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8 factos e mitos sobre exercício físico

Colaboração
Será que o treino de alta intensidade é bom para perder peso? Será que quanto mais exercício físico fizer, melhor é? Distinga o que é facto e o que é mito.

Na hora de escolher o exercício físico apropriado, há que saber o que é mesmo verdade, para que a prática escolhida tenha o efeito pretendido. O Coordenador da Unidade de Medicina Desportiva do Hospital Lusíadas Porto, Filipe Lima Quintas, diz-lhe quais são os principais factos e mitos a que deve estar atento.


Facto ou mito?

1.  Quanto mais exercício físico fizer, melhor é. 

MITO. As pessoas devem fazer um tipo de treino adaptado à sua condição, com um objetivo concreto, seja para fortalecimento muscular ou para treino de capacitação aeróbia. “O facto de treinar mais não quer dizer que vá obter mais ganho em saúde”, conclui o médico. 

2. Deve consumir suplementos de proteína para fortalecimento e ganho muscular.

MITO. “A suplementação no desporto deve ser usada como complemento a uma alimentação equilibrada e variada, rica não só nos macro mas também em micronutrientes”, afirma. Muitas vezes, através de um aporte alimentar contendo as porções adequadas de proteína nos vários momentos de refeição diária, consegue-se garantir a ingestão de quantidade de proteína suficientes para auxiliar a reparação/crescimento muscular. “Precisamos de uma determinada quantidade de proteína para que, depois de haver um stresse muscular, se possa regenerar e ganhar novamente mais capacidade através dos aminoácidos provenientes das proteínas, mas não quer dizer que isso venha só dos suplementos”, explica. 

3. O alongamento dos músculos reduz as dores.

MITO. Não é o alongamento dos músculos que reduz a dor, é o facto de fazer um bom processo de estiramento muscular. E, dizem as atuais correntes de investigação, que, ao fazer este estiramento depois do exercício, evita lesões e a dor que daí decorreria. “Indivíduos que durante o exercício introduzem fenómenos de alongamento pré ou pós, ou pré e pós exercício, têm menos propensão para ter lesões, obviamente com menos dores a posteriori”, explica o médico. 

4. É necessário fazer um programa específico para o core, para perder a flacidez abdominal. 

MITO. Não é só através de programas específicos para o core que se perde a flacidez abdominal, é preciso também exercitar outros músculos e outros segmentos musculares que suportem e contribuam para um processo de fortalecimento muscular com menor risco de lesão. “A individualidade de treino de um só segmento muscular pode levar a maior risco de lesão com falha do objetivo pretendido”, diz o médico. “A flacidez abdominal está intimamente ligada à deposição de gordura subcutânea (não visceral) e recomenda-se que, aliado a um plano de treino individualizado, haja um plano nutricional adequado.” Só assim, garante, é possível perder a barriga.

5. Ao fazer treino de força no ginásio, as mulheres tornam-se mais masculinas.

MITO. A Organização Mundial de Saúde preconiza que, tanto os homens como as mulheres devem fazer treino de força juntamente com treino de endurance, dentro do plano de atividade física que têm de fazer regularmente para se manterem saudáveis. “Elas não ficam mais masculinizadas, porque as mulheres têm um nível de testosterona mais baixo do que os homens e, fisiologicamente, não conseguem ficar com massa muscular comparável com as dos homens”, diz o médico, que acrescenta: “Isso acontece, muitas vezes, pela indução de fármacos ou hormonas.” 

6. Para que consiga emagrecer mais rapidamente, deve utilizar muita roupa e evitar beber água, enquanto pratica exercício.

MITO. Muitas pessoas chegam à Consulta de Medicina Física e Reabilitação, questionando o médico se estas medidas são eficazes para acelerar o processo de perda de peso. “Esses procedimentos apenas levam a perder literalmente água”, diz, explicando: “A falta de ingestão de água associado ao aumento da temperatura leva [apenas] à perda de água.”

7. O exercício físico melhora o humor.

FACTO. Atividade física é qualquer movimento que promova um gasto energético, enquanto o exercício físico é toda a atividade física programada com intensidade e volume definidos. Hoje em dia, sabe-se que tanto o exercício físico como a atividade física aumentam o nível de neurotransmissores libertados, como a dopamina, endorfina e serotonina, responsáveis pelo bom humor. 

8. O treino de alta intensidade é mais eficaz para perder peso.

FACTO E MITO. O corpo humano trabalha com três sistemas energéticos, mas, dependendo do tipo de exercício, há predomínio na sua utilização. No primeiro, os fosfatos são utilizados nos primeiros dez segundos para gerar energia, libertando-se em exercícios de alta intensidade intensos e curtos. Por outro lado, no segundo, o glicogénio armazenado nos músculos/figado é utilizado em exercícios de média duração, e, finalmente, no terceiro, os substratos de consumo energético mais lento — vias oxidativas utilizando o glicogénio/ glicose e a metabolização de gorduras/ácidos gordos — são utilizados em exercícios de maior duração. Assim, para o médico, neste universo do treino, “o mais eficaz para perder peso é o sistema de utilização de vias oxidativas, regime aeróbio de média/baixa intensidade — de longa duração e consumo metabólico predominantemente oxidativo”. 

A importância de saber fazer desporto, exercício físico ou atividade física

Esteja a falar-se de desporto, exercício físico ou atividade física, “há, claramente, um défice” no conhecimento da comunidade em geral. E é importante que, ao fazer exercício, um profissional habilitado e treinado defina “o que se pode e não pode fazer”, dentro do que se pretende fazer. “É diferente definir aptidão a um atleta amador para fazer treino de 30 minutos a baixa intensidade ou então a um indivíduo profissional, com treinos bidiários cinco vezes por semana”, explica. 
Depois, há que ter em atenção o objetivo do exercício. “É diferente querer perder peso ou ganhar capacidade de endurance para fazer uma maratona”, diz o médico. Por isso, “há que ser específico na prescrição e no acompanhamento desta”, de forma a que os exercícios cumpram os objetivos pretendidos.
 

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Revisão Científica

Dr. Filipe Lima Quintas

Dr. Filipe Lima Quintas

Coordenador da Unidade de Medicina Desportiva

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