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Espondilose: causas e tratamento para a dor na coluna vertebral

Colaboração
Esta patologia é provocada pelo desgaste das articulações das vértebras e está associada ao envelhecimento. Neste artigo, o Dr. Miguel Loureiro explica como é feito o diagnóstico, como se trata e como se pode prevenir ou atrasar o aparecimento da espondilose.

A dor de costas é um sintoma muito frequente na idade adulta, frequência esta que tende a  aumentar com o avançar da idade. Existe uma predisposição genética em algumas pessoas para o aparecimento da espondilose em idades mais precoces, mas, regra geral, está associada ao envelhecimento e não pode ser totalmente prevenida. Mas é possível retardar o seu aparecimento, aliviar os sintomas e tratar as formas mais graves.

Artrose na Coluna Vertebral: Espondilose 

As alterações degenerativas associadas ao desgaste natural do nosso corpo manifestam-se na coluna como desgaste dos discos intervertebrais e de artrose das articulações posteriores da coluna, as facetas. Enquanto em articulações periféricas como o joelho e anca, por exemplo, as alterações degenerativas são descritas como artrose, a este conjunto de alterações degenerativas na coluna vertebral podemos chamar espondilose ou espondilodiscartrose.

É um processo fisiológico de envelhecimento da coluna vertebral inerente à espécie humana e que aumenta com a idade.

Como se apresenta e manifesta a espondilose?

Os discos são tecidos fibrocartilaginosos que existem entre as vértebras ao longo da coluna vertebral. Permitem o movimento da coluna e funcionam como amortecedores do impacto dos movimentos. 
“Com o envelhecimento, os discos intervertebrais vão ficando desidratados, perdem a sua forma, altura e capacidade de suportar o peso. Ocorre uma alteração do padrão de movimento intervertebral, o que vai acarretar uma sobrecarga das articulações posteriores da coluna, as facetas”, explica o Dr. Miguel Loureiro, Médico Ortopedista no Hospital Lusíadas Santa Maria da Feira

Esta sobrecarga pode alterar a anatomia da vértebra, tendo como consequência o surgimento de saliências ósseas, denominadas por osteófitos (conhecidas popularmente como “bicos de papagaio”), que podem pressionar os nervos que saem da coluna vertebral, irradiando dor para outras regiões do corpo. Além disso, pode gerar-se uma inflamação na região, com sintomatologia diversa.  

“A espondilose manifesta-se por dor, desconforto ou tensão na região dorsolombar ou pescoço. A intensidade varia conforme o movimento, posição ou atividade. A dor tanto pode ser bem localizada e limitada à coluna, como pode irradiar para outros membros ou manifestar-se com adormecimento ou alterações da força muscular. Como a espondilose pode surgir na região cervical, torácica e lombar da coluna vertebral (embora seja menos frequente na região torácica), os sintomas podem afetar várias regiões do corpo.
Quando há sobrecarga nas facetas na coluna lombar ocorre dor vertebral e rigidez que agrava quando o paciente se levanta de uma cama ou cadeira depois de ter estado deitado ou sentado algum tempo, por exemplo”, descreve o médico. 

Diagnóstico

O diagnóstico começa com uma história clínica cuidadosa e exame clínico dirigido. As características da dor, tempo de evolução, irradiação para os membros superiores ou inferiores, a rigidez, entre muitos outros dados clínicos são fundamentais para o entendimento preciso do quadro clínico. Estas características da sintomatologia orientam a investigação adicional com exames auxiliares de diagnóstico.

O exame de eleição ou o “gold-standard” actual na investigação desta patologia é a Ressonância Magnética (RM). É o exame que mais informação oferece sobre as várias estruturas da coluna, permitindo ver com precisão as estruturas neurológicas e espondilodiscais, sendo também seguro, visto não ter radiação.

O Rx (Raio-X) é sempre importante porque complementa a informação da RM e permite obter informação que esta não fornece, como a existência de instabilidade (e em quadros pouco severos dispensa a realização da RM). O TAC fica reservado para pacientes que não podem fazer RM (portadores de certos tipos de pacemaker, por exemplo) e para quando é necessário estudar com maior precisão as estruturas ósseas.

Tratamento

O tratamento inicial começa na grande maioria dos casos por ser conservador, o que se traduz por medicação ajustada às necessidades e eventuais co-morbilidades do paciente, Medicina Física e de Reabilitação (fisioterapia) e em alguns casos cinta lombar. O controlo de peso e o treino cardiovascular e muscular ativo, se possível, são também importantes.

Quando o tratamento conservador convencional acima descrito não é eficaz e o paciente não tem sintomas ou patologia que justifiquem intervenção cirúrgica temos como armas terapêuticas os procedimentos minimamente invasivos para tratamento de dor. Consistem em técnicas percutâneas e de precisão efetuadas no bloco operatório sob leve sedação com controlo de intensificador de imagem ou ecografia das quais se realçam as seguintes:
•    Rádio-Frequência (Rizotomia)
•    Ozonoterapia
•    Infiltração foraminal e epidural
•    Infiltração Sacro-Ilíaca
•    Laser de plasma intra-discal

Quando estes  tratamentos não aliviam os sintomas de forma duradoura, ou quando a forma de apresentação da patologia é mais grave, como a dor lombar com claudicação neurológica (irradiação para as nádegas e coxas que obriga o paciente a parar após andar alguns metros) é necessário proceder por vezes a intervenção cirúrgica.

Atualmente, uma parte significativa destas intervenções cirúrgicas é efetuada por técnicas minimamente invasivas, com incisões muito pequenas (1cm), menor dor pós-operatória, e menos tempo de internamento. Nos casos em que a espondilodiscatrose é muito avançada e grave ou quando está presente instabilidade existe muitas vezes a necessidade de uma cirurgia reconstrutiva maior.

Grupos e comportamentos de risco 

“A espondilose está associada ao envelhecimento, mas existe em alguns indivíduos uma predisposição genética para o seu desenvolvimento”, refere o médico.  Profissões fisicamente mais exigentes, que obrigam a pegar ciclicamente em pesos podem desencadear este problema numa idade mais precoce. É importante nestas situações a prevenção, evitando pegar em pesos com o tronco em flexão e/torção, usando mais a flexão dos joelhos e das ancas e tentando manter os pesos perto do corpo.

A obesidade é também um factor de risco para dor lombar e desgaste discal, pela carga excessiva que condiciona, principalmente nos últimos níveis da coluna lombar (L4-L5 e L5-S1).

O sedentarismo tem como consequência o descondicionamento da musculatura paravertebral e pode ter como consequência má postura e dor vertebral. O exercício físico com reforço e estabilização do CORE, treino de postura, reforço das cadeias musculares posteriores e músculos nadegueiros é de grande importância para tratamento e prevenção de agravamento desta patologia. O treino de força, treino de zona 2 com minimização do impacto repetitivo, pilates, yoga, natação e hidroginástica são várias opções de exercício, que devem ser adequadas a cada paciente específico.

O tabagismo tem um efeito nocivo sobre os discos, existindo evidência que acelera o seu desgaste precoce. 
 

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Dr. Miguel Loureiro

Dr. Miguel Loureiro

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