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Doenças do sono: quais são e como tratar

Colaboração
Apneia do sono, insónia, sonambulismo e roncopatia são algumas das doenças do sono mais comuns. Descubra quais os sinais de alerta e como pode tratá-las para recuperar a qualidade do seu sono. 

Dormir bem é muito importante para manter a saúde e não se pode encarar o sono como perda de tempo, porque a verdade é que “dá saúde e faz crescer”. O sono é uma função essencial para restaurar o organismo. Toda a informação que recolhemos durante o dia quando estudamos, trabalhamos ou socializamos é consolidada nesta fase. 

No sono normal vários sistemas descansam. Há redução da pressão arterial, diminuição da frequência  cardíaca e relaxamento muscular  - daí a importância de conhecer e prevenir as doenças do sono. Além disso, algumas hormonas estão dependentes do sono, tais como a insulina (que controla as taxas de glicose no sangue), a leptina e  a grelina (que controlam o apetite), as hormonas da tiroide e a hormona do crescimento.

Principais problemas do défice de sono

Se nos deitarmos muito tarde uma noite mas esta for uma exceção, conseguimos recuperar física e mentalmente. Mas se se torna um hábito, registam-se consequências devido ao défice de sono tal como acontece na apneia obstrutiva do sono.

Esta é mais frequente do que se imagina e está com frequência associada a excesso de peso, a resistência à insulina (diabetes) e a distúrbios lipídicos, com aumento do colesterol e dos triglicerídeos (síndrome metabólica). A apneia obstrutiva do sono consiste na cessação repetida do fluxo respiratório durante o sono, devido ao colapso da via aérea superior.

Dependendo da gravidade, na apneia obstrutiva do sono podemos com facilidade encontrar problemas físicos e doenças geradas por uma privação de sono prolongada, que podem também afetar as crianças. Os sintomas mais frequentes (mas que não necessitam de estar todos presentes) são:
•    Cansaço ao acordar (mais do que ao deitar);
•    Dor de cabeça ao despertar;
•    Excesso de sonolência diurna (nomeadamente a conduzir);
•    Mau humor;
•    Diminuição ou perda de líbido;
•    Insónia
•    Acordar súbito com a sensação de asfixia.

A falta intermitente de oxigénio pode levar a outras doenças, como a hipertensão arterial, arritmias cardíacas, arteriosclerose, enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral. O tratamento da apneia obstrutiva do sono deve ter como base a correção dos fatores de risco (obesidade, ingestão de álcool à noite, tabagismo ou uso de medicamentos indutores do sono).
O tratamento mais eficaz, consiste na utilização de um pequeno aparelho (CPAP) que impede as apneias.  Os tratamentos cirúrgicos para a apneia do sono devem ser reservados para as formas de menor gravidade. 

Sete doenças do sono

Estas são algumas das principais doenças do sono, cujo diagnóstico e tratamento deve ser feito em centros multidisciplinares de competência reconhecida dada a necessidade de formação teórica e o domínio de técnicas laboratoriais complexas (saiba, por exemplo, que a Ordem dos Médicos criou até a competência em Medicina do Sono). 


1. Insónia
É uma das doenças do sono mais frequentes no adulto. Pode ser uma dificuldade em iniciar o sono (Insónia inicial), dificuldade em manter o sono (Insónia intermédia) ou acordar muito cedo (Insónia terminal). Como uma causa frequente é o stresse, pode ser útil na insónia secundária a combinação de tratamento farmacológico específico com terapia comportamental. Se é verdade que as intervenções farmacológicas têm uma resposta mais rápida, a terapia combinada tem eficácia mais duradoura.

2. Narcolepsia
Caracteriza-se por episódios irresistíveis de sono. A sonolência diurna excessiva impossibilita a realização de tarefas comuns como conduzir e faz com que a pessoa tenha dificuldades no trabalho, na escola.
É frequente um doente ser considerado preguiçoso e dorminhoco. A sonolência pode ser interpretada como uma situação normal, o que pode gerar um atraso no diagnóstico e tratamento. 

3. Roncopatia
A roncopatia (ou ressonar) resulta da vibração do fluxo de ar inspiratório e expiratório durante o sono. É causado pela diminuição de calibre da via aérea, que é uma consequência do relaxamento muscular que também permite a vibração do palato e das paredes da faringe. Além do incómodo conjugal e social, pode também ser um sinal do síndrome de apneia do sono.
Na roncopatia com suspeita de síndrome de apneia obstrutiva do sono, o doente deve ser encaminhado para uma consulta especializada, para ser confirmado o diagnóstico e planeado o tratamento individualizado, com base nas alterações anatómicas observadas.

4. Bruxismo
O bruxismo é um hábito que leva a pessoa a ranger os dentes de forma rítmica. O tratamento pode começar pela utilização de uma goteira que impede o desgaste dos dentes e relaxa a articulação temporomandibular.

5. Sonambulismo
O sonambulismo é uma das doenças do sono que ocorre, frequentemente, uma hora após o início do sono. O sonâmbulo caminha pela casa de um modo ordenado, mas inconsciente, e raramente se lembra do sucedido. Pode ocorrer em crianças com apneia do sono ou em crianças com enurese noturna. 
Geralmente não necessita de tratamento. Mas devem ser adotadas medidas de segurança que impeçam a ocorrência de acidentes. Em alguns casos, o uso de sedativos pode reduzir o número de episódios.

6. Hipersónia
É um distúrbio em que pode haver aumento das horas absolutas de sono (por norma 25% mais do que padrão normal de sono) ou em que há sonolência excessiva durante o dia. Pode ser consequência de sono não reparador, pelo que é frequente existir na apneia obstrutiva do sono não tratada.
É um sintoma característico da narcolepsia, mas pode ser idiopática, isto é, sem causa conhecida. O tratamento pode consistir no uso de estimulantes.

7. Apneia do Sono

A Apneia do sono – também conhecida como Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) – é um distúrbio respiratório do sono caracterizado pelo breve, mas frequente bloqueio das vias respiratórias. Este bloqueio provoca interrupções da respiração totais (apneias) ou parciais (hipopneias) durante o sono.   
Este problema resulta em períodos de diminuição da oxigenação do sangue e despertares frequentes durante o sono, tratando-se de uma condição grave, e que requer monitorização por parte de um profissional de saúde. 
Resulta também numa excessiva sonolência diurna, capaz de perturbar a capacidade de raciocínio e avaliação, o que aumenta o risco de acidentes de viação ou de trabalho.  
Para além disso, esta síndrome está associada ao aparecimento ou desenvolvimento de problemas cardiovasculares como hipertensão arterial, diabetes mellitus, acidente vascular cerebral (AVC), arritmias e insuficiência cardíaca. 

Lições a ter em conta na hora de dormir

•    Ter uma rotina é importante para manter a qualidade do sono 
A qualidade de sono depende de rotinas que assegurem uma boa higiene do sono, isto é, regularidade nas horas de deitar e de acordar, permitindo sempre um número razoável de horas de sono. Há profissões mais exigentes que obrigam a deitar tarde ou a trabalho por turnos, assim como é vulgar as pessoas ficarem a trabalhar, à noite, no computador. Estas situações podem ter repercussões negativas na capacidade reparadora do sono.


•    Não há um número de horas de sono obrigatório, mas...
Começamos por dormir 16 horas e mais tarde, na idade adulta, a quantidade de sono nas 24 horas diárias varia, em média, de seis a oito horas, não havendo um número normal e obrigatório para todas as pessoas.


•    Onde deve dormir?
O quarto, o colchão e a almofada devem ser confortáveis e esta divisão não deve ter televisão. Quando o quarto fica totalmente escuro, não sendo enviado nenhum sinal ótico para o Sistema Nervoso Central, o estímulo para a produção de  melatonina (o indutor natural do sono) fica mais forte e torna-se mais fácil adormecer.


•    Sentir que todos os assuntos estão resolvidos
As condições físicas são importantes, mas, na maioria das situações, mais relevantes ainda são as condições afetivas ou emotivas quando se vai dormir. Se estamos satisfeitos com o dia de trabalho que acabou, bem connosco e com a nossa companhia, a “almofada” está feita. 
 

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Revisão Científica

Dr. Miguel Guimarães

Dr. Miguel Guimarães

Coordenador da Unidade de Pneumologia

Hospital Lusíadas Porto
Clínica Lusíadas Gaia

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