivo de diagnosticar e tratar das doenças psiquiátricas associadas à maternidade. A consulta pode ser marcada por iniciativa própria em qualquer momento: desde o planeamento da gravidez até ao primeiro aniversário do bebé.
A medicação durante a gravidez
"É importante esclarecer que, sempre que necessário, é possível fazer medicação durante a gestação, tornando este momento mais estável", esclarece a especialista acrescentando que é possível fazê-lo mesmo a amamentar. Não se pode, no entanto, descurar o acompanhamento profissional e alertar o médico para quaisquer alterações sentidas e não desejadas.
Patologias depressivas prévias
No caso de haver um diagnóstico de depressão anterior à gravidez é importante não suspender a terapêutica psicofarmacológica antes da conceção ou durante a gravidez. É que esta fase "precipita descompensações perinatais em 70 por cento das mulheres grávidas com patologia depressiva e em 74% das mulheres com o diagnóstico de doença bipolar", alerta a psiquiatra.
"As mulheres com patologia psiquiátrica prévia ou que se inicia durante a gravidez devem ser acompanhadas em consulta de Psiquiatria Perinatal e receber um tratamento adequado e eficaz em cada uma das etapas da gestação, parto, puerpério e amamentação", conclui Ana Peixinho.
Este artigo foi útil?
Revisão Científica
Dra. Ana Peixinho
Coordenador da Unidade de Psicologia , Psiquiatria , Neuropsicologia