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Hiperidrose: o que é e como se trata

Colaboração
Esta disfunção nervosa caracteriza-se pela produção abundante de suor nas mãos e axilas.

Capaz de gerar grande mal-estar, a hiperidrose caracteriza-se por episódios diários em que certas regiões do corpo, como as palmas das mãos e as axilas, começam a suar. “O suor abundante aparece sem uma razão aparente, estando mais relacionado com situações de ansiedade ou stresse”, explica Javier Gallego, médico e coordenador da Unidade de Cirurgia Torácica do Hospital Lusíadas Lisboa. A causa desta disfunção é nervosa e a resposta mais eficaz é uma cirurgia que incapacita um nervo.


Suar em excesso

Através das glândulas sudoríparas, o corpo reage a situações de calor ou de atividade física, libertando suor e promovendo o arrefecimento do organismo. A hiperidrose altera completamente este sistema de refrigeração. “A hiperidrose é uma disfunção que ocorre pela hiperestimulação das glândulas sudoríparas écrinas presentes nas palmas das mãos, axilas e pés, por causa de uma alteração do nervo simpático”, diz o médico.
 
As glândulas sudoríparas écrinas são aquelas cujo canal excretor abre diretamente na superfície da pele. Situam-se por todo o corpo e respondem a estímulos de calor e atividade. As apócrinas, que não estão ligadas a esta disfunção, libertam o seu conteúdo na derme, mais precisamente na base dos pelos. Localizam-se nas axilas, regiões genitais e mamilos, e são ativadas em momentos de stresse e excitação sexual.
 
A hiperidrose produz normalmente transpiração nas mãos, nas axilas, nos pés, mas pode afetar o couro cabeludo e a face. Estas são as regiões onde existe um maior número de glândulas écrinas. Por alguma razão, um gânglio do nervo simpático situado na região torácica dispara impulsos aleatórios que fazem aquelas glândulas produzirem suor. Quando isso acontece, “a transpiração nas palmas das mãos é abundante, deixando-as realmente molhadas”, descreve o especialista.


Constrangimentos e ansiedades

Potenciada pelo stresse e ansiedade, esta situação causa grande desconforto, podendo mesmo ser um obstáculo à vida social. “Além de ser uma condição médica, a hiperidrose causa angústia e ansiedade nos portadores desta disfunção, já que a transpiração excessiva aparece sob a forma de manchas nas roupas e mãos húmidas, causando constrangimentos nas relações profissionais e pessoais.”
 
Além disso, o problema pode ser retroalimentado pelo próprio constrangimento. As situações de ansiedade, normalmente associadas aos momentos de interação social, são aquelas que provocam mais transpiração localizada nas mãos e axilas, que por sua vez vão provocar ainda mais ansiedade. “O stresse gerado em resposta a essas emoções pode agravar o quadro”, resume o médico.


Características da hiperidrose

Não se conhece nenhuma doença associada à hiperidrose. Normalmente, as pessoas que apresentam esta disfunção nervosa são jovens e saudáveis. Os primeiros sinais do problema costumam surgir durante a infância, agravando-se com o passar do tempo.
 
Segundo Javier Gallego, há frequentemente uma relação hereditária associada a esta condição. “Têm vindo à consulta pai e filho, dois irmãos, mãe e filha, e sabemos que existe muitas vezes história familiar de hiperidrose.”
 
A hiperidrose é um problema de origem do sistema nervoso e não do sistema hormonal ou endócrino. Por isso, o médico distingue ainda a hiperidrose de situações em que a transpiração é generalizada, surgindo em todo o corpo. Nestes casos, “pode tratar-se de um problema endócrino ou de outras causas”, explica.


Tratamento e cirurgia

Existem tratamentos tópicos, aplicados diretamente nas áreas afetadas pelo excesso de transpiração, que podem melhorar a doença. Apesar de estes tratamentos não terem grandes efeitos secundários, Javier Gallego explica que são transitórios e que “não vão resolver o problema de forma definitiva”. 

Mas há outra solução: “A cirurgia é o tratamento mais definitivo para resolver o problema de transpiração palmar, axilar e plantar.”
 
A simpaticectomia torácica superior bilateral videoassistida é uma cirurgia que consiste na incapacitação do gânglio nervoso que estimula a sudorese anormal nas mãos, nas axilas e nos pés. “São feitas duas pequenas incisões no tórax, por onde o cirurgião introduzirá um clip de titânio para isolar o gânglio responsável pela produção de suor na região afetada pela hiperidrose. Cessando os impulsos aleatórios, cessará também a produção excessiva de suor”, explica o especialista, que garante que esta é uma técnica minimamente invasiva.
 
O efeito da cirurgia é muito significativo, uma vez que os benefícios do procedimento são imediatos. “As pessoas ficam livres de constrangimentos e preocupações constantes e podem finalmente ter uma melhor qualidade de vida”, garante Javier Gallego.
 

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Revisão Científica

Prof. Dr. Javier Gallego

Prof. Dr. Javier Gallego

Coordenador da Unidade de Cirurgia Torácica

Hospital Lusíadas Lisboa
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