Ortorexia: obsessão pela alimentação saudável
O que é?
“A ortorexia caracteriza-se pela obsessão por uma alimentação que se crê saudável”, explica a Unidade de Nutrição Clínica do Hospital Lusíadas Lisboa. “O termo deriva da palavra grega ‘orthos’, que significa correto, e da palavra ‘orexia’, que significa apetite.”
Como identificar a ortorexia
- Comer corretamente deixa de ser uma opção e passa a ser uma obsessão;
- Dá-se uma rejeição rígida de alimentos julgados não saudáveis, com o objetivo de atingir uma saúde ideal, prevenir doenças ou alcançar a imagem corporal desejada.
A saúde acaba por ser posta em perigo quando se fazem mudanças drásticas e radicais, eliminando, por exemplo, todas as gorduras, pois certas vitaminas deixam de ser absorvidas pelo organismo. “Apesar de a ortorexia não ser ainda considerada uma doença do comportamento alimentar, tal como a anorexia e bulimia nervosas, têm surgido cada vez mais estudos que a aproximam dessas doenças psiquiátricas”, afirma. “Esta preocupação desmesurada com a alimentação, leva a que estes indivíduos dediquem cada vez mais tempo a planear as suas refeições e menos tempo ao lazer, podendo ter um impacto negativo na sua vida social”.
Sinais de alarme
- Isolamento social;
- Demora de horas nos supermercados, dado que se analisam ao detalhe todos os ingredientes de cada rótulo;
- Recusa em participar em reuniões de amigos e família;
- Sensação de angústia quando ingere um alimento que considera menos “bom”.
Da mesma forma que não se engorda de um dia para o outro, também não se emagrece da noite para o dia. A dieta deve ser feita de forma gradual para não gerar sentimentos de frustração e ansiedade, que, em última instância, podem degenerar em comportamentos alimentares compulsivos. “Muitas vezes quem passa por longos períodos de privação, ao ceder acaba por cometer enormes excessos alimentares, recuperando o peso perdido e acumulando mais algum”, alerta. “São as chamadas dietas-iô-iô”. Curiosamente, estudos recentes sugerem uma prevalência deste tipo de comportamento em 6,9% da população em geral e entre 35 a 57% em grupos de alto risco, em que se encontram:
- Desportistas;
- Profissionais de saúde;
- Figuras públicas;
“Os estudos mais atuais sugerem que a ortorexia pode ser tratada em equipa, pois para além do apoio de um nutricionista para desmistificar ideias e orientar em termos alimentares, é fundamental procurar apoio psicológico”, conclui. E, acrescenta: “A saúde não se mede através da balança, mas sim através do estilo de vida”. Comer é também um prazer que deve ser partilhado, como tão bem é defendido pela Dieta Mediterrânea, Património da Humanidade.