Embolia Pulmonar: o que é, sintomas, causas e tratamentos
Segundo a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, esta condição só é superada pelo Acidente Vascular Cerebral (AVC) e pelo ataque cardíaco, e os números em Portugal têm vindo a aumentar nos últimos anos.
O que é?
Uma Embolia Pulmonar (EP) ocorre quando um êmbolo provoca uma obstrução inesperada de uma artéria pulmonar ou de um dos seus ramos.
A EP é uma doença comum, potencialmente fatal, e essa obstrução pode ser provocada por material (trombo, tumor, ar ou gordura) proveniente de um ponto distante do organismo.
Na maior parte dos casos, o êmbolo consiste num coágulo sanguíneo que impede uma circulação pulmonar adequada.
Mais especificamente, esse êmbolo pode ser formado por outro tipo de substâncias, tais como gordura, líquido amniótico, medula óssea, fragmentos tumorais, ou até bolhas de ar que se desloquem na corrente sanguínea.
A embolia pulmonar afeta os pulmões, o coração, e a circulação sanguínea, sendo necessário consultar especialistas das áreas em questão, para encontrar o tratamento mais adequado, a cada caso.
Trata-se de uma emergência médica grave e, apesar do risco variar de pessoa para pessoa, as possibilidades de recuperação após uma embolia pulmonar são boas, se o diagnóstico for feito atempadamente. Assim, consultar um médico assim que tiver algum sintoma é essencial.
Qual a relação entre a Trombose e a Embolia Pulmonar?
O Tromboembolismo Venoso (trombose) engloba a Trombose Venosa Profunda (TVP) e a Embolia Pulmonar (EP), tratando-se de duas doenças interligadas. A TVP corresponde à formação de um coágulo na circulação venosa, com particular incidência nas veias profundas da perna. Este, pode deslocar-se, através do sistema vascular, e alojar-se na circulação pulmonar, o que dá origem à EP, uma situação potencialmente fatal.
Quais os sintomas da embolia pulmonar?
O mais importante e mais frequente é sem dúvida a falta de ar e/ou dificuldade a respirar. No entanto, quando se trata de êmbolos de pequenas dimensões, normalmente não se verificam sintomas para além de alguma discreta dificuldade respiratória.
No caso de se tratar de êmbolos de maiores dimensões ou, até, na presença de vários êmbolos, e quando a obstrução à passagem de sangue afeta uma grande área do pulmão, os sintomas mais frequentes incluem:
- Falta de ar repentina, e dificuldade a respirar;
- Expetoração com sangue;
- Dores agudas na zona torácica (particularmente durante respirações profundas);
- Ritmo cardíaco muito acelerado;
- Desmaios ou tonturas;
- Ansiedade, agitação, respiração acelerada;
- Dor aguda nas costas ou peito.
Qual a prevalência da embolia pulmonar na população?
A Embolia Pulmonar é uma condição relativamente comum, especialmente entre adultos mais velhos. Estima-se que 39 por 100 mil habitantes sofram de Embolia Pulmonar, com especial incidência em pessoas com mais de 80 anos e com doença oncológica.
Embora possa afetar pessoas de todas as idades, os riscos aumentam com fatores como idade avançada, histórico de trombose, ou condições médicas que afetam a coagulação do sangue. Apesar de ser grave, com o diagnóstico e tratamento corretos, muitos pacientes conseguem recuperar com sucesso.
Quais as principais causas?
A principal causa de Embolia Pulmonar é o Tromboembolismo Venoso.
Outros fatores que podem causar uma embolia incluem:
• Longos períodos de imobilidade, como em viagens longas ou após cirurgias;
• Cirurgias recentes, especialmente ortopédicas, que podem aumentar o risco de formação de coágulos;
• Embolia causada por substâncias como gordura (em fraturas de ossos longos), líquido amniótico durante o parto, ou até bolhas de ar;
• Mutações genéticas que afetam a coagulação do sangue e aumentam o risco de trombose (trombofilias);
• Fatores de risco modificáveis como obesidade, sedentarismo, tabagismo e uso de contracetivos orais ou terapias hormonais;
• Fatores de risco não modificáveis como idade avançada, historial clínico prévio de tromboembolismo venoso, gravidez/puerpério, imobilização prolongada e internamento hospitalar;
• Certos tipos de cancro e tratamentos relacionados.
Que tipo de tratamentos existem?
O tratamento é individualizado, considerando as características de cada doente e as situações que originaram a embolia pulmonar. No entanto, normalmente, o tratamento passa pela prescrição de anticoagulantes.
O tratamento da embolia pulmonar tem dois objetivos principais:
• Evitar o aumento de volume dos coágulos sanguíneos;
• Prevenir o aparecimento e formação de novos coágulos.
Os principais tipos de tratamento, passam pela utilização de medicamentos anticoagulantes, e o medicamento utilizado dependerá da gravidade da situação do doente, e da causa da embolia pulmonar.
Ainda assim, em casos em que a apresentação clínica é mais grave e o doente está em risco de vida existem outras abordagens, tais como:
1. Trombólise: administração intravenosa de medicamentos anticoagulantes especiais;
2. Cirurgia de extração: o êmbolo da artéria pulmonar será removido, por cateter.
Prevenção
A Heparina é um anticoagulante amplamente reconhecido pelo seu potencial de diminuição da probabilidade de se formarem novos coágulos de sangue em doentes que apresentem uma larga abundância de fatores de risco. É também aconselhada a pessoas imobilizadas, por motivos de cirurgia ou outras patologias.
Existem também anticoagulantes orais que são utilizados sobretudo para prevenção de novos episódio de tromboembolismo.
O diagnóstico e tratamento adequados e atempados destas situações reduzem significativamente a mortalidade bem como as complicações a longo prazo, que teriam um impacto muito negativo na qualidade de vida do doente.
A nível preventivo, é importante, sempre, atuar nos fatores modificáveis. Este trabalho está nas mãos de várias áreas e especialidades – desde a Medicina Geral e Familiar, que acompanha o doente em várias fases, ao acompanhamento especializado em consultas de Pneumologia, Medicina Interna ou Cardiologia.
Apesar de a idade aumentar a probabilidade de desenvolver este tipo de obstruções venosas, o acesso a cuidados de saúde, e o acompanhamento regular do doente pode fazer toda a diferença. Um estilo de vida saudável, ativo, sem excessos, será o seu melhor aliado na primeira linha de prevenção.
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Revisão Científica
Dr. Miguel Guimarães
Coordenador da Unidade de Pneumologia