É no dia 31 de dezembro que habitualmente se faz uma lista de resoluções para o ano que vem, mas, não é novidade que, após algumas tentativas na implementação de novos hábitos, a maioria das pessoas vai perdendo o foco, voltando às suas rotinas antigas.

No entanto, há formas de combater esses obstáculos. A Prof. Dra. Ana Cláudia Fernandes, Psicóloga Clínica no Hospital Lusíadas Braga, fala-nos de algumas estratégias e truques que pode usar para manter estas mudanças na sua vida, a longo prazo. 
 
Porque resistimos à mudança?
 
A razão por detrás da resistência que sentimos à mudança é a inércia. O corpo resiste à mudança, pois este, por defeito, prefere a estabilidade.
 
Esta resistência à mudança é importante para manter a homeostase – uma função que ajuda o corpo a manter o equilíbrio. A homeostase ajuda o corpo a manter uma temperatura corporal normal, a regular o metabolismo, a manter o peso, entre outras funções essenciais para a nossa sobrevivência. A homeostase funciona como um termómetro – e qualquer mudança de hábitos faz com que seja ativada esta sensação de “inércia”, que não é nada mais do que o corpo a proteger-se.
 
Por isso, é normal que haja uma resistência do corpo a grandes mudanças.
 
 
Alguns conselhos para manter as mudanças a longo prazo
 
 
1. Foque-se num objetivo de cada vez: é comum escolher-se várias coisas – talvez seja a pressão das 12 passas na mão a funcionar. No entanto, não é realista nem saudável mudar várias coisas ao mesmo tempo. Tente estabelecer prioridades e, se tiver um terapeuta ou até um amigo ou parente próximo, peça-lhe ajuda para identificar aquilo que é mesmo mais importante mudar na sua lista de resoluções.
 
2. Faça um plano detalhado para o concretizar: não basta escolher um objetivo – é necessário fazer um plano de como o vai conseguir alcançar. Foque-se nas várias etapas necessárias, lembre-se que as mudanças mais sustentáveis demoram, e veja o que pode fazer em cada mês do ano, para estar mais perto desse objetivo;
 
3. Não repita sempre as mesmas resoluções: escolher todos os anos resoluções que não conseguiu implementar com sucesso nos anos anteriores, como perder peso, ou, deixar de fumar, vai gerar-lhe a- sensação de que está sempre a falhar; é preferível encontrar uma alternativa, escolhendo objetivos que não estão associados à sensação de derrota no passado.  
 
4. Perceba porquê, como e quando: porque quer mudar esse aspeto da sua vida em específico? Como poderá fazê-lo? E quanto tempo vai ser necessário para alcançar esse objetivo? Colocar todas estas questões ajudará a esclarecer quais os desafios que vai ter de ultrapassar para que consiga atingir o objetivo a que se propôs.
 
Questões fundamentais que deve colocar no estabelecimento de novos objetivos:
 
1. O objetivo é consistente com os valores pessoais mais importantes? A não concretização de um objetivo pode ter a ver com o facto de este estar em conflito com o que é mais importante para a pessoa.
 
2. Será que este objetivo merece o tempo e a energia que serão necessários para o concretizar?  Será apenas um sonho para o qual não está disposto a trabalhar (e.g. muitas pessoas gostariam de viajar pelo mundo, mas não estão dispostas a poupar dinheiro para a viagem).
 
3. Será possível concretizar esse objetivo? Trata-se de um objetivo realista?
O objetivo é específico, a pessoa dispõe dos recursos necessários e é alcançável dentro do prazo estabelecido? Os objetivos podem ser modificados com um aumento da informação disponível.
 
5. É um objetivo positivo? Isto é, é preferível estabelecer objetivos de valência positiva (ex. comer 3 refeições equilibradas e nutritivas 3 vezes ao dia), do que estabelecer um negativo (fazer dieta).
 
Em suma, o corpo pode resistir à mudança, mas existem várias estratégias práticas de contrariar a resistência e ajudá-lo/a a sair da zona de conforto.
 
 
Siga as dicas neste artigo para que seja este o ano em que as suas resoluções se concretizam. E na Lusíadas Saúde poderá contar com o apoio de equipas multidisciplinares para atingir os seus objetivos de uma forma sustentável.