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Acidentes no primeiro ano de vida: como evitar

Aprenda como evitar os acidentes mais comuns no primeiro ano de vida das crianças, aumentando a segurança contra vários riscos a que os mais pequenos estão sujeitos.

Os acidentes no primeiro ano de vida são uma das causas de morte e de incapacidade na criança, apesar de muitos serem evitáveis. Crianças vítimas de acidentes como asfixia, aspiração de pequenos objetos, intoxicações, quedas e queimaduras são uma realidade diária nas urgências hospitalares portuguesas. Cabe aos profissionais de saúde esclarecer todos os adultos que lidam diretamente com as crianças para as formas de os prevenir. Para que a criança cresça harmoniosamente e possa explorar o mundo que a rodeia em segurança, o adulto cuidador, sabendo de antemão que a criança no seu primeiro ano de vida não entende o perigo, deve adaptar o meio circundante à sua experiência. Este deve ser estimulante e acolhedor, promovendo um ambiente seguro. Não obstante, o mundo atual, apesar da preocupação constante com a segurança das crianças, encontra-se desadaptado às suas necessidades e características para um desenvolvimento salutar. As crianças necessitam de um ambiente pleno de tolerância, afeto e liberdade, explorando-o com todos os seus sentidos. Por este motivo a criação de um ambiente seguro não deve colidir ou restringir os movimentos da criança.

 

Vigilância constante

No primeiro ano de vida, é essencial que as crianças estejam em permanente vigilância, apesar da crença comum de que bebés pequenos apenas dormem e comem, os acidentes podem acontecer ao mínimo descuido ou até mesmo em atos mecanizados e involuntários dos cuidadores. As medidas a adotar devem ir ao encontro dos principais riscos a que a criança está sujeita no primeiro ano de vida, sendo estes quedas, asfixia, afogamento, queimaduras, intoxicações e acidentes de viação. Todas as medidas sugeridas são constantes ao longo do primeiro ano da criança, pelo que não estarão repetidas em todas as idades.

Medidas a adotar para minimizar os riscos de acidentes:

  • Transporte no carro

A primeira viagem (saída da maternidade) deve ser feita em segurança. A viagem de carro poderá ser perigosa, especialmente se o bebé viajar no colo do adulto, mesmo em viagens curtas ou por breves minutos. Para que o transporte rodoviário seja feito em segurança é necessário ter quatro fatores em atenção: cadeira adequada à criança, cadeira compatível com o automóvel, cadeira bem instalada e uma condução defensiva. Transportar a criança num sistema de retenção voltado para trás reduz entre 90% a 95% a ocorrência de morte ou de ferimentos graves. Em transporte automóvel, mantenha a cadeira da criança voltada para trás, até ser possível ou até pelo menos aos 18 meses (embora a recomendação seja até aos quatro anos);

  • Berço

A escolha do berço deve ser criteriosa, tendo em atenção que será o local onde o seu bebé passará a maior parte do tempo. O berço deve obedecer às normas de segurança europeias, ter em atenção aspetos como a base do berço, firmeza e tamanho do colchão, altura e distância entre as grades, roupa da cama e a posição do bebé no berço (desde 2012 que a Organização Mundial de Saúde recomenda a posição de barriga para cima).

  • Roupa do bebé

A roupa escolhida para o bebé deve ser de algodão, prática e ajustada à idade e ao tamanho da criança. É também importante ter em atenção peças, botões ou fitas que se possam soltar das roupas.

  • Alimentação

Numa primeira fase, a alimentação do bebé é exclusivamente leite, materno ou artificial. A prevenção começa quando o leite é dado por biberão, pois é obrigatório verificar a temperatura do líquido imediatamente antes de o oferecer ao bebé. Aos quatro meses, a maioria das crianças inicia a diversificação alimentar, começando pela ingestão de sopas e de papas. É um momento muito divertido, mas devem ser tomadas precauções para evitar situações de engasgamento e/ou queimaduras.

  • Banho

O banho é um momento privilegiado de contacto entre o adulto e o bebé, mas para ser aproveitado em pleno é necessário fazê-lo em segurança, tendo sempre em consideração que um bebé molhado e com sabão é mais escorregadio. Deve haver cuidados na preparação do banho como a temperatura, local e quantidade de água necessária. O bebé nunca deve permanecer sozinho neste momento de higiene.

  • Exposição solar

A pele do bebé é muito sensível e por isso deve ser protegida da exposição para evitar queimaduras. Até aos seis meses de vida não é recomendável a ida à praia. Após os 6 meses podem ir à praia sem que a exposição solar seja direta e apenas em horários restritos. Opte por passeios em locais arejados e com sombras, preferencialmente antes das 11h e após as 17h com os devidos cuidados (protetor solar de proteção máxima/chapéu de abas largas e reforço da hidratação).

  • Brinquedos

Os brinquedos fazem parte de qualquer infância, mas para isso há que verificar se estes cumprem as normas de segurança europeias e se são adequados à idade do seu bebé. Devem ser tidas em atenção as características do brinquedo, tais como o facto de serem macios/laváveis e de tamanho suficientemente grande que garanta que não possam ser engolidos. Deve ter-se especial cuidado com objetos pequenos como moedas e ímanes.

  • Tomadas/Eletricidade

As tomadas estão espalhadas por toda a casa e sem a devida proteção podem ser perigosas para bebés que já gatinham ou que se deslocam (e mesmo para os adultos). Por isso, é necessário protegê-las com alvéolos próprios e ter em atenção a presença de fios descarnados e de pilhas.

  • Fontes de calor

No inverno, por vezes é necessário recorrer a fontes de aquecimento mas estas podem representar alguns perigos. Deve-se ter o cuidado de proteger as lareiras, aquecedores e fontes de calor para que as crianças não lhes toquem.

  • Quedas

A prevenção das quedas passa pela organização das tarefas para que o bebé nunca fique sozinho quando colocado numa superfície que não seja o berço. Um segundo de distração pode ser o suficiente para que ocorra uma queda. Quando existe a possibilidade de aplicar cintos de segurança (em espreguiçadeiras, carrinhos de passeio, cadeira de transporte), estes devem ser sempre usados para, assim, evitar acidentes. Transforme o chão num local seguro que a criança possa explorar. Coloque grades/cancelas nas escadas, vede o acesso a varandas e/ou terraços e aplique limitadores de abertura nas janelas e/ou portas para o exterior. Proteja os cantos dos móveis e fixe os móveis à parede para que não caiam se a criança se pendurar neles.

  • Zonas com água

É importante manter uma vigilância permanente quando a criança já se desloca, gatinha ou anda. Vede o acesso a zonas de praia/piscina/tanques/lagos/baldes para que as crianças não possam aceder-lhes se estiverem sem supervisão de um adulto.

  • Intoxicações

A cozinha é sem dúvida a zona da casa mais perigosa. Por isso, deve ser de acesso limitado às crianças e nunca sem supervisão de um adulto. Evite que a criança tenha acesso à zona do fogão e forno (habitualmente tem luz quando está quente e torna-se chamativo). Proteja ou coloque fora do alcance da criança todos os produtos nocivos (domésticos ou medicamentos). Todos estes conselhos são transmitidos aos pais na Consulta de Enfermagem Pediátrica e permitem criar um ambiente mais seguro para as crianças, principalmente em casa. Como medida de prevenção, é também útil que exista uma lista de contactos de urgência junto do telefone e/ou no telemóvel. É importante lembrar que criar condições de segurança para uma criança não passa por limitar as suas experiências, mas sim promovê-las através de um ambiente seguro, permitindo que ela se desenvolva da melhor forma.

Contactos de urgência:

Número de Socorro Nacional/Europeu: 112

Centro de Informações Antivenenos: 808 250 143 SNS 24

Dói-dói, trim-trim: 808 24 24 24 SOS-Criança: 800 202 651 – 217 931 617

Linha Europeia para Crianças Desaparecidas: 116 000

Associação para a Promoção Segurança Infantil: 218 844 100

Informação de Farmácias de serviço: 118

Autoria:

Enfª Margarida Tomás, Enfermeira Diretora do Hospital Lusíadas Amadora

Enfª Cláudia Xavier, enfermeira especialista em Pediatria do Hospital Lusíadas Lisboa  

Referências Bibliográficas: Associação para a Promoção da Segurança Infantil (2003) Acidentes no primeiro ano de vida (2015) - http://www.mdb.pt/sites/default/files/mb_3517_13.pdf Estudo comparativo do número de óbitos e causas de morte da mortalidade infantil e suas componentes (2009-2012), DGS, 2013

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