Doenças do intestino: conheça-as melhor
Cada vez mais frequentes no mundo ocidental, onde o stresse e os maus hábitos alimentares podem estar no cerne do problema, as doenças do intestino conseguem, muitas vezes, ser limitadoras para o dia-a-dia e vida do paciente. Mas existem hábitos saudáveis que ajudam a preveni-las.
1. Dispepsia
Conhecida por má digestão, a dispepsia caracteriza-se, como esclarece Paula Lago, especialista em gastrenterologia do Hospital Lusíadas Porto, “por variados sintomas referidos à região central do abdómen, acima do umbigo: sensação de dor ou de ardência ou enfartamento ou saciedade precoce desproporcional à quantidade de alimentos ingeridos e impedindo a continuação da refeição”. A especialista sublinha que “o aparecimento de sintomas dispépticos é muito frequente. São, por vezes, muito intensos e incomodativos com alteração significativa da qualidade de vida”.
Causas e prevenção
A gastrenterologista refere que “a causa pode ser orgânica, localizada no estômago ou duodeno, como uma úlcera, gastrite ou mesmo doença maligna como o cancro do estômago, ou consequência de patologia noutros órgãos vizinhos do estômago, como a vesícula, vias biliares ou pâncreas”. No entanto, a médica tranquiliza: “Em muitos casos, a dispepsia corresponde apenas a uma perturbação do funcionamento digestivo”. Para melhorar a dispepsia, aconselha-se “uma dieta alimentar equilibrada e abstinência tabágica”.
2. Síndrome do intestino irritável
A síndrome do intestino irritável (SII), também designado por cólon irritável, surge “quando o tecido muscular da parede do intestino é mais sensível e reage de forma excessiva a estímulos habituais como o stresse e a alimentação”. Esta hipersensibilidade da parede do tubo digestivo motiva, “numerosos sintomas crónicos ou recorrentes como dor abdominal, obstipação, diarreia, distensão abdominal e sensação de aumento do conteúdo de gás no tubo digestivo, na ausência de uma causa orgânica detetável”. É uma doença funcional digestiva muito frequente nos países desenvolvidos, com uma prevalência estimada em cerca de 20% na população.
Causas e prevenção
A médica do Hospital Lusíadas Porto afirma que “a síndrome do intestino irritável tem uma evolução favorável e sem risco de complicações”. Após o diagnóstico, acrescenta, “é importante a tranquilização do doente”. Quer seja através de medidas de prevenção como de complemento ao tratamento, a especialista recomenda “a alteração do estilo de vida, utilizando medidas aliviadoras do stresse, cuidados alimentares e, nalguns casos de doença, terapia farmacológica”.
3. Doença de Crohn
A doença de Crohn é uma patologia inflamatória crónica do intestino de causa desconhecida e ainda sem cura. Paula Lago refere que “o processo inflamatório pode atingir qualquer parte do aparelho digestivo, desde a boca até ao ânus, sendo o atingimento da parte terminal do intestino delgado (íleon) e do intestino grosso (cólon), o mais frequente”. Os sintomas podem ser múltiplos e variáveis de paciente para paciente: “Dependem da localização da doença, do seu comportamento e da presença ou não de manifestações extra-intestinais. A dor abdominal e a diarreia são dos sintomas mais frequentes.”
Causas e prevenção
Embora não seja uma doença genética, a especialista revela que a suscetibilidade para esta patologia é determinada por fatores genéticos: “Cerca de 10 a 15% dos doentes têm outro familiar próximo com a mesma doença”. Paula Lago lembra ainda que “alguns fatores ambientais, como o consumo de tabaco, tem um efeito negativo no curso da doença, pelo que se recomenda vivamente a suspensão deste hábito. Os doentes devem seguir uma alimentação normal e diversificada. Em fases de atividade da doença e na presença de estenose intestinal, são necessárias restrições dietéticas”.
4. Colite ulcerosa
Doença inflamatória crónica do intestino grosso (cólon) de causa desconhecida e ainda sem cura, na colite ulcerosa “o processo inflamatório atinge a camada mucosa do reto, podendo estender-se aos restantes segmentos cólicos. Se a inflamação se limita ao reto, designa-se de proctite ulcerosa, quando envolve os segmentos distais do cólon e o reto, dá-se o nome de colite ulcerosa distal e, caso se estenda ao cólon transverso e/ou cólon direito, trata-se de pancolite ulcerosa”. Os sintomas dependem, explica Paula Lago, “da extensão da inflamação no cólon. A hemorragia digestiva baixa sobre a forma de retorragia ou emissão de sangue vermelho através do ânus, o mais frequente. A diarreia com muco e sangue e a dor abdominal são mais frequentes nas formas mais extensas”.
Causas e prevenção
A especialista afirma que “não é uma doença genética, mas a suscetibilidade à patologia é determinada por fatores genéticos. Com efeito, cerca de 10% das pessoas com este problema têm outro familiar próximo com a mesma doença”. E aconselha: “Os doentes podem e devem fazer uma alimentação normal e diversificada, sendo necessárias algumas restrições dietéticas em fases de atividade da patologia”.