Como evitar o défice de vitamina D
O que é
A vitamina D é diferente de todos os outros nutrientes. Na realidade, não se trata exatamente de uma vitamina, mas sim de uma hormona lipossolúvel, que tem como função principal favorecer a absorção de cálcio e o metabolismo ósseo.
Para que serve?
O organismo humano necessita de um equilíbrio químico permanente para o seu funcionamento e o cálcio é um mineral fundamental. Garantir uma atividade como a contração de um músculo — incluindo o músculo cardíaco! — exige, por exemplo, que existam 9 a 11 mg de cálcio por cada decilitro de sangue em permanente circulação.
Nesse contexto, a vitamina D assume um papel regulador, sendo essencial para aquilo a que os médicos chamam a homeostase do cálcio, ou seja, a manutenção desse tal equilíbrio metabólico, importante também para atransmissão de impulsos nervosos, a coagulação sanguínea e outros processos enzimáticos ao nível das células.
É a vitamina D que permite a absorção de cálcio no intestino e que contribui para o seu armazenamento nos ossos, estimulando as células que sintetizam o tecido ósseo (osteoblastos). Também estimula a absorção de fósforo e de magnésio e regula a ação das hormonas paratormona (que promove a reabsorção óssea) e calcitonina (de efeito contrário).
Fontes de vitamina D
A vitamina D pode ser obtida através da alimentação, mas é sobretudo sintetizada através da pele. As peles escuras podem ter mais dificuldade em sintetizar a vitamina D mas, em média, a exposição a raios ultravioleta de intensidade quatro a cinco, por um período de 15 minutos ou mais, permite a ativação da provitamina presente na pele. Também existem alimentos ricos em vitamina D:
- Óleo de fígado de bacalhau;
- Peixes gordos;
- Leite e derivados;
- Iscas de fígado;
- Cogumelos e leveduras.
Défice de vitamina D
A vitamina D é fundamental para garantir o aporte de cálcio e fósforo necessários a uma boa mineralização dos ossos. Quando há falta de cálcio, surgem as deformações que conhecemos como raquitismo (nas crianças) ou osteomalacia (nos adultos). Além disso, também sabemos que o cálcio está implicado nas funções celulares, favorecendo nomeadamente as células do sistema imunitário.
Mesmo que por vezes a relação causa-efeito não esteja ainda totalmente identificada, vários estudos têm demonstrado existir uma relação entre a carência de vitamina D e diversas doenças, nomeadamente patologia cardiovascular, inflamatória, neoplásica (cancro), respiratória, ginecológica e neurológica, entre outras. Por regra, a carência é assintomática mas quando o défice de vitamina D é acentuado podem surgir alguns sintomas:
- Fadiga, cansaço;
- Sensação de fraqueza;
- Sudorese excessiva;
- Dores nos ossos;
- Malformações ósseas.
Fatores de risco de défice de vitamina D
- Idade ou gravidez (crianças e grávidas precisam de maior quantidade de vitamina D);
- Medicação (nomeadamente a toma de corticoides);
- Passar muito tempo em ambientes fechados (idosos institucionalizados, por exemplo);
- Pele escura;
- Excesso de peso ou obesidade;
- Viver em locais que estão longe do equador.
Tratamento
Existe consenso à volta dos números: o valor de vitamina D considerado normal é aquele que se situa acima dos 20/30 ng/ml de sangue. No entanto, recomenda-se alguma cautela na interpretação dos valores. Há um método padrão, manual, mas que geralmente não é adaptado na prática clínica por ser demasiado caro. E depois existem máquinas diferentes, de empresas diferentes, que a partir da mesma colheita podem revelar resultados diversos.
O tratamento deve ser individualizado. Não havendo fatores de risco, a análise por si só não justifica a suplementação. Até porque estamos a falar de uma vitamina lipossolúvel, ou seja, cujo excesso não é expelido pelo organismo. A margem de erro é elevada mas, acima dos 100 ng/ml, a vitamina D pode mesmo ter um efeito tóxico.