O cérebro e os videojogos
Por Tiago Carrasco
Uma das últimas coisas que deve passar pela cabeça de alguém prestes a ser operado é que o cirurgião está a jogar na Nintendo Wii antes de pegar no bisturi. Mas isto acontece. E, pasme-se, com consequências positivas na cirurgia. Em 2013, o cirurgião James “Butch” Rosser levou a cabo uma experiência com 300 colegas num hospital da Flórida, EUA: metade deles jogaram seis minutos de Super Monkey Ball, um videojogo de plataformas, antes de operarem no simulador, enquanto os outros 150 não tocaram na consola. Os jogadores cometeram 37% menos erros e foram 27% mais rápidos.
O hospital tem agora um salão de videojogos para os médicos. As pesquisas alargaram-se às crianças. A equipa de Daphne Bavelier, da Universidade de Genebra, e C. Shawn Green, da Universidade de Wisconsin, conseguiu demonstrar que jogos de ação como Call of Duty e Medal of Honor, que os pais tantas vezes proíbem os seus filhos de adquirir, desenvolvem atributos cognitivos como a atenção, a velocidade de reação e a perceção espacial de objetos em rotação. Quando jogados com moderação, claro. O excesso prejudica a execução de tarefas e pode até causar efeitos neurológicos adversos.
Os efeitos positivos dos videojogos
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Ambliopia
O videojogo Tetris, entre outros, pode ser eficaz no tratamento da ambliopia – o chamado "olho preguiçoso”. O estudo de investigadores canadianos constatou que o jogo "treina" os dois olhos para funcionarem em conjunto ao distribuir informações entre ambos.
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Melhores resultados na escola
Jogar videojogos pode melhorar as competências escolares e sociais de crianças entre os 6 e os 11 anos, concluiu um estudo publicado na revista Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology. Mas os pais devem continuar a limitar o tempo dedicado aos jogos.
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Estimula a criatividade
Num universo de quase 500 estudantes de 12 anos, os investigadores responsáveis pelo estudo “The Benefits of Playing Video Games” aperceberam-se de que há uma relação positiva entre jogar videojogos e a criatividade.
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Reforça a confiança
Ulltrapassar as dificuldades num videojogo e a recompensa que daí advém (completar um nível, por exemplo), ajuda a “equilibrar os níveis de desafio e frustração”: fornece “experiências de sucesso e de realização”, defendem os autores do estudo “The Benefits of Playing Video Games”.
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Concentração
Estão a ser desenvolvidos jogos terapêuticos, como o NeuroRacer, para aumentar a atenção e minimizar a distração. Uma invenção que pode ajudar crianças com lacunas de concentração e idosos em declínio cognitivo.
Os potenciais efeitos negativos dos videojogos
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Comportamentos agressivos
A exposição abusiva a jogos violentos pode aumentar a possibilidade de aparecimento de pensamentos, sentimentos e comportamentos agressivos a curto e a longo prazo. Esta conclusão pode ser tirada a partir de casos individuais mas não é científica, uma vez que nenhuma investigação obteve resultados sólidos neste campo.
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Ansiedade
Da mesma forma, há indícios de que os utilizadores de jogos de violência extrema têm mais propensão para a ansiedade.
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Diminuição da atividade no lobo frontal interior esquerdo
Uma semana de videojogos violentos pode levar a uma diminuição da atividade no lobo frontal interior esquerdo do jogador em processos emocionais e também no córtex cingulado anterior na execução de tarefas matemáticas.
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Mudanças de humor
O excesso de horas de jogo conduz a uma diminuição da atividade do lobo pré-frontal. Isto pode causar mudanças de humor e comportamentos agressivos, prevalecentes mesmo depois de desligar o jogo.
Pode ver este e outros temas do número 6 da Revista Lusíadas, aqui.