Hérnia discal lombar: cirurgia pioneira à coluna
Numa cirurgia da hérnia discal lombar com recurso à técnica “aberta”, a recuperação prolonga-se, pelo menos, por dois meses, além de implicar uma anestesia geral. Com o recurso à técnica endoscópica o impacto foi muito menor, permitindo ao doente retomar a sua atividade normal em apenas três semanas e praticamente sem dor.
A hérnia discal lombar que o afetava foi tratada cirurgicamente através de endoscopia, uma técnica recente que se aplicou pela primeira vez numa Unidade do Grupo Lusíadas. Para isso, foi importante a presença do médico ortopedista Michael Hess, natural de Munique (Alemanha), especialista em intervenções desta natureza. A cirurgia realizada através de endoscopia, na maioria das vezes é feita com recurso a anestesia local e sedação e em regime de ambulatório, evitando o internamento. “É uma cirurgia muito menos invasiva, sem a agressão da cirurgia ‘aberta’; evita-se, por exemplo, a dissecção muscular”, afirma Gonçalo Neto d’Almeida, “daí permitir uma recuperação muito mais rápida e indolor”.
Basta uma incisão de um centímetro para colocar a cânula de trabalho (um tubo), por onde depois vai passar o endoscópio e os instrumentos necessários à intervenção cirúrgica. O cirurgião vai controlando todo o percurso com o auxílio do intensificador de imagem, como em qualquer técnica endoscópica.
A endoscopia é utilizada para tratar a maioria das doenças degenerativas da coluna lombar, nas quais se incluem as hérnias discais, além de ter outras indicações, como a possibilidade de realizar biópsias diagnósticas ou tratar infeções. Havendo necessidade de intervenções que incidam em áreas anatómicas mais extensas, como no caso de fraturas, ainda não é possível usar a técnica endoscópica, mas apenas técnicas minimamente invasivas.
No entanto, cerca de 90% das pessoas que sofrem de hérnias discais podem ser tratadas através de endoscopia. “Temos sempre de fazer uma avaliação individual de cada doente”, explica o neurocirurgião do Hospital Lusíadas Albufeira e Hospital Lusíadas Lisboa.
“A utilização da endoscopia na coluna lombar depende de vários fatores, como as anatomias da coluna e a localização da própria hérnia discal.” Com óbvias vantagens em relação à cirurgia por via “aberta”, é previsível que se torne uma técnica cada vez mais utilizada, à semelhança do que sucedeu noutras áreas médicas, acredita Gonçalo Neto d’Almeida. “O equipamento sofreu um enorme desenvolvimento nos últimos cinco anos. Agora temos endoscópios com imagens de alta definição e de menores dimensões.”
Em 2001/2002, quando se começaram a fazer as primeiras cirurgias nesta área, a técnica e a imagem eram bastante rudimentares. “Na altura, os cirurgiões tinham receio de utilizar o equipamento”, relata o médico, “pois a imagem era muito pouco nítida”. Trata-se de uma técnica que tem evoluído a par e passo com o desenvolvimento tecnológico. “Todas as especialidades cirúrgicas estão a evoluir para técnicas menos agressivas, o que permite uma melhor qualidade de vida aos nossos doentes”, conclui o neurocirurgião.
Este artigo sobre esta cirurgia a uma hérnia discal lombar foi publicado na Revista Lusíadas 9.
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Revisão Científica
Prof. Dr. Gonçalo Neto D' Almeida
Coordenador da Unidade de Neurocirurgia