Melasma: o que são as manchas escuras na pele?
O melasma é um tipo de hiperpigmentação que se apresenta na forma de manchas acastanhadas e surge mais frequentemente na cara. Também é chamado cloasma e, quando surge nas mulheres grávidas, “pano” da gravidez. Apesar de poder haver uma predisposição genética e de estar associado a certos tipos de pele, o melasma está intrinsecamente relacionado com a exposição solar.
“Esta condição pode durar anos e agrava-se nos meses de verão com a exposição solar”, diz Joana Gomes, médica dermatologista do Hospital Lusíadas Braga.
O que é o melasma
A pigmentação normal da pele deve-se à produção de melanina por células especializadas chamadas melanócitos, que estão dispersas pela pele. Os melanócitos produzem a melanina quando estimulados pela radiação ultravioleta, dando a cor natural da pele.
O melasma acontece quando há uma produção anormal de melanina numa região específica, que produz manchas e afeta normalmente a zona da face, mas pode surgir também no pescoço e nos antebraços.
“O melasma traduz-se por manchas acastanhadas de limites irregulares nas áreas de exposição solar, sobretudo nas zonas centrais da face (região frontal, nariz, lábio superior, queixo e regiões malares), geralmente com uma distribuição simétrica”, explica Joana Gomes.
“A causa do melasma é desconhecida, mas existem múltiplos fatores envolvidos na sua patogénese. Os mais importantes são a predisposição genética e a exposição à radiação ultravioleta, mas também o uso de anticoncecionais orais, gravidez e alguns cosméticos.”
Embora possa surgir tanto em homens como mulheres, é mais frequente em mulheres, especialmente em peles mais pigmentadas, com fototipos altos. “Raramente ocorre antes da puberdade, sendo mais frequente em mulheres em idade fértil”, refere Joana Gomes.
Origem e tipos
Apesar de não se compreender exatamente o que está na origem deste comportamento dos melanócitos, sabe-se que as manchas de melasma são causadas pela exposição à radiação ultravioleta. Suspeita-se ainda que tanto a luz visível como a luz azul possam provocar este tipo hiperpigmentação.
Além disso, a presença de estrogénios e, provavelmente, da progesterona, duas hormonas sexuais femininas, induzem o desenvolvimento do melasma. Este fenómeno explicaria o aparecimento da hiperpigmentação na gravidez, quando se usa pílulas anticoncecionais e nas mulheres que fazem um tratamento hormonal de substituição durante a menopausa.
Há dois grandes subtipos de melasma, que acabam por ajudar a definir os tratamentos mais adequados.
“O melasma epidérmico, em que a melanina se encontra depositada nas camadas superficiais da pele e o melasma dérmico ou profundo”, descreve a dermatologista. Os dermatologistas identificam o subtipo através de um exame de pele usando a Lâmpada de Wood, que emite luz ultravioleta de baixo comprimento de onda e que é usada frequentemente para analisar a pele.
Cuidados e tratamento
A prevenção passa por proteger a pele dos raios solares. “O uso de protetores solares de largo espetro é a principal forma de evitar o melasma”, diz Joana Gomes.
Para tratar este tipo hiperpigmentação, a médica recomenda, antes de tudo, a consulta com um dermatologista para que haja um diagnóstico e um tratamento adequado. Mas existe um quadro geral de tratamento.
“É muito importante minimizar a exposição solar em todas as formas, bem como o uso diário de protetores solares adequados. Existem vários agentes despigmentantes no mercado que devem ser escolhidos tendo em conta o tipo de pele. A suspensão das pílulas anticoncecionais ou da terapêutica hormonal de substituição pode ser útil para a resolução do melasma”, explica.
Os cremes usados para tratar o melasma, que retiram a hiperpigmentação, podem ser à base de hidroquinona, tretinoina, ácido azelaico, ácido kojico e ácido tranexâmico. Como os cremes fragilizam a região da pele onde são aplicados, é muito importante o uso de protetor solar ao longo do tratamento, para evitar o retorno da hiperpigmentação.
Quando os cremes não funcionam, é possível recorrer-se ainda ao peeling químico, à microdermoabrasão e à laserterapia.
Peeling
O peeling usa substâncias químicas, como o ácido glicólico, o ácido tricloroacético, entre outros, que destroem de uma forma controlada as camadas mais externas da pele. Depois, há uma regeneração do tecido, que vai substituindo a camada mais externa e velha, onde se encontrava o melasma.
Microdermoabrasão
A microdermoabrasão retira a epiderme e parte da derme (as duas camadas da pele) através de um processo mecânico, abrasivo, que se realiza manualmente ou com aparelhos específicos.
Laserterapia
Por fim, a laserterapia usa o laser para “provocar uma renovação das camadas superficiais da pele”, diz a médica, explicando ainda que esta técnica é mais precisa porque se pode controlar melhor a “intensidade do tratamento”. Por vezes, recorre-se à combinação de técnicas.
No entanto, Joana Gomes sublinha que nem todos os dermatologistas recomendam estes métodos contra o melasma, e avisa que o seu uso deve ser analisado caso a caso. “Antes de realizar estes tratamentos devem ser compreendidos os riscos e as dificuldades inerentes.
“O maior problema é a repigmentação causada pela inflamação do próprio tratamento, bem como as recidivas”, explica a médica.
“O melasma não tem um tratamento permanente, já que a sua causa não está completamente esclarecida. Logo, quem sofre de melasma tem de se habituar a um cuidado permanente. As peles mais claras reagem melhor a estes tratamentos. Quanto mais pigmentada a pele, maior o risco de recidivas e efeitos laterais, pelo que se desaconselham estas técnicas.”
Em suma
As manchas de melasma são manchas na pele que surgem mais frequentemente nas mulheres. O diagnóstico e tratamento, realizado sempre no contexto de uma consulta dermatológica, pode passar por cremes de despigmentação, o peeling químico, a microdermoabrasão e a laserterapia. O uso de protetores solares de largo espectro é essencial para proteger a pele e ajudar a impedir o retorno da hiperpigmentação.