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Adição: o que é e que tratamentos existem?

A Psiquiatra Ana Margarida Romão Franco, com Consulta de Adições e Dependências no Hospital Lusíadas Monsanto, explica ponto a ponto em que consiste ter uma adição, e que tratamentos estão disponíveis para este problema de saúde mental com tanta prevalência na nossa sociedade.

“Todos gostamos de sentir uma recompensa ou da sensação de prazer, alívio ou saciedade que, embora essenciais e naturais no nosso dia a dia, podem associar-se a comportamentos aditivos em casos extremos de disfuncionalidade,” nota a Dra. Ana Margarida Franco, cuja rotina no Hospital Lusíadas Monsanto envolve acompanhar doentes com adições e dependências.

“Só em Portugal, a dependência do álcool aumentou 50% desde a última década. Estes números alarmantes levam-nos a refletir sobre as adições e o seu tratamento”, alerta a especialista.

O que é então a Adição?

É uma doença médica, crónica, recidivante e que envolve áreas do nosso sistema nervoso associadas a mecanismos de recompensa, motivação, memória, entre outros. Estas alterações neurobiológicas prejudicam a capacidade para manter abstinência, com perda de controlo sobre os consumos, comprometimento do juízo crítico e alterações do comportamento.

Como qualquer doença crónica, possui momentos de recaída e também de remissão, podendo ser considerada uma patologia cíclica. As perturbações aditivas encontram-se num continuum de gravidade, classificando-se em leves, moderadas e graves. Por outro lado, esta doença abrange um espectro largo de comportamentos aditivos.

Quais são os tipos de adições?

Podemos agrupar as perturbações aditivas em:

1. Adição de Substâncias: relacionadas com o consumo de substâncias lícitas, como tabaco e álcool, e ilícitas como heroína, cocaína ou canabinóides, por exemplo.

2. Adição sem Substâncias: ligadas aos comportamentos aditivos e dependências como jogo patológico, por exemplo.

Apesar desta separação o mesmo indivíduo pode apresentar os dois tipos de adição.

Quais são os principais sintomas das adições?

As manifestações clínicas variam consoante a fase do ciclo da adição, as características do indivíduo e qual a(s) substância(s) e/ou comportamento(s), e consistem em:

Incapacidade para parar: quando existe dentro das pessoas um desejo de parar, mas não conseguem;

Aumento da tolerância: ao longo do tempo os indivíduos começam a necessitar de uma maior quantidade da substância e/ou maior frequência e intensidade do comportamento para obter o mesmo efeito, sejam eles alívio ou sentimentos como “felicidade”, confiança, entre outros;

Foco constante na substância ou comportamento: abandono progressivo de outras atividades ou interesses em prol da adição, com aumento da quantidade de tempo relacionado com o consumo;

Perda de controlo: incapacidade para suspender o consumo e controlar o comportamento;

Problemas pessoais e de saúde: as adições impactam todos os aspetos da vida do individuo, incluindo a sua saúde física e mental, as suas relações interpessoais e a sua carreira;

Abstinência: sintomas que surgem após a suspensão de uma substância e/ou comportamento, com manifestações que variam de acordo com o tipo de substância. Estas podem ser mais físicas (náuseas, dor, irritabilidade, tremor) ou psicológicas (ansiedade, irritabilidade, angústia).

Como tratar uma adição?

“Apesar de ser uma doença crónica existe tratamento e é possível, com o tratamento adequado e motivação, atingir e manter a fase de recuperação. O apoio da família e das relações mais próximas, juntamente com o apoio dos meios de saúde adequados, são elementos essenciais no tratamento”, explica a Dra. Ana Margarida Franco.

Segundo a médica, o compromisso por parte do doente, é fundamental, e “o tipo de tratamento deve ser decidido em conjunto com o doente, tendo em conta a gravidade da doença, fase do ciclo da adição, tipo(s) de substâncias e/ou comportamentos e manifestações clínicas.”

Existem, desta forma, vários níveis de resposta terapêutica disponíveis:

1. Internamento: deve ser considerado de acordo com a gravidade das manifestações clínicas e tipo de adição, quando é essencial gerir sintomas de abstinência em internamento com vigilância diária, bem como instituir uma intervenção mais completa e assertiva na prevenção da recaída. É importante incluir a família neste processo terapêutico.


2. Acompanhamento em consulta: o tratamento deve ser multidisciplinar, com acompanhamento por Psiquiatria e Psicologia. Existem vários psicofármacos com indicação para o tratamento das várias fases do ciclo da adição, que ajudam a ultrapassar os sintomas da abstinência e a diminuir a probabilidade de recaída nos períodos de remissão. Por outro lado, a psicoterapia e o acompanhamento psicológico fornecem ferramentas essenciais para a recuperação.

3. Internamento prolongado em Comunidade Terapêutica: existem centros de reabilitação especializados nos vários tipos de adições, com foco na intervenção em reabilitação ao longo de vários meses/anos.  

4. Grupos de apoio: os grupos de apoio, como o caso dos Alcoólicos Anónimos, através da partilha de experiências, são uma importante forma de apoio, não só para o doente, como para a sua família.

Temos disponíveis, no Hospital Lusíadas Monsanto, várias vertentes de acompanhamento específico para tratar as perturbações aditivas, nomeadamente: 
- Consultas de Psiquiatria da Adição; 
- Consultas de Psicologia da Adição;
- Internamento de 7 dias para gestão de sintomas de abstinência; 
- Internamento de 28 dias em programa multidisciplinar para recuperação e prevenção de recaída, com intervenção individual, em grupo e junto das famílias.

Nesta Unidade dedicada à área de Psiquiatria, Comportamento Alimentar, Adições, Burnout, Depressão, entre outros, encontra o apoio e privacidade de que precisa para começar a tratar da sua saúde mental.

Contacte a nossa equipa para mais informações através do 214 329 410.
 

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Dra. Ana Margarida Romão Franco

Dra. Ana Margarida Romão Franco

Hospital Lusíadas Monsanto

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